A eleição de Dilma Rousseff e a nova estratégia da fração financeira derrotada
No recente processo eleitoral de sucessão ao atual presidente da república, Lula, nem mesmo os analistas políticos de plantão mais otimistas acreditavam em uma esmagadora vitória da denominada base aliada ao governo contra os setores que representam a fração da oligarquia financeira, de caráter nazifascista, herdeira dos antigos barões do café, encastelados no estado de SP e com alianças em boa parte dos estados brasileiros, principalmente nas regiões Sul e Centro-Oeste.
Ao mesmo tempo, Dilma Rousseff, não recuperava para este processo o modelo neopopulista de Lula, significando populista a interpretação a que este conceito os cientistas políticos brasileiros burgueses ou reformistas que afirmam ser os grupamentos políticos ou figuras e personagens políticos que dubiamente agradam o povo com migalhas, porém mantém suas ligações de interesses com setores burgueses dominantes em dada época, e não o significado do termo populismo dado aos grupos existentes na Rússia antes da URSS de 1917, apegados ao basismo e ao economicismo, recusando qualquer teoria revolucionária, e que praticavam atos de terror contra o Estado czarista, e com isso criando a impossibilidade da mudança da correlação de forças entre proletários e capitalistas, pois o czar respondia sempre com menos liberdades e mais terrorismo de estado.
Com isso a nova situação de governo, além de Dilma como presidente em campanha, teve a participação pessoal, ostensiva e intensiva do presidente que deixará o cargo. Foi assim que todos os partidos da base aliada fizeram seus governadores e elegeram da mesma forma os representantes que se apresentavam ao senado, a câmara dos deputados federais e estaduais, alguns destes com ampliação significativa do total de eleitos, como o PSB, e outros com amplo fortalecimento de suas bancadas em detrimento do recuo daqueles que representam a oposição, casos do PT e PMDB. As duas casas do Congresso podem agora aprovar todos os seus projetos de lei enquanto a oposição.
Este mar de tranquilidade política é apenas a aparência do período que virá. Os principais aliados da nova presidente e seu principal alicerce estão nos quadros de seu próprio partido, o PT, o que se pode observar pela indicação dos primeiros nomes para seu gabinete ministerial. Outras, podemos observar serão áreas de privilegiado investimento político-econômico como os estados do ES, RJ, RS e BA. Os dois últimos pelo parque de indústrias que possuem, inclusive de capital de produção; os dois primeiros pelas reservas em águas profundas de hidrocarbonetos de qualidade A, segundo os especialistas na matéria (passam a possuir as reservas já existentes associadas ao chamado pré-sal, grandes reservas descobertas recentemente). Por outro lado nenhum destes estados possuem o vigor financeiro do estado de SP, e muitos deles precisam ampla aplicação de recursos na educação, na saúde pública e nos transportes urbanos de massa.
Com a constatação da derrota dos partidos que o representavam, este setor procura desenvolver uma atuação de descrédito quanto a próxima legislatura. Têm sido constantes as propagandas sobre as guerras do narcotráfico, além da inoperância do governo federal quanto as ações de saúde pública, apresentando desde o problema da tal superbactéria nos postos de saúde e hospitais do SUS até os casos de desleixo ou má aplicação dos princípios elementares de higiene e diagnóstico de profissionais de saúde aos enfermos levando à óbitos, principalmente quando tratam-se de crianças, além da chamada decadência educacional onde apresentam os professores dominados por crianças proletárias que, constantemente, os ameaçam ou até os eliminam, além dos projetos de transportes metropolitanos sem aplicação prática.
Isto se dá pelo fato da luta travada no país ser de caráter intra burguês, entre as oligarquias financeiras domesticadas ao imperialismo, principalmente o imperialismo estadunidense, e as oligarquias financeiras que, apesar de permanecerem no sistema capitalista, possuem aspirações e não tendo outra alternativa praticam ações de contra tendência ao imperialismo. Com isso suas alianças a nível internacional se aproximam cada vez mais de países como o Equador, a Bolívia, a República Bolivariana da Venezuela, além de Cuba Socialista e também de países da África e Ásia, como a China, por exemplo.
E pela oligarquia tradicional e nazi possuir o domínio dos principais meios burgueses de grande comunicação de massas, que desenvolvem um incansável trabalho de mídia, com acusações e difamações ao atual e ao próximo governo. E todo combate tem sempre o seu preço. E o maior prejuízo não está nas fileiras das oligarquias que batalham, mas, entre os filhos e filhas do proletariado, consumidos pelas drogas e pelo genocídio praticado contra estas populações cotidianamente, ou até mesmo, por intercorrências como o recente estado de terror instalado na região metropolitana carioca que levou a que setores de operações especiais das polícias civil e militar,polícia federal, polícia federal rodoviária, fuzileiros navais e brigada paraquedista, ou seja, as várias forças de repressão se unissem em um só objetivo: criminalizar as regiões proletárias.
Na Carta ao Povo Brasileiro, em Editoriais, e outros documentos de caráter ideológico do PCML(Br) estas previsões já se faziam claras e na medida que a crise de transição do imperialismo se aprofunda o perigo de guerras em regiões localizadas do planeta, ou guerras de rapina entre nações aumentam, assim como os conflitos no interior de uma mesma formação econômico-social.
Para neutralizar ações como estas em nosso país o governo que assume em 1/01 precisará manter uma política financeira mais favorável às massas populares e regular de forma estratégica os recursos minerais presentes em nossa economia. É preciso recuperar de forma intensa e firme a saúde pública, a política educacional e ampliar os recursos presentes nos transportes de massas, além do aumento do nível geral de emprego, é preciso também minimizar o processo de pauperização oficial, fazendo com que as massas trabalhadoras e exploradas tenham a mesma confiança neste governo que sempre depositaram em Lula. É preciso, desta forma, recuperar a força político-econômica do Estado, abandonando por vez a política neoliberal do Estado Mínimo.
Só através desta decisão política o país avançará em suas alianças com os países da AL e Caribe, principalmente, com Bolívia, República Bolivariana da Venezuela e Cuba Socialista, além da Nicarágua, quebrando a influência política dos EUA em nossa região, e o Brasil assumindo a posição de principal parceiro das nações irmãs.
Haroldo de Moura
Sucursal RJ