Centenário de Maria Augusta Tibiriçá

O aniversário da médica e imprescindível militante em defesa das riquezas do Brasil, Maria Augusta Tibiriçá, que completou 100 anos no dia 8 de maio de 2017, foi comemorado com um emocionante ato de homenagem à sua trajetória de vida e lutas por um país melhor.

O aniversário da médica e imprescindível militante em defesa das riquezas do Brasil, Maria Augusta Tibiriçá, que completou 100 anos no dia 8 de maio de 2017, foi comemorado com um emocionante ato de homenagem à sua trajetória de vida e lutas por um país melhor. O evento foi organizado pelo Movimento de Defesa da Economia Nacional (Modecon), sediado no prédio da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no centro do Rio de Janeiro. Apesar de não estar mais presente fisicamente, sua luz imortal iluminou a todos os que compareceram à atividade pelo seu centenário. Entre os presentes estavam Olga Amélia, Lincoln de Abreu Penna, General Bolivar, e os filhos da homenageada, Aloisio Tibiriçá Miranda e Carlos Henrique Tibiriçá Miranda. Depois do ato foi oferecido um coquetel com direito a bolo e confraternização.

Sua grande amiga e atual membro do Modecon, Olga Amélia, fez um depoimento emocionante sobre vários momentos que compartilhou junto à Maria Augusta. Olga afirmou que aprendeu muito com ela e que, além de tudo, pode considerá-la como uma segunda mãe, pois a ajudou em muitos momentos difíceis de sua vida. Lembrou também o amor que Maria Augusta tinha pelo Brasil, e que mesmo nas piores fases de nossa história, como na Ditadura Militar, ela não perdeu a esperança de que esta nação teria um futuro brilhante pela frente. Olga afirmou ainda que esta data dos 100 anos de Maria Augusta Tibiriçá é muito simbólica por todo o seu exemplo de vida, e como o tempo não para, devemos seguir em frente e ensinar às novas gerações a amar nosso país, assim como Maria Augusta tanto amou.

O professor Lincoln de Abreu Penna também falou sobre sua convivência com a homenageada, que foi uma pessoa extraordinária em todos os sentidos como militante, assim como sua mãe, Alice Tibiriçá, contra o preconceito em relação às pessoas que sofriam de tuberculose e hanseníase no Brasil. O maior destaque de seu legado foi a luta do “Petróleo é nosso” nas décadas de 40 e 50 do século passado, o que inclusive intitulou um livro sobre esta vitoriosa campanha pela criação da Petrobrás em 1953 por Getúlio Vargas. A luta feminista também foi um dos marcos da luta de Maria Augusta Tibiriçá, que, seguindo os passos de sua querida mãe, levou Getúlio a instituir o Dia das Mães no Brasil em homenagem às mulheres. “Em uma época em que o projeto neoliberal reacionário avança não somente no Brasil, mas em todo o mundo, o exemplo de Maria Augusta Tibiriçá em defesa do monopólio estatal do petróleo está presente na luta em defesa das riquezas nacionais e contra a tentativa de desmonte da Petrobrás, que é a maior empresa do país e a que mais gera empregos no Brasil”, afirmou o professor.

O general Bolívar fez uma retrospectiva histórica da unidade de vários setores da sociedade brasileira na luta “O Petróleo é Nosso”, que levou à criação da Petrobrás por Getúlio Vargas. Ele lembrou vários companheiros de farda integrando este movimento, como o general Kardec Lemos, o brigadeiro Rui Moreira Lima, o general Horta Barbosa, entre outros, que se uniram aos civis no maior movimento de massas da história do Brasil. O militar recorda com orgulho que este foi o melhor momento da conjuntura da sociedade brasileira para um determinado objetivo que foi vitorioso e culminou com a criação da Petrobrás. “A memória de Maria Augusta Tibiriçá não pode ficar somente no passado, uma vez que diante das ameaças à soberania nacional temos que resgatar sua luta em um momento em que o governo entreguista e golpista de Temer está entregando tudo o que restou das riquezas nacionais, inclusive a Petrobrás. Temos que dar um basta e tirar este governo ilegítimo e entreguista do Temer e criar uma resistência à perda de soberania do nosso país”, defendeu o general.

O cardiologista Aloisio Tibiriçá Miranda, filho de Maria Augusta Tibiriçá e Henrique Miranda, falou aos presentes sobre a vida em família e que esta foi muito conturbada pelas perseguições da Ditadura Militar. A casa onde eles moravam foi invadida 11 vezes pela repressão. Ele fez um agradecimento especial pela honra do Conselho Regional de Medicina do RJ de ter escolhido sua mãe como médica do ano, pelo trabalho dedicado aos mais necessitados e marginalizados pelo estigma da hanseníase e da tuberculose. “Estas enfermidades estão de volta no Brasil devido às políticas de Estado mínimo de vários governos, que tiram recursos das áreas sociais para desviar sua aplicação no setor financeiro”, alertou Aloisio Miranda.

Carlos Henrique Tibiriçá, mais conhecido como Caíque, também se pronunciou sobre sua mãe. Na sua opinião, a trajetória de Maria Augusta teve três vertentes: “a família que as vezes aumentava bastante, não somente com a presença dos filhos e outros parentes, mas de amigos dos filhos e perseguidos políticos. Outra parte foi o legado da minha avó, que defendia uma melhor saúde para a população brasileira, inclusive minha mãe escreveu um livro que está esgotado, que tinha como assunto a nacionalização da indústria farmacêutica brasileira. E a parte mais visível da trajetória da minha mãe foi a entrega de corpo e alma na defesa da Petrobrás, desde a campanha “O Petróleo é Nosso”, em que ela relata a sua experiência e fatos históricos em um livro”.

Julio Cesar de Freixo Lobo