Um basta ao derramamento de sangue na Faixa de Gaza
Reiteramos a necessidade da imediata articulação das forças de paz para que seja realizado um acordo com a participação da comunidade internacional no sentido de cessar a violência e as ameaças de intensificação do genocídio planejado contra o povo Palestino.
A iminência de um ataque terrestre à região norte da Faixa de Gaza significará uma verdadeira operação de extermínio da população palestina presa por Israel neste território, que representa hoje a área com maior densidade populacional do mundo. Não merece sofrer mais este povo submetido há quase vinte anos a um bloqueio denunciado e condenado reiteradamente perante os diversos fóruns das Nações Unidas como uma gigantesca prisão a céu aberto. Além de 73% daqueles que moram em Gaza serem refugiados expulsos de suas casas pela colonização de Israel, as condições indignas de vida a qual são submetidos é um ato de crueldade que encontra precedentes apenas nos campos de concentração nazista da II Guerra Mundial. Com um bloqueio total, famílias palestinas são impedidas o acesso a itens básicos para a vida como alimentos e água potável, insumos médicos e nem brinquedos (!); segundo relatório da ONU, 80% das crianças palestinas não têm acesso à alimentação básica.
Há que ter claro que a ocupação de Israel e suas constantes incursões sobre as casas e vidas palestinas são ilegais, representam um processo contínuo de ampliação de suas colônias que dura 76 anos. Foram diversas vezes comprovadas violações flagrantes contra os direitos do povo palestino, não apenas em seu direito de ir e vir ou acesso aos meios para manutenção da vida, mas na crueldade mesma com que atua o estado sionista de Israel. Em sua última operação terrestre, a Operação Chumbo Fundido de 2008, executou Crimes de Guerra como atacar regiões civis, e Crimes de Lesa Humanidade, com o uso de fósforo branco em bombardeios. Foram cerca de 1400 palestinos assassinados, entre eles 340 crianças e 50 efetivos do Hamas, suposto alvo dos ataques. As perdas israelenses somaram 13.
A comprovação dos crimes e condenações internacionais não implicaram absolutamente nada para o estado de Israel, que desde então bombardeou a Faixa de Gaza em 2012 na Operação Pilar Defensivo, em 2014 Operação Margem Protetora, 2021 Operação Guardião dos Muros, 2022 Operação Escudo e Flecha e inclusive em maio deste ano de 2023. Fez ouvidos surdos aos apelos das entidades de direitos humanos e cortes de arbítrio internacional, ao Conselho de Segurança da ONU e ignorou por completo os Acordos de Oslo dos quais é signatário.
A ação perpetrada contra Israel pelo Hamas, organização política eleita pelos palestinos para administrar seu Estado sem território, está ancorada em Leis Internacionais que preveem o Direito dos povos à autodefesa, assim como a própria Carta de Princípios da ONU, em especial, aqueles povos que são vítima de uma ocupação militar ilegal, como no caso da Faixa de Gaza.
A guerra representa destruição violenta de vidas e infraestrutura, por todas as vias condenável e deve ser evitada a todo custo, representando sempre perdas incomensuráveis para a humanidade. As estimativas apontam que a incursão do Hamas sobre as terras ocupadas por Israel no último dia 07 de outubro implicou cerca de 1.400 mortes; por outro lado, os bombardeios israelenses já tiveram 2.200 vítimas contabilizadas: já não se alcançou a tal “proporcionalidade” na “resposta merecida”, defendida pelos apoiadores de Israel? Mesmo no preparo de uma operação terrestre, Israel deu 24 horas para que o povo no norte da Faixa de Gaza abandonasse suas casas e migrasse para o sul, e depois bombardeou os comboios em rota! A pergunta é: Qual o objetivo de um “contra-ataque” terrestre? São cerca de dois milhões e meio de pessoas vivendo em constante reconstrução de sua vida cotidiana, devido aos bombardeios citados acima, mas também pela constante invasão de tropas à Gaza para derrubar as casas de camponeses palestinos e entregar a terra aos kibutz, habitados por colonos judeus, armados e treinados militarmente.
Não há outra solução: só haverá paz na Palestina quando houver o respeito ao povo palestino e ao direito internacional, com a solução de dois Estados.
Imediato cessar fogo e negociação de paz!
Secretaria de Relações Internacionais