Conferência dos 60 Anos do Movimento dos Não-Alinhados

No dia 10/02/21, teve início a Conferência Internacional A ascensão da Ásia na história e Perspectiva Global – 60 anos depois de Belgrado: qual não-alinhamento em um mundo multipolar e para um futuro global?, que marca 60 anos de história do movimento que desempenhou papel essencial na história de luta e independência dos povos durante o século XX.

No dia 10/02/21, teve início a Conferência Internacional A ascensão da Ásia na história e Perspectiva Global – 60 anos depois de Belgrado: qual não-alinhamento em um mundo multipolar e para um futuro global?, que marca 60 anos de história do movimento que desempenhou papel essencial na história de luta e independência dos povos durante o século XX.

iferente de suas origens há 60 anos, a Conferência realizada completamente online reuniu participantes de quase 30 países em um ambiente acadêmico com contribuições científicas sobre diversos temas em torno da realidade que vivemos atualmente, propondo-se uma reflexão profunda sobre o papel do Movimento dos Não Alinhados, ao resgatar seu passado e refletir sobre as perspectivas para o futuro da humanidade. Fica cada vez mais clara a ascensão do continente asiático no contexto internacional, justamente a temática que as conferências do MNA tem abordado nos últimos anos.

Segundo as palavras de Tijjani Muhammad Bande, no material de divulgação do evento, o Movimento dos Não Alinhados nasceu para defender “o respeito pelos direitos humanos fundamentais, soberania e integridade territorial de todas as nações, a não intervenção nos assuntos internos dos países, igualdade de todas as raças e nações, assim como a resolução pacífica para todos conflitos internacionais”. Como parte do que se convencionou chamar os Princípios Bandung, estão também a luta contra “colonialismo, racismo, hegemonia, agressões, assim como todas intervenções estrangeiras e/ou ocupações”, que continuam sendo relevantes hoje.

O Movimento dos Não-Alinhados representou uma rede internacional de países, em sua maioria ex-colônias, que buscavam uma posição soberana perante o cenário mundial de Guerra Fria. Como foi rememorado no primeiro dia de evento, o não alinhamento não significava absolutamente adotar uma posição neutra, ou ‘não escolher lados’ em uma conjuntura bipolar. A maioria dos países que constituíam o movimento eram ex-colônias e haviam conquistado sua independência recentemente através de processos revolucionários, de luta popular, como o caso de diversos países africanos cujas independências políticas marcaram a história nas décadas de 1960 e 70; ou o caso de Cuba, no Caribe, e a antiga Iugoslávia, países que já haviam obtido sua independência política e não eram formalmente colônias, mas que só conquistaram sua soberania através de processos revolucionários.

Segundo Samir Amim, O MNA “constituia uma recusa a se conformar com os requerimentos de uma globalização imperialista renovada. O Impersialismo ganhou a batalha, pelo menos por enquanto. Os Não-Alinhados foi, portanto, um fator positivo na transformação do mundo para o melhor, independente de suas limitações”.

Este primeiro dia teve uma sessão especial para recordar a importância histórica daquelas lideranças revolucionárias que tiveram a ousadia de fundar o movimento – Nasser do Egito; Nehru da Índia; Nkrumah de Gana; Soekarno da Indonésia e Tito, da Iugoslávia. Em suas origens, este espaço de articulação internacional se estruturava sobre os sentimentos de internacionalismo proletário, pois estava vinculado a nações e organização em processo de luta contra o imperialismo e rumo ao socialismo.

Para nós hoje, é de suma importância na organização de nossa resitência relembrar esta proposta de construção internacionalista de um futuro onde os trabalhadores tenham voz própria, tenham liberdade para governar com soberania e decidir sobre seu futuro. Acreditar na possibilidade de nações verdadeiramente independentes, cujo governo está assentado sobre o poder popular, construído a cada dia pelos povos e para os povos.

Como humanidade, estamos atravessando momentos difíceis; as perspectivas imediatas para nosso país são preocupantes, porém é importante lembrar que a lei fundamental da dialética é a constante transformação. O que hoje parece impossível, amanhã será inevitável, e a memória de nossos revolucionários do passado, assim como as conquistas e lutas dos trabalhadores em todo o mundo são combustível para nossa esperança e nos dão energia para lutar por um futuro melhor, em uma sociedade superior: o socialismo.

Julia Pereira Bevilaqua