Declaração Coordenadora Continental Bolivariana Capítulo Perú
CAPITULO
PERU
SEGUNDA DECLARAÇÃO
Ao povo peruano, nosso povo;
À opinião pública nacional e internacional;
Aos meios de comunicação independentes;
Aos defensores conseqüentes dos direitos humanos;
À gente digna;
“Porque no Peru, deve-se proteger os
justos da justiça”
(Manuel Scorza)
Cumpriram-se 17 dias desde que o Estado peruano, através de seus órgãos repressivos
e de propaganda, nos arrebatou momentaneamente 7 de nossos irmãos e irmãs.
Diante disso, manifestamos o seguinte:
1) O governo aprista vem revelando seu
caráter fascista diante da campanha desatada contra a Coordenadora Continental
Bolivariana - Capítulo Peru. O poder, no seu conjunto, se mostra sem fissuras quando
se trata de respaldar o abuso contra os 7 presos de nossa organização. Apristas,
fujimoristas, empresários, os maiores meios de comunicação: Todos contra os
portadores de sonhos.
2) Fazem comissões de inquérito, leis
contra “contrabandos ideológicos”, solidariedade àqueles que bombardeiam outros
países, àqueles que poluem e destroem nossas selvas, recepções milionárias para
os ricos do mundo. Mas têm fúria contra aqueles que protestam contra o abandono
do campo, fúria e desprezo aos professores públicos. Cárcere para os que apregoam
uma América Latina livre e unida.
3) Todos os peruanos dignos estão representados
nas vidas de nossos 7 irmãos hoje presos. Sua dignidade e resistência são
nossas. Um governo inapto pretende utilizar 7 cidadãos para desviar a atenção
de sua incapacidade de solucionar os problemas nacionais e para, ao mesmo
tempo, empregar uma nova concepção de ordem. Onde o aprismo quer mostrar força,
nós vemos fraqueza. Fraqueza que nasce pretender-se seguir enganando a um povo com
a cartilha fujimontesinista dos psico-sociais.
4) Sucede, porém, que a política é um
fenômeno dinâmico e que o Peru de nossos dias já não é o Peru dos anos 90. O movimento
popular vem se reconstituindo de diversas formas; a CCB é expressão dessa recomposição.
A Rebeldia do sul dos Andes é expressão de exemplo disso. A necessidade da polícia
de recorrer ao vil assassinato de camponeses é uma evidência trágica deste
salto qualitativo dentro do campo popular.
5) Intelectuais honestos, poetas de
versos afilados; artistas diversos, organizações de toda índole e bispos mostram
sua indignação frente ao fascismo aprista e pedem a libertação dos 7 da CCB. A
solidariedade desperta, e o regime veste-se de soberba. À sua soberba responderemos com mais organização.
6) Alan García se vê na necessidade
de pressionar os juízes para que aprisionem nossos irmãos da CCB, mas fica mudo
diante do julgamento do bando fujimontesinista.. Os promotores comportam-se como
agentes da DIRCOTE [polícia especial anti-terrorismo peruana]. A imprensa faz
as vezes de agência de imagem do ministério de execuções interiores. Estamos contra esse sistema? Claro que sim.
Estamos contra um congresso que impede o julgamento de Tula
Benites, acusada de contratar servidores-fantasmas no congresso? Sim. Nos
condenarão por isso? Façam-no.
7) A CCB-PERU não depende do governo
venezuelano. Depende, e, também, se alimenta, da ânsia de libertação de nossos
povos. Para nós, a pátria é a América.
8) Portanto, responsabilizamos por nossas
atividades políticas a nossa incapacidade de ser impassíveis diante da fome do
Peru. Somos responsáveis por não querer continuar sendo considerados como o “quintal
dos fundos” dos Estados Unidos do Mal. Somos responsáveis por não querer ser neutros.
9) E se querem encontrar
“lideres” em nossas atividades, damos-lhes os nomes e solicitamos que se acuse
formalmente a: “Herniquillo”, líder indígena de Quisqueya (hoje República Dominicana);
“Hatuey”, indígena combatente pela liberdade do que hoje é Cuba; General
“Rumiñahui”, guerreiro inca que enfrentou o jugo espanhol. “Lautaro” e
“Cahupolican”, guerreiros mapuches. Bartolina Sisa, mulher de todos os tempos,
engendradora de mundos novos. Se querem saber quem alimenta nosso afã libertário,
julguem então José de San Martín, José Gabriel Condorcanqui Noguera “Tupac
Amaru”, General Eloy Alfaro, Mariscal Antonio José de Sucre, Micaela Bastidas,
Artigas no Uruguai, Carlos Prestes no Brasil, Simón Bolívar, Tupac Katari na
Bolívia. Busquem também o General Omar Torrijos do Panamá, o presidente Jacobo
Arbenz na Guatemala. Busquem e persigam (e peça a prisão, senhor promotor) o
General de homens livres Cesar Augusto Sandino da Nicarágua; Francisco Villa e
Emiliano Zapata no México; Petion no Haiti. Finalmente, senhor García, exija a
seus promotores que juntem a acusação de Manuel Gonzáles Prada, dos fusilados em Chan Chan em 32, dos
marinheiros apristas de 48 e de nosso “lider” José Carlos Mariátegui. Foi ele quem
nos ensinou que a política é durar, é persistir; foi ele quem nos ensinou que se
deveria chegar à realidade pelos caminhos da fantasia. Eis os líderes que sua
polícia deve buscar, senhor García.
10) Fazemos um chamado ao mundo inteiro,
para que sigam solidarizando-se com os companheiros da CCB encarcerados. Quem
esteja pela democracia genuína deve solidarizar-se com os 7 presos políticos da
CCB. Quem neste país se considere progressista, de esquerda e digno não pode permanecer
impávido diante desses fatos. Nesse sentido, propomos a abertura de Comitês de
Solidariedade com os 7 lutadores e lutadoras peruanos (as) presos por acreditar
em uma América
unida, justa e democrática.
11) Aqui estamos e reiteramos nossa oposição
a todas as formas de terrorismo. Nossa oposição ao totalitarismo, venha de onde
venha. Nossa aposta é pela vida. Mas
uma vida plena, não a vida do medo, que a direita pretende impor com a locomotiva
aprista.
O MUNDO EXIGE! LIBERDADE AOS PRESOS DA
CCB-PERU!
O BOLIVARIANISMO NÃO É TERRORISMO!
TODOS SOMOS CCB!
Contra o fascismo, com o poder popular, com Bolívar… Ao ataque!
COORDENADORA CONTINENTAL BOLIVARIANA
CAPÍTULO-PERU