CARTA DE APOIO A DEPUTADA ANDRÉIA DE JESUS

Deputada Andreia de Jesus. Estamos do seu lado. Estamos do lado da bondade, do respeito, estamos do lado da luta, lutando contra a violência, o racismo, o machismo e todas as formas de opressão e de comportamentos fascistas.

Intolerável!

Condutas fascistas em uma democracia são intoleráveis!

A expressão fascismo tem sido utilizada de forma generalizada ultimamente. O episódio lamentável protagonizado pelos deputados da extrema direita, Coronel Sandro (PSL) e Bruno Engler (PRTB) ajuda a entender o fascismo e delimitá-lo conceitualmente.

O fascismo foi um movimento histórico de violência e ódio que surgiu na Itália. Entretanto sua conformação política e suas ações fizeram com que a expressão fosse adotada para designar movimentos semelhante por todo o mundo. Embora o nazismo tenha uma conformação histórica própria, alguns estudiosos o têm classificado como uma das formas históricas de um fascismo em sentido lato.

As práticas fascistas são violentas, racistas, homofóbicas, machistas; anti-liberais, anti-socialistas, anti-operariado, anti-democráticas, contra a vida. É impossível o diálogo com um fascista, pelo fato deste ter ultrapassado a linha que separa a razão da paixão. Trazemos aqui uma breve referência ao pensamento de Lacan quando este fala das três paixões humanas: o amor, o ódio e a ignorância. Quando a paixão impera perdemos a razão, nosso corpo se altera, a química do nosso corpo se modifica, nos impedindo de pensar com equilíbrio. O fascismo é o espaço do que alguns estudiosos da teoria Lacaniana chamam de “ignoródio”. A cegueira gerada pelo ódio e pela paixão ignorante.

O horroroso episódio protagonizado pelos dois deputados pode ser inserido dentro do conceito amplo de “fascismo”. Estão ali presentes o ódio, a reação irracional, preconceituosa, racista, machista, por fim, o “ignoródio”, uma vez que não há tudo isso sem a presença de uma brutal ignorância.

Podemos acrescentar ainda um outro fator que acompanha o fascismo: o mal no seu mais puro estado. Partindo de Santo Agostinho, o mal é ausência. O que vimos na manifestação dos dois deputados é “ausência”. Ausência de bondade, ausência de empatia; ausência de inteligência; ausência de conhecimento; ausência de amor; ausência de respeito. Enfim, o completo vazio.

Deputada Andreia de Jesus. Estamos do seu lado. Estamos do lado da bondade, do respeito, estamos do lado da luta, lutando contra a violência, o racismo, o machismo e todas as formas de opressão e de comportamentos fascistas.

Não toleraremos a presença do fascismo na sociedade brasileira.

Comissão Arquidiocesana de Justiça e Paz de Belo Horizonte

Academia de Juristas Católicos e Humanistas da Arquidiocese de Belo Horizonte

NESP – Núcleo de Estudos Sociopolítico da PUC Minas

Centro Franciscano de Defesa de Direitos – BH

Coletivo Arquidiocesano de Fé e Política – BH

Serviço Interfranciscano de Justiça, Paz e Ecologia

Articulação Comboniana de Direitos Humanos