“Nunca a Milhão, a profissão exige calma”

A atual conjuntura brasileira desafia as forças populares e comunistas a uma postura que parece exigir, entre outras coisas, calma, ousadia e humildade.

A atual conjuntura brasileira desafia as forças populares e comunistas a uma postura que parece exigir, entre outras coisas, calma, ousadia e humildade.

Por um lado, as condições objetivas para a revolução socialista brasileira, que já tinham sua expressão na forma capitalista do Brasil dentro do sistema mundial em seu desenvolvimento avançado - estágio monopolista e de exportação de capitais - se escancaram ainda mais agora, depois do golpe neoliberal que é fruto da crise final do Capital, que tende a aumentar a miséria e a repressão por parte dos aparelhos repressivos do Estado, os cortes dos direitos básicos da classe trabalhadora e todas as formas de opressão do povo brasileiro.

Isso, junto ao muito provável fim do PT, ao menos enquanto primeira opção da classe trabalhadora (e talvez enquanto partido de fato), parecem inaugurar uma nova etapa do movimento operário brasileiro, na qual a organização operária que nega o marxismo-leninismo demonstrou seu fracasso e uma etapa na qual o caráter burguês do Estado, e de suas leis, novamente se explicita de forma nua e crua.

Longe de classificar a atual conjuntura como melhor, o fato é que as possibilidades e a forma de construir as condições subjetivas da revolução brasileira são outras. A possibilidade de construir a organização subjetiva da nossa classe é mais dura, mas a descrença nas instituições burguesas e na luta reformista e institucional estão presentes com força no povo, como se demonstraram nas eleições municipais. A tarefa de construir a alternativa revolucionária, o partido comunista revolucionário no Brasil, toma nova forma, que permite maior ousadia no trabalho com o povo.

Por outro lado, a geração de lutadores e lutadoras jovens, que já lutam há doze ou treze anos, tem uma experiência de organização que sempre foi pautada em uma garantia mínima de direitos, respeito às leis da democracia burguesa (embora isso nunca exista a fundo nas favelas e no campo, onde a polícia e as milícias têm suas próprias leis). Tal fato exige a humildade daquelas e daqueles que lutam há pouco tempo, de ouvir os camaradas mais velhos, e dar atenção às questões de segurança. Debruçar-se sobre as questões de segurança, de experiências do nosso e de outros países, é uma questão de respeito a tantas pessoas que caíram ao longo da história das revoluções socialistas.

Além disso, a subjetividade das/dos companheiras/os jovens, deve ser cuidada. Golpear a nossa confiança, nossa certeza e nossa calma, também são armas da contrarrevolução.

O importante é que todos nós, lutadores e lutadoras, saibamos trabalhar o equilíbrio entre a ousadia e a segurança. Por um lado, devemos estar atentos ao heroísmo e à inconsequência que podem (novamente) atrasar em muitos anos o desenvolvimento do movimento comunista brasileiro. Por outro lado, devemos denunciar qualquer covardia semelhante a das organizações pequeno-burguesas. A história prova, se tratadas de maneira correta, que a atividade intensa e a segurança se fortalecem mutuamente e não o contrário.

É estando junto às massas que construiremos a organização invencível da nossa classe, é no povo que encontraremos nossos quadros mais valiosos!

É necessário ter em mente que a profissão exige calma, como o mestre Sabotage avisou, mas também que “Quem não se movimenta é um alvo fácil”.

J. Rosa