Maçons Pela Democracia Lançam VI Carta ao Povo Brasileiro Liberdade, Igualdade e Fraternidade

Os irmãos vinculados ao Grupo Maçons pela Democracia reafirmam que não falam em nome de nenhuma loja nem potência maçônica e sim com base em convicções pessoais sobre o dever cívico de um maçom.

IMPEACHMENT JÁ!

TODO APOIO À CPI DA COVID-19

JUSTIÇA PARA JACAREZINHO!

Os irmãos vinculados ao Grupo Maçons pela Democracia reafirmam que não falam em nome de nenhuma loja nem potência maçônica e sim com base em convicções pessoais sobre o dever cívico de um maçom.

O discurso apolítico e antidemocrático é incompatível com os princípios da tríade - Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Por isso, não admitimos a ditadura, os regimes absolutistas e tampouco os preconceitos.

“Não convivemos com corruptos ou conspiradores!” – escreveu em nota conjunta a Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil (CMSB) e a Confederação Maçônica do Brasil (COMAB) em março de 2020, que subscrevemos.

A pandemia da Covid-19, que já ceifou mais de 440 mil vidas de brasileiros, aponta-nos a marca de 700 mil mortos até o fim deste ano. E o Brasil é mundialmente avaliado com o pior desempenho em tratar a doença.

Falta vacina, o único medicamento disponível capaz de evitar a contaminação. Os civis e militares que ocuparam o Ministério da Saúde não usaram, sequer, as verbas que lhes foram destinadas. A atitude, de tão irresponsável, fez com que o ministro Gilmar Mendes os advertissem para que não associassem suas imagens a de um genocídio.

O presidente da República debocha da dor dos mortos e incentiva medidas que só servem para agravar a situação e ainda põe em dúvida que as mortes estejam ocorrendo.

A ministra dos Direitos Humanos ameaçou com prisão, numa reunião ministerial, os governadores que estão cumprindo as determinações da Organização Mundial de Saúde - OMS.

A subserviência a potências estrangeiras, especialmente aos EUA, é incondicional. Quando o então candidato Bolsonaro se deixou filmar, prestando continência à bandeira americana, em meio a um coro de “USA”, não fazia simples jogo de cena. Nossas riquezas naturais e empresas estatais são entregues a preço vil. A Petrobras está sendo destruída por uma política de preços suicida, que faz o nosso parque de refino trabalhar com uma ociosidade de 30%, que são importados do exterior, queimando divisas, gerando dívida externa e dependência econômica.

A engenharia nacional foi desmantelada, podendo-se dizer o mesmo da construção naval, responsáveis por boa parte dos empregos no Brasil. Além dos postos de trabalho suprimidos, são extintos direitos dos trabalhadores, conquistados há mais de 90 anos. É crescente a desigualdade social, acelerada pelo desemprego.

O ministro da Economia, com incontida exacerbação, mostra-se “indignado” porque as pessoas ainda conservam cheias suas geladeiras. Logo em seguida, na mesma reunião ministerial, se vangloria que já havia conseguido “colocar a granada no bolso do inimigo”, que permanece há dois anos sem reajuste. O “inimigo” é o funcionalismo público. Como se entrega a condução da economia de um país a um monstro como esse?

Seu colega do Meio Ambiente sugere que se aproveitem os danos da Covid-19 para “deixar a boiada passar”. A expressão canalha significa liberar as regras, já suaves, que disciplinam a proteção ao meio ambiente. O ex-chefe da Polícia Federal no Amazonas, Alexandre Saraiva, enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) Notícia-Crime denunciando Ricardo Salles por crimes de advocacia administrativa, organização criminosa e obstrução a operações.

A Educação e a Cultura são os alvos permanentes dos que tomaram o poder. Evidencia-se o ódio à Ciência e ao conhecimento, de forma geral. Chegamos ao ponto de um mandatário confundir sua imagem à do crime organizado e defender, publicamente, as quadrilhas chamadas de “milícias”. A infiltração nefasta dessas quadrilhas se dá em grau intenso no Rio de Janeiro e já atinge outros estados, participando e orientando, inclusive, greves de policiais.

O Supremo Tribunal Federal, que tem dado mostras de tentar resistir a essa desgraça, com inquéritos abertos, investigações supervisionadas e decisões corajosas, vai desvendando o véu da cumplicidade para encobrir a sordidez dos crimes. Por isso, enfrenta a virulência de constantes ataques, tendo o ódio como o grande agente catalisador.

Nesses protestos, em que são vistas bandeiras de outros países, pedidos de intervenção militar, manifestações de intolerância religiosa e racismo, é chocante o baixo nível moral e intelectual dos participantes, que sequer sabem pelo que lutam ou o que defendem.

Se não forem detidos a tempo, esses golpistas vão transformar instituições prestigiadas num valhacouto de delinquentes, protegendo seus comparsas que estão no poder. Ou se resgata, já, o que resta de Brasil, ou não será possível prever aonde chegará esse ataque sem precedentes à Nação que sonhamos legar aos brasileiros.

Essa é a responsabilidade dos ministros do STF e do sucesso da Comissão Parlamentar que investiga a condução do combate a Covid-19, aos quais hipotecamos total apoio.

Há pouco, a polícia promoveu, na favela do Jacarezinho, uma chacina sem precedentes na história da cidade. A “operação” foi “planejada” em uma reunião a portas fechadas do governador do Rio de Janeiro com o presidente da República, para cumprir vinte e um mandados de prisão. Foi um fracasso retumbante: apenas três foram cumpridos, três dos procurados foram mortos, deixando um saldo de muitos feridos e 28 mortos, inclusive um policial.

Noticia-se que o real objetivo da ação foi intimidar os opositores do governo federal que enfrenta a indefensável apuração de sua negligência e leviandade na condução do combate a Covid-19. Não é difícil reconhecer na ação um afrontoso desrespeito ao STF, que havia proibido esse tipo de procedimento durante a pandemia. Nossa Suprema Corte é acusada por essa escória política, reunida na extrema direita, de ser responsável por tudo de mau que acontece ao Brasil.

Independentemente da conceituação jurídica de genocídio, a morte está se banalizando. Os grupos de extermínio têm hoje os recursos materiais e a falsa legitimidade do aparato de estado. Da ação de um miliciano que tortura seupróprio enteado à dos agentes que atiram a esmo em pessoas despossuídas, existe a marca indelével de quem fez sua campanha defendendo a tortura e o extermínio de, pelo menos, 30 mil pessoas.

Esses crimes não podem ser separados. Fazem parte de um contexto que, infelizmente, atinge cada vez mais quem faz escolhas e ações erradas, a partir de informações falsas. Segundo Hannah Arendt, “a banalidade do mal é o fenômeno da recusa do caráter humano do homem, alicerçado na negativa da reflexão e na tendência em não assumir a iniciativa própria de seus atos.”

Bolsonaro é o principal obstáculo para se controlar a pandemia e para conter a destruição do Brasil.

Rio de Janeiro, 20 de maio de 2021

Subscrevem a VI Carta dos Maçons Pela Democracia, em ordem alfabética, os mestres maçons:

André Cantuária, Antonio Silva Filho, Dener Coelho, Edivaldo Amorim Farias, Emanuel Cancella, Everaldo Costa, Fábio Farias, Francisco Soriano, Gilson Gomes, Guaraci Correa Porto, João Custódio, José Amaral de Brito, Morôni Vasconcellos, Paulo Ramos, Renato Lopes, Sebastião Calvet, Sérgio Abad e Sydney Castro.