A reunião ministerial do Governo Bolsonaro

A reunião ministerial do Governo Bolsonaro, ocorrida no dia 22 de abril de 2020, e liberada para exibição pelo ministro do STF, Celso de Mello, levou a uma grande polêmica nos bastidores de Brasília.

A reunião ministerial do Governo Bolsonaro, ocorrida no dia 22 de abril de 2020, e liberada para exibição pelo ministro do STF, Celso de Mello, levou a uma grande polêmica nos bastidores de Brasília. O baixo nível dos comentários entre os presentes, bem como os palavrões proferidos por vários participantes, entre eles o presidente da República, Jair Bolsonaro, caiu como uma bomba com a transmissão na íntegra de toda a filmagem do encontro.

A pedido do ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, o vídeo foi liberado pelo ministro Celso de Mello como prova da possível interferência indevida do governante na Polícia Federal, fato que vem sendo negado por Jair Bolsonaro, porém, ficou provado no material exibido quando este se refere “a sua segurança” no Rio de Janeiro.

O presidente Jair Bolsonaro, quando expõe preocupação com sua proteção e a de seus familiares e amigos, afirma claramente que, em relação às informações que recebe da Polícia Federal, das Forças Armadas e da ABIN, que classificou como uma vergonha, seu sistema particular de informações é muito mais eficiente. A referência à “segurança” é relativa à Polícia Federal e não ao Gabinete de Segurança Institucional, que faz a segurança pessoal da Presidência da República. Usando vários palavrões, Bolsonaro xingou os governadores do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, e de São Paulo, João Dória, além do prefeito de Manaus, Artur Virgilio, por darem ênfase à pandemia do coronavírus.

Entre as mais chocantes declarações da reunião, além das do presidente, foram destaques as falas do ministro da Educação, Abraham Weintraub; da ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves; e do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, entre outros.

Abraham Weintraub falou mal de Brasília, ressaltando que a capital federal é um câncer muito pior do que ele poderia imaginar, e declarou abertamente que, por ele, colocaria na cadeia todos os ministros do STF, a quem chamou de vagabundos.

Damares Alves afirmou que prefeitos e governadores responderão a processos e que o ministério pedirá a prisão dos mesmos por medidas mais radicais adotadas em alguns municípios e estados na implementação do isolamento social para contenção da pandemia.

Ricardo Salles ressaltou a oportunidade de aproveitar o momento em que a atenção da imprensa está voltada quase que exclusivamente para a pandemia para mudar as regras da legislação ambiental e de preservação do patrimônio histórico.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu enfaticamente a privatização do Banco do Brasil e a simplificação dos impostos para atrair os investimentos estrangeiros, além de concessões de setores da economia ao capital privado, e investimento na área do turismo.

O ministro da Cidadania, Onix Lorenzoni, fez referência às obras paralisadas, iniciadas pelos governos anteriores, e enfatizou a lei da liberdade econômica no Brasil, a necessidade de aprofundamento das reformas, principalmente a tributária, para favorecer a iniciativa privada.

O ministro da Casa Civil, Braga Netto, fez um chamado a um plano de reestruturação econômica que poderia ser comparado ao Plano Marshall, que ocorreu depois da 2ª Guerra Mundial financiado pelos EUA para a reconstrução da Europa destruída pelo conflito que arruinou toda a infraestrutura da região.


Julio Cesar de Freixo Lobo