COMUNICADO – MOVIMENTO REVOLUCIONÁRIO TUPAC-AMARU
COMUNICADO – MOVIMENTO REVOLUCIONÁRIO TUPAC-AMARU
Por: MRTA, traduzido ao português por INVERTA
A 11 anos do assalto à residência do embaixador do Japão em Lima… Convertamos cada jornada de luta e criação heróica em um 17 de Dezembro afirmando a Revolução e o Socialismo
Em um dia como hoje, há 11 anos, a noite em Lima era estremecida pela estrondosa arremetida de um comando de forças especiais de nossa organização, a mando de nosso querido e eterno comandante operário, Néstor Cerpa, que tomou por assalto a residência do embaixador Japonês em Lima. Naquela noite se quebrava para sempre o mito de que a ditadura Fujimorista era indestrutível, ao mesmo tempo em que, em escala latino-americana e mundial se acendia outra fogueira de rebeldia, dignidade, coragem e projeção na luta revolucionária.
Filhos e filhas de Tupac Amaru membros do comando “Edgar Sanches” do MRTA demonstraram, então, que a liberdade se conquista combatendo; que não havia trégua a ser dada para a ditadura mais infame já vivida pelo povo peruano. Mostrou-se, também, a situação de lento aniquilamento à qual os presos políticos – em especial os tupacamaristas – vinham sendo submetidos nas prisões fujimoristas. Paralelamente a isso, o mundo pôde atentar também para o falso “êxito” implicado na implementação do neoliberalismo no Peru. Foi um golpe duríssimo para o poder estabelecido e um sinal inequívoco de que a rebelião no Peru não estava aniquilada.
Falava-se da “morte” do MRTA, da “derrota” de nossa organização. E ali estávamos, aparecendo uma vez mais, retornando e sendo força material, respondendo, ordenada e combinadamente, a objetivos político-militares claramente traçados. Demonstrávamos ao mundo a vergonhosa situação vivida pelo povo peruano; mostrava-se o nível asqueroso de impunidade que o ditador tinha estabelecido no Peru. Mostrava-se, ao mesmo tempo, a absoluta superioridade moral que o Tupacamarismo representa como expressão elevada do político revolucionário. Deu-se trato humano àqueles que foram retidos na residência, em oposição à terrível situação que atravessavam nossos camaradas, presos nas prisões-tumba construídas pela ditadura narco-terrorista de Fujimori, Montesinos e Hermosa Ríos. Naquela ocasião foram retidas diversas personalidades comprometidas com violáceos de direitos humanos, como é o notório caso do Almirante Gianpietri, que é hoje peça-chave na aliança de poder apra-fujimorista e porta-voz da política mais reacionária do regime. Também esteve retido o Chefe da polícia contra-insurgente e, por alguns dias, aquele que seria presidente da república, Alejandro Toledo. Nenhum deles pôde sequer insinuar maus-tratos por parte dos revolucionários tupacamaristas. É quase desnecessário lembrar que a própria mãe do ditador Alberto Fujimori esteve em poder de nossa organização e foi libertada cumprindo a diretiva de libertar mulheres, crianças, idosos e todos aqueles que não representassem ou tivessem relação com a política ditatorial do fujimorismo.
A ação político-militar na residência japonesa foi também um marco referencial na projeção da luta contra o regime fujimorista. Ali, onde a esquerda legal se encontrava em debandada e desmoralizada, sem capacidade de condução prática ou moral, aparecia a força revolucionária do MRTA, mostrando que era possível golpear profundamente o regime, que não estávamos derrotados, e que a longa noite neoliberal poderia terminar, mas que, em caso algum, terminaria sozinha.
O dia 17 de dezembro é um dia que reclamamos para a alegria. Não recordamos nossos companheiros hoje; caminhamos sempre junto a eles. Sua vida inteira é combustível de nosso caminhar.
Hoje, o MRTA segue sendo alternativa, e se fortalece no povo. Dizemos a nossos irmãos e irmãs na prisão que não os esquecemos, e que o MRTA não renuncia a sua libertação. Mas, sobretudo, dizemos agora que o MRTA não renuncia a seu objetivo central, que é FAZER A REVOLUÇÃO.
Neste dia, fazemos um chamado às distintas organizações populares, forças políticas locais, regionais e nacionais do campo popular, a continuar a desdobrar-se construindo alternativas práticas ao neoliberalismo, ao mesmo tempo em que fortalecemos, no debate fraterno, a proposta integral nacional, popular e revolucionária.
Converteremos cada jornada de trabalho em um 17 de dezembro: reconstruindo o tecido social, reconstruindo a organização Político-Militar, construindo poder do povo até conseguir ser expressão da territorialização do poder popular, disputando cada bairro, cada fábrica, cada universidade, com o modelo neoliberal. Serão e são pequenos e grandes “assaltos ao céu”.
Reivindicamos e acreditamos firmemente na ação justa desenvolvida por nossos camaradas no contexto da ditadura neoliberal e narco-terrorista encabeçada por Alberto Fujimori, que está hoje sentado respondendo por crimes contra o povo.
Não obstante, observamos que a situação no Peru, com os governos de Toledo e hoje de García Pérez, se vê inclusive agravada nos âmbitos econômico e social, ao criminalizarem constantemente os protestos sociais e condenarem as grandes maiorias a viver dos “respingos” dos enormes lucros embolsados pelas transnacionais mineradoras, que em muitos casos destroem comunidades, sua história e tradições, além de causar danos irreparáveis ao meio-ambiente. Ao mesmo tempo, esse já escuro panorama se escurece ainda mais com a assinatura – sem qualquer discussão e de costas para o povo – do TLC, tratado que deixa vastos setores camponeses e fundamentalmente da serra desamparados, e beneficia apenas a indústria agro-exportadora da costa norte do Peru, seguindo a tradição colonial excludente que afirma um só Peru: branco, da costa.
Frente a esse panorama, apela-se para o show midiático, a clássica cortina de fumaça psico-social fujimorista. Pede-se pena de morte para os revolucionários e a publicação dos nomes das pessoas que foram julgadas por subversão. Será que por acaso o governo aprista e o bloco de poder governante se animam a publicar a relação de personagens julgados por corrupção? Se atreverão a publicar uma lista com os empresários que fizeram negócios magníficos e ilegais durante a ditadura? O fascismo como política de Estado. Persegue-se organizações e pessoas que reivindicam a necessidade de construir blocos de poder regional que possam enfrentar o atual sistema geopolítico mundial em melhores condições, como é o caso daqueles que defendem a Alternativa Bolivariana para a América Latina (ALBA), nomeiam-se comissões de investigação, satanizando tais organizações e pessoas na mídia cúmplice e vendida aos grandes interesses transnacionais. Está bem estar com os Estados Unidos e reivindicar o TLC, mas está mal ser solidário à Venezuela, ao Equador, à Bolívia, a Cuba e à Nicarágua.
Neste 17 de dezembro, nós, os tupacamaristas, continuamos afirmando nosso compromisso com nosso povo, com os trabalhadores e trabalhadoras do Peru, com os comuneros, os indígenas e marginalizados pelo sistema que impulsiona a desigualdade. Neste 11º aniversário da ocupação da residência do embaixador do Japão, dizemos que temos muito mais razões e motivos para estar orgulhosos; por isso, seguimos afirmando a revolução e o socialismo. O afirmamos desde o direito de nosso povo a construir e viver em uma sociedade de justiça social, do “pão e da beleza”.
Não há espaço para os pessimistas em nossas filas. Não há espaço para quem carece de sonhos. A revolução e o socialismo surgirão no Peru de uma vontade afirmativa, vital. Surgirão da ação, não da contemplação e da melancolia. Estamos reconstruindo uma esperança e avançamos resolutos para a vitória.
Há espaço para a esperança.
VIVA O 17 de DEZEMBRO TUPACAMARISTA!
VIVA O COMANDO EDGAR SANCHEZ!
VIVA A REVOLUÇÃO E O SOCIALISMO!
COMANDANTE NESTOR CERPA CARTOLINI…
VIVE, VOLTA E VENCERÁ!
COM AS MASSAS E AS ARMAS… PÁTRIA OU MORTE, VENCEREMOS!
MRTA
Direção Estratégica
Dezembro - 2007