Resultado das eleições 2014 no Ceará indica um futuro de disputas políticas
O primeiro turno das eleições 2014 já é uma das eleições mais concorridas da história do Brasil, além de evidenciar de forma mais intensa os interesses entre as classes. No Ceará, esta afirmativa se manteve. Para o Governo do Estado, o candidato Camilo Santana (PT), 47,79% e o canditado Eunicío Oliveira (PMDB) 46,40%, vão para um segundo turno que será decido voto-a-voto. A candidata Eliane Novais (PSB) recebeu 3,39% e Ailton Lopes (PSOL) em torno de 2%. Para o Senado, um retrocesso político com a vitória do neoliberal Tasso Jereissati (PSDB), que conquistou 57,91%. Para os cargos proporcionais, os resultados para a Câmara dos Deputados e Assembléia Legislatica indicaram uma tendência nacional, por um lado, com novos nomes no legislativo, e por outro, com a fragmentação de bancadas entre vários partidos diferentes. Em linhas gerais, a composição das casas legislativas em todo o país já expressa o aprofundamento do embate político entre setores mais progressistas e conservadores.
Por outro lado, os números para a corrida presidencial do Estado são favoráveis para a candidata à reeleição. A presidente Dilma Rousseff, no Ceará, conseguiu mais de 3 milhões de votos, ou 68,30% dos votantes.
Desde o início da campanha eleitoral já se vislumbrava a polarização entre as candidaturas de Camilo Santana e Eunicio Oliveira. Eunício é atual Senador da República, agropecuarista e empresário do setor de segurança privada. Camilo é Engenheiro Agrônomo, foi Secretário do Desenvolvimento Agrário de Cid Gomes e atual Deputado Estadual. As duas candidaturas são de partidos da base aliada do Governo Federal, sendo que a candidatura do PMDB não é um caso isolado no cenário nacional, sendo que o partido lançou candidaturas em diversos outros estados. Em pesquisas de intenção de votos, o peemedebista sempre esteve à frente. Entretanto, depois da apuração, o candidato do PT o ultrapassou por pouco mais de 1%.
Segundo o Departamento Intersindical de Assessoria Parlemantar (DIAP), a Câmara Federal é a mais conservadora desde 1964. Entre os novos eleitos se constata que houve aumento de militares, religiosos, ruralistas e segmentos ligados à famílias tradicionais nos Estados. No Ceará, essa tendência é ilustrada com a votação de Moroni Torgan, que se elegeu com um discurso policialesco. Ele é ex-secretario de segurança de Tasso Jereissati, ex-deputado e delegado federal. Outro eleito nessa faixa de conservadorismo é Vitor Valim, atual vereador e apresentador de um programa policial. Contrariando estas estatísticas foi eleita Deputada Federal Luizianne Lins. Luizianne foi vereadora, deputada estadual e prefeita por dois mandatos e é uma das estreantes na câmara federal.
Já na Assembleia Legislativa houve grande rotatividade de deputados e mais de 50% dos atuais legisladores não conseguiram se reeleger. O campeão de votos e também o maior recordista da história para a AL é Capitão Wagner, atual vereador e grande desafeto do Governador Cid Gomes. Ele ganhou fama depois de assumir papel de liderança na greve da polícia militar em 2011.
A disputa de Segundo Turno já está acirradíssima e certamente ganhará importância maior para consolidar a expressiva votação de Dilma Rousseff no Estado. Pela posição que o Ceará assumiu no primeiro turno, o pleito do próximo dia 29 de outubro terá contornos decisivos.
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