Ditadura civil-militar: 47 anos do início do terror

São 47 anos do golpe, 26 anos da “redemocratização” e até o momento os torturadores não pagaram por seus crimes, muitos estão em cargos importantes do Estado, outros ainda continuam com suas cadeiras no Congresso e Senado. Os milicos estão livres atuando normalmente como se nada tivesse acontecido, ou seja, a impunidade é a marca da anistia geral e ampla que os militares fizeram em 1979.

 

 

Na madrugada do dia 31 de março para o 1º de abril de 1964 as tropas guiadas pelo general Olympio Mourão Filho saem de Juiz de Fora (MG) em direção ao Rio de Janeiro, é o início do golpe civil-militar. A partir daquela noite o Brasil iria mudar radicalmente sua linha política, que vinha com fortes avanços progressistas favorecendo a classe trabalhadora, porém com o golpe tudo iria mudar. O país iria entrar em um período de perseguições, mortes e retrocesso das conquistas do proletariado nacional.

São 47 anos do golpe, 26 anos da “redemocratização” e até o momento os torturadores não pagaram por seus crimes, muitos estão em cargos importantes do Estado, outros ainda continuam com suas cadeiras no Congresso e Senado. Os milicos estão livres atuando normalmente como se nada tivesse acontecido, ou seja, a impunidade é a marca da anistia geral e ampla que os militares fizeram em 1979.

As provas das torturas, as ligações com o governo estadunidense que apoiou financeiramente o golpe, o nome dos deputados e militares estão nos arquivos da ditadura que estão fechados a sete chaves pelo alto escalão das Forças Armadas. A luta contra a ditadura ainda não terminou, agora está materializada no embate para abertura dos arquivos da morte, documentos que contêm o nome dos culpados e onde podem ser encontrados as pessoas da resistência após serem torturadas e mortas.

Em países sul-americanos, como Argentina e Uruguai, estão avançando contra a impunidade das ditaduras instituídas nas décadas de 1960 e 1970, caminhando rapidamente para julgar os ditadores, encontrar os desaparecidos, tirar da condição de igualdade os resistentes e milicos que com a Lei de Anistia dizem que todos estão anistiados. Esses são importantes exemplos para o Brasil seguir; a história de anistia geral que contempla os assassinos da classe proletária tem que acabar.

Os militares dizem que fizeram uma revolução para trazer a ordem ao país, 47 anos depois ainda continuam com o mesmo pensamento, e quem sabe com a mesma vontade de voltar ao governo? Na semana do golpe setores das Forças Armadas circularam uma nota em comemoração ao 1º de abril de 1964, dando ao golpe o nome de revolução. No ano passado, a mídia fascista coloca os guerrilheiros que lutavam pela liberdade do Brasil como assassinos. A conjuntura que permeou as eleições de 2010 era praticamente a mesma de 1964 contra João Goulart, a classe média que apoiou o golpe mostra cada vez mais para que lado pende e sua sede pela violência desenfreada e sanguinária.

Devemos denunciar em todos os rincões do país os crimes cometidos pelos militares apoiados pela burguesia nacional e internacional, uma maneira para ter provas e punir esses assassinos é a abertura dos seus arquivos. O atual governo federal busca a criação da Comissão da Verdade que irá analisar os casos de desaparecidos, mortes e perseguições na época da ditadura. Só de ouvirem falar da comissão, os militares já tremem e se colocam contrários à iniciativa, tanto que o general que colocou em pé de igualdade guerrilheiros e militares e disse também que a comissão é revanchismo de esquerda levou um puxão de orelha da presidenta Dilma.

A ministra dos Direitos Humanos Maria do Rosário, em seu primeiro discurso aponta que a criação da Comissão da Verdade vai ser meta do atual governo federal, Dilma também volta e meia apresenta sua posição em referência a comissão. Esperamos que dessa vez a abertura dos arquivos e as punições avancem em um governo de uma mulher que passou por todo a obscuridade dos porões do Doi-codi.

No fim de 2010, o Brasil foi condenado pela Corte Interamericana pelos assassinatos na região do Araguaia, quando naquela região foi formada uma guerrilha para a libertação do país. As mortes vão desde militantes guerrilheiros aos camponeses que ali viviam. O que será que nosso governo irá fazer em relação a essa condenação? Teremos de esperar para ver.

Acabar com essa lei de anistia ampla para julgar os torturadores não é revanchismo de esquerda como dizem os militares, mídia golpista e a ala conservadora da sociedade. É justiça! Familiares procuram até hoje pelos corpos de seus entes queridos e têm o direito de saber o que aconteceu com eles. Os brasileiros têm o direito de saber sobre os crimes da ditadura civil-militar, sobre sua história de uma maneira real e não manipulada, o brasileiro têm direito de saber a Verdade.

Pela abertura imediata dos arquivos da ditadura!

Pela punição dos torturadores!

Pelo direito à Verdade!

 

Diego Becker