Nota do PCML sobre Operação Emanuel : LIBERDADE JÁ!

Na virada de ano que passou, a ex-assessora de candidatura presidencial Clara Rojas, Emmanuel, filho de Clara e de um guerrilheiro, e a ex-congressista Consuelo González deveriam ter festejado com seus familiares, não fosse a atitude guerreirista de Álvaro Uribe Vélez.

 

LIBERDADE JÁ!



Na virada de ano que passou, a ex-assessora de candidatura presidencial Clara Rojas, Emmanuel, filho de Clara e de um guerrilheiro, e a ex-congressista Consuelo González deveriam ter festejado com seus familiares, não fosse a atitude guerreirista de Álvaro Uribe Vélez.

Há apenas alguns anos, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (FARC-EP) libertaram unilateralmente 350 prisioneiros. Seus esforços por uma solução política para o conflito são evidentes na participação da União Patriótica, que sofreu milhares de assassinatos e prisões em suas filas. Hoje, há cerca de 500 guerrilheiros e guerrilheiras presos nos cárceres do país, além de 2 guerrilheiros ilegalmente extraditados para os EUA, apesar de serem colombianos - Simón Trinidad e Sonia - ferindo a soberania da Colômbia e a independência pela qual lutou Bolívar. O Acordo Humanitário de Troca de Prisioneiros deveria compreender a libertação dos guerrilheiros presos e dos 45 prisioneiros de guerra capturados pelas FARC, dentre eles os 2 únicos prisioneiros de guerra estadunidenses vivos no mundo e a ex-candidata à presidência Ingrid Betancourt.

O anúncio da entrega unilateral de Clara, Emmanuel e Consuelo para o governo venezuelano pelas FARC-EP foi feito em desagravo ao presidente venezuelano Hugo Chávez Frías por seus esforços, juntamente à senadora colombiana Piedad Cordoba, na intermediação e luta pelo Acordo Humanitário interrompida abruptamente por Uribe sob o falso pretexto de que Chávez teria ferido os termos acordados ao contatar diretamente comandantes do exército colombiano – parece que Uribe e as oligarquias burguesas colombianas preferem atacar os acampamentos guerrilheiros provocando a morte de todos os prisioneiros, como aconteceu em julho de 2007 com 11 deputados colombianos, que avançar nas negociações pelo acordo de paz...

O fato é que essas mesmas oligarquias têm medo da organização do povo, e não querem se dispor a negociar, com a guerrilha - exército do povo - pois a existência e as vitórias das FARC-EP significam a impossibilidade de assegurar seu domínio e de implantar completamente os planos do imperialistas e neoliberais para a Colômbia. Sequer os planos Colômbia e Patriota, com a milionária intervenção direta dos EUA junto ao governo colombiano em defesa de seus interesses imperialistas e a guerra suja de ataque aos camponeses na tentativa de destruir a guerrilha “tirando a água do peixe”, ou seja, exterminando a população colombiana, puderam derrotar a guerrilha. Ao perceber a repercussão política que estavam tomando as negociações pelo acordo humanitário, Uribe escolheu, portanto, desconsiderar o direito de todos os prisioneiros de guerra à liberdade, interrompendo-as, insistindo em caracterizar a insurgência popular como terrorista e fugindo do próprio Convênio de Genebra, do qual é signatário.

Mas o tiro saiu pela culatra, e desmascarou sua falta de vontade de perseguir uma saída política para o conflito na Colômbia e avançar nos acordos de paz. A exigência por parte das FARC-EP de que Clara, Emmanuel e Consuelo sejam entregues apenas a Chávez ou a quem ele indique, em uma área desmilitarizada dentro do território colombiano para que se realize a operação, por um lado ratifica indiscutivelmente o presidente venezuelano como líder político habilitado a intermediar as negociações, projetando-o regional e mundialmente, e, por outro, marca claramente o caráter da guerrilha como força política beligerante em armas e seu propósito de paz, reconhecido pelos governos da França, Suíça, Brasil, Argentina, Cuba, Equador e Bolívia, que enviaram especialmente observadores para a Operação, dentre os quais nomes de peso inegável como o ex-presidente da Argentina, Néstor Kirchner.

Através da Operação Emmanuel, batizada por Chávez, helicópteros venezuelanos foram enviados com a autorização do governo colombiano a Villavicencio, na Colômbia, onde seria informado aos enviados venezuelanos o local exato onde se daria a entrega, nas selvas colombianas. Apesar de ter formalmente aceito a operação, através de seu “comissário para a paz”, Luis Carlos Restrepo, as tentativas de Uribe de barrar a Operação Emmanuel são mais do que claras:

Em primeiro lugar, inviabilizando sua concretização, ao não fornecer as condições de segurança necessárias para que a guerrilha concretize o gesto humanitário a que se propôs unilateralmente, negando-se a desmilitarizar a área necessária. Claro está que a desmilitarização de um território, por menor que fosse, significaria justamente o reconhecimento por parte do governo colombiano do caráter de força política beligerante das FARC-EP, pressionando pela aplicação do Convênio de Genebra.

Além disso, Uribe tenta agora um golpe ainda mais mesquinho e rasteiro: afirmar que Emmanuel, na verdade, já estaria vivendo fora das selvas colombianas há algum tempo, e que as FARC-EP estariam mentindo sobre o menino que seria entregue na operação. Nós perguntamos: Uribe não considera que Clara Rojas seria capaz de reconhecer seu próprio filho, ainda que não tivesse passado a totalidade dos últimos 3 anos junto a ele? E acreditaríamos nós, Sr. Uribe, na idoneidade dos testes de DNA que o senhor pretende realizar no menino que alega ser Emmanuel, enviados para os EUA, depois de toda a perícia e profissionalismo que os laboratórios do Sr. Bush demonstraram na busca de armas de destruição em massa no Iraque?

Que fique claro: Caso não se concretize a Operação Emmanuel, Uribe e as oligarquias colombianas serão os únicos culpados.

Enquanto tenta de todas as maneiras impedir a operação e a troca de prisioneiros, acusando as FARC de serem narcoterroristas, Uribe tenta esconder a relação umbilical de sua família com o narcotráfico e os recentes escândalos da “para-política”. Fumiga Colômbia e Equador com glifosato, exterminando as plantações de comida com uma substância cancerígena. Enquanto exige “paz e democracia” para a Colômbia, segue aplicando a “doutrina de seguridade democrática”, o Plano Colômbia, o Plano Patriota e o Plano Vitória, atacando a população colombiana. As causas que levaram ao surgimento da insurgência popular permanecem e se agudizam, e as políticas de extermínio oficial e para-militar se ampliam desesperadamente na medida em que as conquistas avançam.

Temos certeza de que os colombianos saberão construir a paz livre daqueles que os oprimem e confiamos em que os acordos de paz podem avançar nesse sentido. Parabéns às FARC-EP pelo gesto político e humanitário implicado na libertação de Clara, Emmanuel e Consuelo. A troca de prisioneiros de guerra é um direito indiscutível! Que todos possam voltar às suas casas! Liberdade, Liberdade, LIBERDADE JÁ! Que Uribe assuma a responsabilidade humanitária inerente ao acordo ou renuncie a seu mandato, marcado pela corrupção, pelo paramilitarismo e pelas ligações com o narcotráfico.



03 de janeiro de 2007,

Helena Campos

Membra da Sec. de Relações Internacionais do PCML (Brasil)

por: CCB-Brasil