Povo de Minas Gerais se une e sai às ruas contra o golpe
Em meio à incerteza em relação aos rumos políticos do país, as ações populares ocorridas por todo o Brasil em 18 de março de 2016 não deixam dúvidas: o golpe contra o governo da presidenta Dilma não será tão fácil quanto supunham os setores mais reacionários da sociedade brasileira. Isso porque há nas ruas uma disposição para lutar contra a tentativa de depor um governo legitimamente eleito. O ato de massas realizado em Belo Horizonte reuniu, em pleno dia de trabalho, cerca de 60 mil pessoas e representou a união de diversos setores sociais que rechaçam as manipulações jurídico-midiáticas que têm fragilizado nossa já debilitada democracia.
A mídia burguesa falou em menos de 10 mil, a polícia considerou que haviam 18 mil e os organizadores afirmaram haver 100 mil pessoas, o que impede a divulgação de uma estimativa oficial; porém o fato é que nesta manifestação havia mais pessoas que no ato de 13 de março, onde se reuniram em um dia domingo os porta-vozes e a massa de manobra da elite branca ultra-conservadora, dignos representantes da tradicional família mineira que apoiou o golpe de 1964. É importante lembrar o caráter neo-fascista das oligarquias mineiras em todo decorrer da nossa história; foi de Minas Gerais que articularam todo o sistema de informação e inteligência durante a ditadura militar e, desde a colônia até hoje, submetem os três poderes políticos – executivo, legislativo e judiciário – a seus interesses privados para combater iniciativas sociais e de cunho popular.
Diferentemente de outros atos favoráveis ao governo, as manifestações do dia 18/03 em Belo Horizonte contaram com a participação de pessoas que, embora discordantes das medidas tomadas pelos governos petistas, não aceitam aquilo que não pode ser chamado de outro nome a não ser de GOLPE. Aí está a singularidade desses atos: a despeito de toda ação da grande mídia para esvaziar as manifestações em defesa da democracia e lograr o impeachment de Dilma, as ruas demonstram que parte significativa da população – de esquerda, militante ou não – está atenta ao jogo escuso que se pratica no país para frear os avanços duramente conquistados nos últimos anos. Isso se refletiu na grande diversidade de participantes no ato: diversidade de idades, manifestações culturais, bandeiras de luta e muitos tambores para evocar em uma só voz “Não vai ter golpe!” e outras palavras de ordem. O clima de encontro e de companheirismo, como uma trégua da guerra midiática mantida principalmente pela rede Globo, se manteve desde a concentração na Praça Afonso Arinos às 16:00 até a última apresentação cultural na Praça da Estação quase às 22:00. Quando a passeata chegou em seu ponto final nesta última praça, a histórica Praça Sete continuava tomada por manifestantes em defesa da democracia.
Essas manifestações ganham um sentido mais amplo do que a manutenção de um governo. Trata-se sobretudo de movimentos populares, nem sempre concordantes, que recusam a escalada fascista e o discurso de ódio propagado ao vivo pelas televisões. Na capital mineira, um cartaz parecia ser paradigmático do que foram os atos de 18 de março: “Eu não votei no PT, mas a maioria sim!” Uma franca sinalização de que as instituições promotoras do golpe – e, portanto, antidemocráticas – não encontrarão trânsito livre para seu projeto insano de chegar ao poder contra a vontade do povo brasileiro.
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