O golpismo teleguiado contra a Venezuela!

No último dia 4 de janeiro, o chamado Grupo de Lima (Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Guiana, Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru e Santa Lúcia), com voto contrário do México, aprovou graves medidas intervencionistas contra a Venezuela

No último dia 4 de janeiro, sexta-feira, o chamado Grupo de Lima (Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Guiana, Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru e Santa Lúcia), com voto contrário do México, aprovou graves medidas intervencionistas contra a Venezuela, entre as quais o não reconhecimento da eleição de Maduro, ameaças contra as fronteiras marítimas daquele país e de aprofundamento da guerra econômica, agora inovando com o congelamento de ativos venezuelanos no exterior.

Estimulados pelos recentes golpes de novo tipo, que se apresentam como estratégia do imperialismo na superação da Crise Orgânica do Capital vivida pelos centros hegemônicos do sistema, a direita latino-americana escancara seu caráter servil aos Estados Unidos, pois se antes falávamos de governos títeres teleguiados por Washington no sentido metafórico, dessa vez foi de fato uma ordem proferida por Trump através de uma teleconferência.

Com essa decisão, cai a máscara que ainda poderia esconder as reais intenções do Grupo de Lima, com exceção do México, de tentar isolar a Revolução Bolivariana e intervir nos assuntos internos de um país soberano. Ao reconhecerem as eleições de 2015 (onde a oposição teve maioria) e não respeitarem a eleição de Maduro (realizadas segundo as mesmas regras), os governos que compõem o Grupo revelam seu mais despudorado oportunismo e golpismo. O objetivo é promover em todo o continente a destruição dos direitos mais elementares do povo, aumentando a acumulação de mais-valia pelos monopólios e a entrega das riquezas nacionais ao capital estrangeiro, impondo o projeto neoliberal rejeitado sucessivamente pelas urnas.

No plano do direito internacional, nada justifica essa posição intervencionista que viola a soberania nacional e livre determinação do povo venezuelano. A Revolução Bolivariana tem posto em prática processos democráticos reconhecidos e validados por autoridades e organismos internacionais isentos. Na última eleição, Maduro recebeu 67% dos votos com uma margem de quatro milhões de votos sobre o principal candidato da oposição! O povo na Venezuela tem sido chamado a opinar em referendos, plebiscitos e na Assembleia Nacional Constituinte, instalada em 2017. Esses 24 processos em 19 anos desautorizam qualquer país que pretende impor destinos alheios à vontade do povo, principalmente aqueles que feriram sua própria ordem democrática, inclusive através de golpes.

Nesse sentido, o caso do Brasil chega a ser uma aberração pusilânime, ao assumir uma posição que inclusive viola diretrizes diplomáticas tradicionais do país e a própria Constituição, que em seu artigo 4º reconhece a autodeterminação dos povos e a não intervenção como princípios que regem nossas relações internacionais. Alertamos contra este risco em 2008, quando afirmávamos que o Círculo de Fogo do imperialismo, depois de se voltar para o Leste Europeu e a ex-URSS, se dirigiria para Nossa América, e o alvo seria o Brasil porque nosso país em mãos de um governo títere facilitaria atingir a mais importante reação ao neoliberalismo, que tem sido a Revolução Bolivariana, particularmente a Venezuela. Os impasses no Oriente Médio, a resistência da Rússia e da China levariam o imperialismo estadunidense a se voltar contra o Brasil. Passados oito anos, o governo livremente eleito de Dilma Rousseff foi deposto e o golpe começa a fazer do Brasil uma base de atuação do imperialismo contra os povos do continente, uma arma em seu projeto de recolonização das Américas e usurpação de nossas riquezas.

A resposta a esta inominável intromissão nos assuntos internos do povo venezuelano e insofismável ameaça ao demais países de Nossa América deve ser a solidariedade, a defesa da soberania, da autodeterminação e da paz entre os povos!

Abaixo o imperialismo!

Não à intervenção na Venezuela!

Viva a Revolução Bolivariana!

OC do PCML

Brasil, 09 de janeiro de 2019.


Assinam:

Centro de Educação Popular e Pesquisas Econômicas e Sociais (CEPPES)

Congresso Nacional de Luta Contra o Neoliberalismo

Jornal Inverta

Juventude 5 de Julho

REGGEN (Cátedra e Rede UNESCO/UNU sobre Economia Global e Desenvolvimento Sustentável)

Sinpro Rio