Parlamento Europeu se alinhou a campanha anti-cubana
Havana, 12 mar (Prensa Latina)
A resolução anti-cubana que o Parlamento Europeu acaba de adotar
alinhou diretamente essa instituição com a feroz campanha política
e mediática desenvolvida atualmente contra Cuba, que procura
fabricar patriotas entre mercenários e delinquentes dentro do
trabalho de subversão dirigido a derrocar a ordem constitucional
erigida por nosso povo revolucionário há já 52 anos.
O que
ocorreu em Estrasburgo pode ser catalogado como outro episódio da
conspiração em marcha que, usando os principais meios de
comunicação e as organizações dirigidas pelos setores mais
reacionários, pretende aproveitar o lamentável incidente da morte
de um preso comum, recrutado depois por grupúsculos
contrarrevolucionários, por conta de uma prolongada greve de fome
mantida por decisão própria, para confundir à opinião pública
internacional.
Esta iniciativa impulsionada pela direita
europeia no Parlamento conseguiu mobilizar aos diferentes grupos
políticos que conformam este órgão legislativo, pondo em clara
evidência a convergência de posições de direita e reacionárias
que o compõem independentemente de nomes e classificações.
Isso
é fácil de compreender se se tomar em conta o próprio argumento da
convocação do debate no seio do Parlamento Europeu, para o qual se
levantou o tão batido tema na propaganda contra a Ilha de "a
situação dos presos políticos e de consciência em Cuba".
O
único objectivo era produzir uma condenação contra o governo e
povo cubanos, realmente submetidos à violação de seus direitos
pelo longo bloqueio estadunidense e pela ingerência em seus assuntos
internos também pela própria UE.
Durante o debate e para
tratar de afiançar suas posições os eurodeputados de direita não
tiveram pudor algum em assumir os desgastados argumentos
tradicionalmente utilizados pelos Estados Unidos, para questionar de
forma intervencionista nosso sistema político.
É lamentável
que o Parlamento Europeu inclua de forma tosca em sua resolução a
própria essência da "Posição Comum", sem ter sequer a
honestidade da mencioná-la.
Essa mesma "Posição
Comum" que como é amplamente conhecida, foi redigida em
Washington no mesmo ano em que impunham a Cuba a Lei Helms Burton,
ambas com o objetivo comum de destruir nossa Revolução.
O
Parlamento Europeu parece não entender ainda que, enquanto a
relíquia da "Posição Comum" exista, não haverá
normalização nas relações de Cuba com a UE.
Ao analisar a
fundo esta sessão da eurocâmara caberia perguntar onde ficaram os
sempre mencionados "princípios democráticos e a pluralidade"
esgrimidos pela desenvolvida Europa.
Sem o menor rubor, a
resolução adotada pela eurocâmara "insta as instituições
europeias a que deem apoio incondicional e alentem sem reservas a
transição política" em Cuba.
Assim mesmo, "insta
a que estabeleçam de imediato um diálogo estruturado com a
sociedade civil cubana e com aqueles sectores que apoiem uma
transição pacífica na ilha... utilizando os mecanismos
comunitários de cooperação ao desenvolvimento".
Isto
é, convoca abertamente os governos europeus a intensificar suas
atividades subversivas e suas Embaixadas em Havana a implicar-se
ainda mais no alento, no apoio e no financiamento aos mercenários.
A resolução demanda descaradamente que os projetos de
cooperação entre a Comissão Europeia e Cuba se utilizem com
propósitos subversivos.
Neste circo político chamou a
atenção a postura do Grupo Socialista Europeu, que se rendeu
obedientemente às posições mais de direita e anti-cubanas.
O
Vice-presidente do Grupo dos socialistas espanhóis Ramón Jáuregui,
ainda que agora se empenhe em demonstrar o contrário, chegou
inclusive, a contradizer a linha seguida pela presidência espanhola
da UE em sua política para Cuba.
Bem mais indignante ainda é
que aqueles que representam os países cooperantes no sequestro,
tortura e prisão em cadeias clandestinas de numerosas pessoas,
assumam uma posição de defensores de direitos humanos contra Cuba,
cuja revolução tem dedicado seus maiores esforços em salvar vidas
em seu território e no resto do mundo.
O Parlamento Europeu
deve olhar em seu entorno comum, onde se reprimem os imigrantes,
esquecem a desempregados, aumentam as desigualdades, se constatam
centenas de denúncias de torturas em suas prisões e de violações
dos direitos humanos.
O espírito de metrópole colonialista
rondou o plenário europeu quando muitos deputados se atribuíram o
suposto direito de impor e ditar.
Parecem esquecer que há 52
anos o povo cubano tomou as rédias de seu destino e que não
reconhece a esse Parlamento nenhuma jurisdição, e muito menos
autoridade moral.
Sentem-se com direito de imiscuírem-se em
nossas decisões internas e questioná-las. As autoridades europeias
só revelam seu verdadeiro e retrógrado espírito colonialista.
Falsa democracia mesmo é a que, sem contar com os
contribuintes europeus, pretende dirigir os fundos comunitários com
destino ao sujo empenho de subverter o sistema político de outro
país soberano.
É lamentável que uma instituição como
esta se dedique a articular planos conspirativos e a amparar
mercenários e delinquentes, ao mesmo tempo em que faz eco de
deslavadas mentiras e distorções mal-intencionadas da realidade de
nosso país.
No que pareceria uma burla, se não se tratasse
de um tema tão ofensivo para nosso país, esse mesmo parlamento que
supostamente tanto se preocupa pela proteção e defesa dos direitos
humanos em Cuba, foi capaz de recusar por uma ampla maioria, duas
propostas de emendas que justamente versavam sobre estes direitos.
Quais são os direitos humanos que ostentam os 439
eurodeputados que se opuseram abertamente a condenar e pedir o fim de
um bloqueio, que constitui uma escancarada violação dos direitos
humanos e um ato de genocídio, segundo o texto da Convenção de
Genebra? Talvez o direito à vida não seja o mais elementar de todos
os direitos humanos?
Como pode se compreender que esse
conclave recuse outra emenda que menciona a explosão do avião da
Cubana de Aviação em 1976 e prefere guardar silêncio sobre a
colossal hipocrisia que constitui o fato de que os Estados Unidos
mantenham presos cinco antiterroristas cubanos, enquanto dá refúgio
e proteção ao principal terrorista deste hemisfério? Será que
talvez algumas vidas têm mais valor que outras?
Com o
anterior só expõem sua submissão aos interesses norte-americanos e
mostram não ter uma política independente e própria.
Vozes
dignas como as do Grupo da Esquerda Unida, se opuseram à aprovação
da resolução anti-cubana.
Parte de seus membros, entre eles
o espanhol Willy Meyer e a portuguesa Ilda Figueiredo, catalogaram
como hipócrita a postura da Eurocâmara ao questionar Cuba e não
fazer o mesmo com o golpe militar de Honduras.
Recordaram que
esse foi, quiçá o único parlamento no mundo que não recusou "o
golpe, com seus assassinatos e suas torturas".
Também,
instaram a União Europeia a pôr fim à "Posição Comum"
ao mesmo tempo em que exigiram o fim do bloqueio e denunciaram a
injusta prisão dos cinco antiterroristas cubanos em cárceres dos
Estados Unidos.
Uma vez mais equivocam-se com o povo de Cuba
quem pretende enquadrá-lo com a tentativa de submeter a nossa
pequena Ilha a tratamentos singularizados.
O ocorrido no
plenária do Parlamento Europeu, ficará na história como evidência
da mentalidade ainda colonialista dos estados europeus.
ocs/jrr/es