Entrevista com a Chefe do Gabinete do Vice-Ministro das Relações Exteriores da Venezuela

Entrevista com a Chefe do Gabinete do Vice-Ministro das Relações Exteriores da Venezuela (Ministério do Poder Popular para as Relações Exteriores- MPPRE), a cientista política Mestra Betzabeth Alejandra Aldana Vivas.

1-Exma. Ms. Betzabeth, qual é a importância do XVIII Seminário de Lutas contra o Neoliberalismo e a discussão em torno da geopolítica internacional, com destaque, a importância da unidade do Brasil com os outros países latino-americanos e com o Sul Global para que consigam uma posição soberana no mundo em um contexto de Crise Orgânica do Capital.

O Seminário é extremamente importante nos tempos atuais, primeiro porque permite que nós acadêmicos, autoridades e lideranças das comunidades nos encontremos em espaços onde vamos intercambiar ideias e transmitir conhecimentos, experiências em cada um dos nossos países, a fim de buscar soluções ou construir agendas que permitam a integração real e soberana do nosso continente, discutir a geopolítica internacional para que as nossas nações da América Latina possam fortalecer a soberania, o que é extremamente necessário porque estamos enfrentando ataques e ameaças intermináveis por parte dos Estados Unidos que colocam em risco a soberania das nações da América Latina. Este evento, esta colaboração, procura fortalecer a soberania dos nossos países num contexto onde existe precisamente a Crise Orgânica do Capital, onde o neoliberalismo e a globalização ameaçam a justiça social e a autonomia regional e este tipo de encontro permite-nos contra-atacar estas influências externas e promover o nosso próprio desenvolvimento para que seja mais equitativo e pode ser essencial para podermos enfrentar as ameaças e ataques dos Estados Unidos na nossa região e precisamente para que o nosso continente possa desenvolver-se com base na autodeterminação dos nossos povos. Portanto este seminário torna-se cada vez mais necessário para o nosso continente. Espero que depois deste encontro possamos concatenar ideias, adicioná-las, integrá-las e avançar numa agenda bastante específica que possa contribuir desde as bases e com solidariedade para a união dos nossos países, a proteção, resguardo e manutenção da nossa soberania.

2- Na grande mídia brasileira, o apoio a ultra-direita venezuelana vem sempre acompanhado de discursos de defesa da democracia e até da família e seria interessante que você apresentasse uma síntese sobre como se deu o processo nas últimas eleições presidenciais e que você explicasse aos leitores e leitoras do Jornal Inverta quem são essas figuras de oposição que dirigem o combate a Nicolás Maduro.

Em princípio, deve-se contextualizar que a Revolução Bolivariana desde o seu início confrontou os grandes meios de comunicação ocidentais, as grandes agências de comunicação ocidentais que desenvolveram impiedosamente agendas de descrédito, da mentira, da desinformação e até do ódio contra o processo venezuelano, a fim de desestabilizar o país, para nutrir os interesses dos Estados Unidos. Finalmente, com base neste contexto, é claro, o povo venezuelano juntamente com o seu governo sempre os confrontou e procurou uma forma de elevar a verdade da Venezuela em diferentes espaços, tanto a nível internacional como a nível nacional no nosso território, tudo isto está relacionado, claro, ao cenário em que nos encontramos agora de ameaças e interferências nos resultados eleitorais de 28 de julho que deram como vencedor o Presidente Nicolás Maduro. Quando o Presidente Nicolás Maduro foi proclamado vencedor das eleições neste recente processo eleitoral, uma fração extremista da oposição fez apelos à violência precisamente para procurar desestabilizar o país e que tiveram resultados infelizes que foram assassinatos de líderes chavistas nas comunidades, danos às infra-estruturas, monumentos de figuras simbólicas do nosso país… e enfim, se percebeu como evidente que se tratava do desenvolvimento de um plano para desestabilizar o país. Então, o povo mobilizado junto com o Estado venezuelano conseguiu conter esses ataques porque também tínhamos muita consciência, politicamente falando, que tínhamos que estar mobilizados na campanha eleitoral constantemente para garantir a vitória e depois de alcançar a vitória para manter, proteger e defender o triunfo.

Também é importante destacar justamente o cenário pré-eleitoral nesta linha do tempo do processo eleitoral. A campanha política em geral foi realizada num quadro de paz, foi uma campanha onde os grupos de ambos os lados se mobilizaram, uns em grande medida, outros nem tanto, mas foi feita de forma pacífica. Mas houve sinais da oposição que nos fizeram ver que iam alegar fraude, que a via não era a eleitoral da sua parte, e que nos permitiram estar atentos ao dia das eleições e ao cenário pós-eleitoral. Quais foram esses sinais? Primeiro, Edmundo González Urrutia não assinou o acordo de reconhecimento dos resultados, que foi um acordo formulado pela CNE – o Conselho Nacional Eleitoral. Em segundo lugar, a campanha midiática uma semana antes das eleições atraiu muita atenção porque foi uma campanha com mensagens totalmente triunfalistas acompanhadas por uma sobrestimação ou manipulação das pesquisas onde Edmundo González Urrutia foi dado como vencedor. Terceiro, no final, ficou explícito que esse era apenas a fachada, a máscara, de uma candidata extremista violenta que convocou sanções, que convocou uma invasão do país que é a desqualificada María Corina Machado. Então, esses foram os três grandes sinais que nos fizeram ver que iriam alegar fraude, que iriam fazer apelos à violência e as pessoas estavam preparadas para isso porque estavam enfrentando o setor mais extremista e violento que toda a oposição tem na Venezuela. Esta oposição venezuelana não é nova, não são temas políticos diferentes, novos. É a mesma oposição que tem sempre a mesma posição, que sempre procurou desestabilizar o país, que sempre procurou promover os interesses dos Estados Unidos no nosso país, é essa mesma oposição que considera a Venezuela não um país, mas um território que deveria ser administrado pelos Estados Unidos e por eles, como gestores desses recursos, para continuarem a roubá-los e a usá-los em benefício próprio. Essa é a oposição que enfrentamos há mais de 25 anos, porque é a mesma oposição que existia antes da chegada do Comandante Chávez, em que a Venezuela enfrentava dificuldades econômicas e sociais que eram bastante lamentáveis. Então essa é a oposição que enfrentamos neste momento. Claro, é um pouco mais perigosa e por isso mais alarmante porque é uma oposição que está promovendo uma agenda de violência e eliminação do adversário que pertence em grande parte à corrente fascista. Não a corrente fascista como era conhecida na época de Mussolini, que era o fascismo de Estado, não, não, mas promovem uma agenda de fascismo social para a eliminação do adversário e de qualquer expressão política que tenha relação com o chavismo, com a Revolução Bolivariana. Portanto, o perigo desta mutação ou desta nova agenda da oposição é o ressurgimento da corrente fascista dentro dela, e é isso que também enfrentamos hoje. Mas repito que não é uma nova oposição, estão simplesmente reajustando o método, reajustando a agenda para continuar com um plano que tem muito tempo de desestabilizar o país e tentar colocá-lo numa bandeja de prata para os Estados Unidos. Então tem sido esse o processo, da mesma forma, o alerta é permanente porque em janeiro é a posse do presidente e as ameaças deste setor têm sido constantes, então, da mesma forma o povo estará mobilizado para continuar defendendo o triunfo do presidente Nicolás Maduro que foi contundente em meio aos ataques permanentes dos Estados Unidos, tanto com sanções, como com outros ataques de outros ramos dessa agenda de golpe de Estado que estão desenvolvendo há muito tempo.

3-Em sua fala no Seminário você analisou como as sanções dificultaram a implementação de políticas públicas ao povo venezuelano e o processo de diversificação econômica impulsionado por Chávez, que garantiu novos recursos para alimentar, vestir, educar e formar o povo. O que são essas sanções e quais impactos tiveram nas condições de vida conquistadas pelo povo venezuelano.

Para começar, é necessário lembrar que, pelo menos nos últimos 70 anos, na arena internacional, as restrições econômicas ou comerciais têm sido aplicadas como instrumento de dissuasão, ou coerção, por um determinado país sobre outro para alcançar objetivos políticos. O cenário torna-se mais complicado quando esse país começa um compasso de agressões indiscriminadas em total violação ao direito internacional. Em suma, as sanções econômicas e financeiras equivalem ao cerco moderno, certo? Os Estados Unidos, é claro, durante anos e mesmo antes da Primeira Guerra Mundial, com a Liga das Nações, promoveram o boicote econômico como uma política externa intervencionista da sua parte. Até chegaram a afirmar sobre o mecanismo de boicote econômico ser um instrumento de guerra infinitamente mais terrível - como disse Woodrow Wilson, um dos presidentes estadunidenses em 1919 - concluindo que o boicote é o que substitui a guerra. Portanto, neste grande contexto, as sanções tornaram-se realmente sofisticadas. Desde então, têm feito parte da política externa de um sistema de agressão dos EUA contra um país. Quando você analisa a lista de países sancionados, primeiro uma das grandes características é que são países que não concordaram com os interesses dos Estados Unidos, que procuraram desenvolver-se de forma soberana ao longo deste tempo com dignidade, que protegeram sua soberania. Outra das características que também chama a atenção desses países sancionados é que a maioria deles são países que possuem recursos energéticos. Então, quando você analisa os motivos, é porque, bem, esses países têm procurado conseguir desenvolver soberanamente seus recursos estratégicos, algo que aos Estados Unidos não lhes convém. Então, em princípio, esse é o contexto amplo do regime de sanções dos Estados Unidos aplicado ao país com objetivos de que eles determinem de acordo com os seus interesses e conveniências.

A pedra angular da economia venezuelana desde o início do século XX é o setor petroleiro. Especificamente, entre 2000 e 2014, o rendimento real proveniente do petróleo aumentou cerca de 95%, o que significa que a economia venezuelana depende da produção e exportação de petróleo. As receitas provenientes das exportações de petróleo ajudaram a tornar as políticas públicas e os projetos de infra-estruturas o pilar fundamental do plano de governo do Presidente Hugo Chávez, que se centrava em aproveitar os benefícios substanciais da economia petrolífera da Venezuela para expandir a distribuição de rendimentos e, assim, beneficiar diretamente a população. Foi uma redistribuição da riqueza porque anteriormente a Venezuela também recebia mais de 90% dos seus rendimentos do petróleo, mas noutros governos essas riquezas não beneficiavam diretamente o povo. O Comandante Chávez, com a sua política, redistribuiu as receitas do petróleo em benefício do povo. Vendo este panorama, os Estados Unidos, que obviamente sabem e estudam que a economia venezuelana depende deste recurso e que deveria ser esse recurso que deveria ser sancionado, que a indústria petroleira venezuelana tinha que ser sancionada para evitar que o Estado obtivesse essas grandes rendas, para poder quebrar as conquistas, as políticas públicas sociais que foram diretamente em benefício do povo. Esse foi o plano, que não foi fortuito, foi bastante planejado. Na verdade, ao rever depoimentos, bibliografias e entrevistas, percebi nessas revisões que este plano estava a ser desenvolvido desde 2002, 2004, 2005 há muitos anos, apenas estavam à espera das condições necessárias para poder impor esse plano de agressão econômica. Então, assim que tiveram condições para poder impor o plano, começam por promulgar uma lei de natureza extraterritorial e ilegal, estranha ao direito internacional, que é a lei de 2014 que cria o quadro regulamentar para a imposição de sanções à Venezuela. Depois dessa lei, os presidentes dos Estados Unidos, tanto Obama, como Trump, promulgaram ordens executivas, que são decretos presidenciais que estabelecem que em determinados setores o Departamento do Tesouro pode sancionar tudo o que quiser dentro desse setor. De 2014 até agora, os Estados Unidos promulgaram sete ordens executivas contra a Venezuela. Dessas sete ordens executivas, seis são dirigidas à PDVSA, que é a empresa petroleira nacional da Venezuela. Então, aí você percebe que todo o ataque estava indo direto para a fonte de renda da Venezuela, que era a PDVSA. Então é claro que isso afogou, enforcou, a principal fonte de renda e afetou toda a cadeia de valor da empresa, afetou os planos de exploração, afetou a própria produção, o refino e, claro, o comércio, porque os Estados Unidos dominam todo o sistema financeiro global já que a moeda dólar é a que domina as transações monetárias e eles também têm controle no sistema de transferência e mensagens financeiras que é o SWIFT. Assim, têm controle e vigilância sobre o que dá sentido ao sistema financeiro global. Ao terem controle sobre isso, sobre esses elementos, criam aquela política de restrição, de afogamento das economias que consideram ser o seu objetivo neste caso. A Venezuela vem então passando muitas dificuldades na hora de produzir petróleo ou de exportar petróleo porque não se pode privar nenhum petroleira global de poder comercializar petróleo porque faz parte da medula do seu funcionamento. Então, com base nisso, é claro, a economia venezuelana recebeu alguns golpes fortes deste regime sancionador e ilegal, e que afetou muitas políticas sociais por um certo tempo, mas, foram políticas sociais que, embora afetadas, não pararam de se desenvolver com todos os esforços do planeta (risos). Isso foi conseguido com a organização do povo, com políticas sérias criadas pelo executivo, pelo governo venezuelano, o que tornou possível continuar com projetos sociais de proteção à população. Assim, há 3 anos assistimos à recuperação econômica do nosso país com os nossos próprios esforços, com a ajuda dos nossos aliados internacionais e, aos poucos, vamos decifrando as diferentes formas pelas quais podemos legítima e soberanamente evitar um regime sancionador ilegal como o que os Estados Unidos impuseram. Assim, conseguimos organizar-nos e promover políticas próprias do nosso país para podermos enfrentar estes ataques de agressão econômica que os Estados Unidos têm tentado impor.

4-Sabemos que apesar de todos os desafios, muitas dessas conquistas foram mantidas. Sobre a importância do presidente Nicolás Maduro que segue o trabalho de uma figura histórica que ganhou o coração do povo e conduziu processo revolucionário como foi Chavéz. Como esse homem que respondeu a este chamado histórico tem conseguido enfrentar os desafios que se colocam.

O presidente Nicolás Maduro, além das políticas que conseguiu desenvolver em meio a tantas agressões, tem uma virtude, um valor humano incalculável, que é a lealdade inquebrantável ao comandante Chávez, a lealdade à Venezuela, a lealdade ao povo venezuelano. Acho que isso é fundamental, é o pilar fundamental que o presidente Nicolás Maduro tem para poder continuar com o projeto venezuelano, proteger o projeto bolivariano, promover a Revolução e, claro, continuar protegendo o povo venezuelano para que a Venezuela continue a ser um país e não um protetorado administrado pelos Estados Unidos. Acredito que este é o pilar fundamental que fez do presidente um sujeito político com muita força, muita coragem, por enfrentar as agressões que vivemos nesses últimos dez anos e anteriormente também, mas estes últimos 10 anos foram sem dúvida bastante complexos devido ao regime de sanções. Com base neste grande pilar, o presidente conseguiu desenvolver e promover políticas que continuam a beneficiar o povo venezuelano e continuam a proteger o Estado venezuelano de todas estas agressões dos Estados Unidos. Para mim, ele é uma das pessoas mais estratégicas e inteligentes que pude ver, que pude estudar na minha vida. Ou seja, para mim, o presidente é um fenômeno político pela forma como administra a paciência, que estuda o cenário, em que estuda as estratégias. Nem todo sujeito político tem essa estratégia habitual, esse sentido político para poder lidar, mediar e gerir cenários de agressão e isso faz parte totalmente desse grande sistema de virtudes que possui o sujeito político que é Nicolás Maduro. Para o povo venezuelano, é motivo de total admiração ter um líder como ele para continuar lutando contra as agressões de um império que não descansa e claro que nos dá tranquilidade e força constante para procurar estar ao seu nível e acompanhá-lo em todo este caminho que percorremos e que todos decidimos percorrer com ele para continuar consolidando a Revolução Bolivariana e, claro, protegendo a soberania do nosso país.

5-A Revolução Bolivariana e o povo organizado da Venezuela conseguiu impedir por várias vezes o avanço da extrema direita. Gostaríamos que você falasse da importância da auto-organização do povo para a defesa do legado de Chávez e para a eleição de Maduro, como fruto daquele empenho inicial de formação do povo, inclusive, de jovens como você.

A principal força que tem a revolução bolivariana é que todos participamos ou fazemos parte da construção de um grande projeto. Este projeto revolucionário não é gerido ou executado por uma elite política, uma classe política, mas é construído pelo seu próprio povo ao lado do seu governo. Todos nós participamos dessa construção. Como jovem considero muito importante fazer parte da construção da história do meu país, fazer parte disso, e tenho muita certeza que esta é a nossa grande força e que nos permitiu fazê-lo de forma organizada, de acordo com as orientações que o governo nos deu. Essa é a capacidade que o governo nos deu: poder participar! O povo venezuelano, os jovens venezuelanos, temos participado para poder trocar ideias, poder construir, formular políticas que nos beneficiem porque quem mais vai conhecer nossas realidades se não formos nós mesmos como povo, então, o fato de que a revolução nos incluiu em sua própria participação política é o pilar fundamental da Revolução Bolivariana, e foi isso que nos permitiu organizar, que foi o que nos permitiu enfrentar estrategicamente a agenda de desestabilização da oposição extremista fascista na Venezuela e bem, graças a essa organização, graças a essa unidade entre as fileiras da esquerda, das fileiras chavistas, conseguimos nos unir para enfrentar todas essas ameaças. E bem, como lhes disse no início, é fundamental e tem sido crucial no avanço da Revolução que o próprio povo venezuelano se sinta parte da construção de um projeto político. Não nos é estranho, não é algo desconhecido e faz parte do nosso âmago, faz parte da nossa energia, do nosso espírito e faz parte do nosso cotidiano, por isso, penso que tem sido fundamental e crucial manter e continuar a garantir a construção da revolução bolivariana.

6-Sobre as relações históricas do Brasil e Venezuela como povos com tantas ligações fundamentais e tão próximos geograficamente, quais aspectos que você destaca da importância da unidade entre os dois países.

As relações históricas entre Brasil e Venezuela são fundamentais, em princípio, porque somos países vizinhos, temos ligações culturais e geográficas, porque partilhamos uma extensa fronteira, temos laços culturais que, claro, facilitam a cooperação em diferentes áreas. Acredito que somos pilares para podermos promover a integração regional, porque se conseguirmos contrariar a influência de potências externas, ameaças externas como os Estados Unidos, poderemos promover um desenvolvimento igualitário e mais equitativo para a região. Também partilhamos interesses econômicos pela mesma proximidade geográfica, também pela evolução em matéria energética que através da troca de conhecimentos técnicos podemos desenvolver-nos mutuamente a partir desse espectro e assim continuar a promover o crescimento regional. E acima de tudo, existe uma base social importante onde esta unidade entre Brasil e Venezuela deve ser fortalecida a partir da solidariedade, do povo para poder enfrentar as políticas neoliberais que podem ameaçar a nossa soberania. Acho que está se tornando cada vez mais importante que Brasil e Venezuela continuem fortalecendo os laços diante das ameaças estadunidenses e superem qualquer espaço de polêmica porque acima de qualquer, digamos, mal-entendido ou desinformação, temos um porque de superar, que é a integração de nossa região e, portanto, à proteção da soberania de ambos os países. Mas é muito importante porque geograficamente falando, estrategicamente falando, os vínculos entre a Venezuela e o Brasil são cruciais para a unidade latino-americana e é por isso que temos que superar obstáculos e saber que existe um bem maior, pelo qual devemos trabalhar e pelo qual devemos continuar a fortalecê-lo. Mesmo que seja uma política venezuelana em matéria de direitos, é a nossa política externa integrar o continente e bem, quando você analisa tudo o que a Venezuela fez durante os últimos 25 anos no continente você percebe que sempre defendemos mecanismos de integração, ou mecanismos de unidade, mecanismos de solidariedade e apoio à proteção soberana do nosso continente e que tem sido uma política permanente na Venezuela e, claro, respeitando a autodeterminação dos povos, respeitando a soberania das nações e promovendo sempre a unidade e o apoio aos países latino-americanos diante de tantas ameaças. Essa tem sido a nossa política e o Brasil é extremamente importante para nós por tudo o que falei anteriormente e geoestrategicamente falando. É um Estado crucial para o desenvolvimento da Venezuela e uma garantia de paz para o continente.

7- Frente a forma como os meios de comunicação mundiais abordam as questões da Venezuela, assim como o próprio Brasil e de outros governos progressistas, como você enxerga o papel da mídia independente comprometida em informar o povo através da ciência e da verdade.

Os meios de comunicação independentes desempenham cada vez mais um papel crucial na elevação da verdade dos povos porque bem, como mencionei desde o início, havia uma agenda de manipulação de informação, promoção do ódio, de desinformação, de mentiras, onde os meios de comunicação independentes que não são controlados pelas potências ocidentais podem e elevam a verdade do povo porque informam com rigor, com responsabilidade, podem oferecer aquela perspectiva alternativa que desafiará precisamente o discurso dominante do Ocidente e, por isso, é crucial a promoção e o apoio destes meios de comunicação que com tanta coragem enfrentam esta agenda de promover mentiras. Não é necessário dizer que o jornalismo ou os meios de comunicação colaborativos independentes fortalecem a capacidade de relatar essas realidades, essas realidades complexas onde a mentira tenta prevalecer. Ao elevar a verdade, podemos nutrir a transformação social que é necessária nos nossos países e continuar construindo projetos soberanos para o desenvolvimento de nossas nações. Esses meios são essenciais para capacitar as pessoas e promover a verdade. Bem quando falamos de ciência, falamos de usar precisamente um método rigoroso, um método com argumentos de dados que apoiam a informação que está a ser publicada. Então é claro que é uma ferramenta fundamental para transmitir a verdade no mundo porque está precisamente alinhado com uma política de informação responsável porque estamos falando que os grandes meios de comunicação ocidentais têm uma linha política de irresponsabilidade porque transmitem mentiras, sem a necessidade de usar métodos científicos, sem a necessidade de respaldar com dados o que estão reportando. Isso seria como a antítese dessa agenda de irresponsabilidade, os meios alternativos são isso: todo o contrário do que estão fazendo. Isso exige rigor, apoio, desenvolvimento e uma organização importante para poder promovê-lo.

8- Agradecemos muito por essa entrevista e, para finalizar, gostaríamos que você deixasse uma mensagem aos leitores e leitoras do Jornal Inverta.

Desde a República Bolivariana da Venezuela enviamos saudações, parabéns e agradecimentos ao INVERTA, por ser um espaço fundamental para combater o monopólio da mentira, o monopólio do ódio promovido pelos Estados Unidos e que está cada e cada vez é mais importante que espaços como o INVERTA continuem a fortalecer-se para elevar a verdade do nosso povo e, desde a República Bolivariana da Venezuela, estaremos sempre a apoiá-los e a querer participar convosco no apoio e cooperação que é necessária para continuar promovendo iniciativas tão importantes como esta e unidos para a proteção de nossa soberania, para a autodeterminação de nossos povos e sempre em solidariedade para continuar avançando nas agendas dos povos da América Latina. continuar promovendo e elevando a verdade de nossos povos, isso é cada vez mais necessário. Contem sempre com a Venezuela para isso e esperamos estreitar os laços e para colaborar com esse louvável esforço que fazem constantemente. Meus parabéns por toda a bravura, perseverança e esforço que fazem todos os dias a partir desse espaço de informação e da verdade.

Camila Milani