Momentos de tensão entre Genebra I e II
Genebra, 24 jan (Prensa Latina) Conhecida como capital internacional da Suíça, Genebra acolhe hoje a segunda etapa da conferência para a busca de uma solução ao conflito sírio, um ano e meio após o primeiro encontro, ocorrido no dia 30 de junho de 2012.
Termina assim um período difícil onde o perigo de uma intervenção militar tem estado sempre como uma espada de Dámocles sobre o país levantino.
A seguir transmitimos uma cronologia dos principais momentos entre as conferências de Genebra I e II.
2012
-30 de junho: Se reuniu em Genebra uma reunião ministerial do Grupo de Ação para a Síria, convocada pelo então mediador internacional para esse conflito, Kofi Annan.
Um documento adotado nesse encontro assinala que é o povo sírio que deve determinar o futuro do país e que a soberania, a independência, a unidade e a integridade territorial devem ser respeitadas.
Também propõe a possibilidade do estabelecimento de um órgão de governo transitório no país árabe, que poderá incluir membros da atual administração e da oposição e será conformado sobre a base do consentimento mútuo.
-6 de julho: Começa em Paris a terceira reunião dos chamados "Amigos de Síria", liderada pela França, Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha, onde se acordou aumentar a ajuda aos grupos opositores armados.
Rússia e China se recusaram participar desse encontro e Moscou acusou o Ocidente de distorcer os acordos de Genebra.
-19 de julho: Países ocidentais apresentaram no Conselho de Segurança da ONU um projeto de resolução que ameaçava impor sanções contra Damasco e abria a via para a aplicação do capítulo VII da Carta de Nações Unidas, que prevê o uso da força.
Graças ao veto da Rússia e da China impediu-se uma possível agressão armada contra a nação árabe, como já havia ocorrido na Líbia.
-2 de agosto: A emissora de televisão CNN revelou que o presidente norte-americano, Barack Obama, havia assinado uma ordem na qual autorizava a Agência Central de Inteligência (CIA) a prestar assistência aos grupos armados que tentam derrubar o governo legítimo sírio.
Essa ordem era similar à dada um ano antes para a assistência aos grupos opositores da Líbia.
-4 de dezembro: Os chanceleres da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) aprovaram o envio de mísseis Patriot para a fronteira da Turquia com a Síria.
Analistas advertiram que essa localização era parte da preparação de uma operação militar contra o país árabe.
2013
-6 de janeiro: Em um discurso na Casa de Ópera de Damasco, o presidente sírio, Bashar al-Assad, propôs uma solução política à crise e pediu o fim da ajuda estrangeira aos grupos terroristas.
Membros da oposição recusaram a oferta de diálogo.
-11 de janeiro: O representante especial da ONU e da Liga Árabe para a Síria, Lajdar Brahimi, reuniu-se em Genebra com delegados da Rússia e dos Estados Unidos para analisar o conflito sírio.
O encontro foi concluído sem acordos palpáveis.
-5 de maio: Israel lança foguetes contra um centro de investigações militares nas cercanias de Damasco.
O vice-ministro de Assuntos Exteriores da Síria, Faisal al Mekdad, qualifica o ataque como uma declaração de guerra e apresenta um protesto formal ao Conselho de Segurança da ONU.
-22 de junho: Países do chamado grupo dos "Amigos de Síria", reunidos no Catar, acordaram fornecer armas aos grupos opostos ao governo.
-21 de agosto: A cidade de Ghouta, nas cercanias de Damasco, foi alvo de um ataque, ao que parece com armas químicas, no qual morreram centenas de pessoas.
Sem apresentar provas, a oposição e países como os Estados Unidos e a França culpam o governo pela agressão, enquanto as autoridades de Damasco e Rússia advertem que se trata de uma manobra para provocar uma intervenção estrangeira.
-28 de agosto: O Washington Post e NBC News afirmam que o dia 29 de agosto poderia ser o dia no qual o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ordenasse uma ataque relâmpago contra a Síria.
-29 de agosto: O Parlamento britânico votou contra uma proposta do premiê, David Cameron, de intervir militarmente na Síria.
-31 de agosto: Obama afirma que seu país está pronto para atacar, mas anuncia que submeterá o ataque a uma votação no Congresso.
-1 de setembro: o Papa Francisco convoca para o dia 7 de setembro uma jornada de oração e jejum mundial para a paz na Síria.
O Sumo Pontífice expressou sua preocupação pelo dramático desenvolvimento dos acontecimentos e chamou todas as partes à busca de uma solução pela via do diálogo.
-9 de setembro: A Rússia recomenda à Síria que coloque suas armas químicas sob controle internacional.
O chanceler sírio, Walid ao Muallen, dá as boas-vindas à iniciativa, da mesma forma que o secretário geral da ONU, Ban Ki-Moon.
-27 de setembro: O Conselho de Segurança da ONU aprovou uma resolução acordada pela Rússia e pelos Estados Unidos para eliminar as armas químicas sírias.
A resolução foi adotada pelo voto de seus 15 membros, os cinco permanentes e os 10 não permanentes.
-25 de novembro: O secretário geral da ONU, Ban Ki-moon, anuncia que a conferência sobre a Síria, conhecida como Genebra II, ocorrerá no dia 22 de janeiro de 2014.
Carmen Esquivel, enviada especial da Prensa Latina