Ilich Ramirez Sanches
Fonte: Comitê pela Repatriação de Ilich Ramirez
Tirado do site da Juventude Comunista da Venezuela (http://www.jovenguardia.org)
Traduzido do espanhol por: Cooperativa INVERTA
"Ilich Ramírez
Sánchez nasceu em Caracas, Venezuela, em 12 de outubro de 1949.
Sua mãe é Elba María Sánchez, oriunda de San Cristóbal, estado
de Táchira, e seu pai foi o advogado Altagracia Ramírez Navas (1914
– 2003), nascido em Michelena, Estado Táchira.
Leia também o texto de Carlos sobre a história do assalto à OPEP
De seu pai,
convencido e conseqüente Marxista-Leninista, obtém sua formação
ideológica e a fonte de inspiração para sua futura vida de
combatente internacionalista. Seus dois irmãos menores, Lenín e
Vladimir, também nasceram em Caracas, em 1951 e em 1958,
respectivamente.
Tendo realizado sua educação primaria em casa
com professores particulares marxistas, Ilich e Lenín cursaram o
colegial no Liceo Fermín Toro de Caracas, onde ambos se formaram no
“científico” em junho de 1966.
Em agosto desse mesmo ano,
Ilich, sua mãe e seus irmãos se mudaram para Londres, Inglaterra,
para seguir a formação desenhada por seu pai, com a intenção de
aprender sobre as culturas e os idiomas da Inglaterra, França e
Alemanha, para posteriormente voltar ao país dotados de ferramentas
culturais e ideológicas que lhes permitissem incidir na
transformação da realidade venezuelana. No entanto, tal processo
foi alterado em setembro de 1968, quando Ilich e Lenín obtiveram uma
bolsa através do Partido Comunista da Venezuela (PCV) para estudar
na Universidade Patrice Lumumba de Moscou, na União
Soviética. Durante dois anos de formação acadêmica na Lumumba,
Ilich entrou em contato com estudantes de diferentes nacionalidades e
conheceu de perto as lutas armadas anti-imperialistas de seus países,
particularmente a causa do povo palestino, oprimido pelo Estado de
Israel e seu mentor Estados Unidos. Finalmente, no verão de 1970,
devido a desavenças com as autoridades soviéticas e com alguns
quadros venezuelanos, é expulso da Lumumba.
Em julho de 1970,
Ilich viajou ao Oriente Médio para incorporar-se à luta armada
do povo palestino. Estando num acampamento de formação de
combatentes da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP)
na Jordânia, presenciou os terríveis acontecimentos do Setembro
Negro, desatado nesse mesmo ano pelo regime jordaniano contra os
palestinos refugiados em seu território. Seu mentor na FPLP, WADIH
HADDAD, indica-lhe “Carlos” como nome de guerra, por ser um nome
hispânico proveniente do árabe “Khalil”.
Em fevereiro de
1971, Ilich volta a Londres para empreender ações de
inteligência para a FPLP, sob a cobertura da normalidade de sua
vida familiar ao lado de sua mãe e de seus dois irmãos. Permaneceu
com a família até outubro de 1974, quando se mudou para Paris
(França). Sua família viajou de volta à Venezuela em fevereiro de
1975. Em 27 de junho de 1975, em uma festa com outros venezuelanos
num estudio do edifício Nº 9 da Rue Toullier, localizado no Bairro
Latino de Paris, três agentes policiais franceses e um delator
libanês a serviço da polícia francesa, Michel Moukharbal,
apresentaram-se perguntando por ele. Depois de algumas palavras e de
acusações do delator libanês, se produz a troca de balas em
decorrência da qual morrem dois agentes policiais e o delator
Moukharbal. O terceiro agente policial fica gravemente ferido. Ilich
desaparece do local ileso.
Na manhã do dia 21 de dezembro de
1976, à frente de um comando internacionalista de combatentes, Ilich
dirige o assalto à sede da Organização dos Países Exportadores
de Petróleo (OPEP) em Viena (Áustria), fazendo 62 reféns,
entre eles os ministros dos países membros de dita organização,
seu pessoal de apoio, guarda-costas e o pessoal administrativo e de
segurança da OPEP. O assalto teve o propósito de chamar a atenção
do mundo à situação da Causa Palestina, denunciar sua opressão
pelos governos de Israel e dos Estados Unidos, bem como a atitude
cúmplice dos governos da Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos,
Qatar e Irã (sob o regime do xá Reza Pahlevi). Após confrontos que
deixaram um saldo de três mortos, em 22 de dezembro de 1976 os
combatentes e seus 42 prisioneiros de guerra partiram em vôo desde
Viena para a Argélia. Em 24 de dezembro, através de périplo por
vários países do Magreb e de volta à Argélia, o comando
revolucionário – tendo tido êxito em seus objetivos – terminou
o operativo, libertou todos os reféns e retirou-se, para
reincorporar-se à luta pela causa Palestina.
A partir da exitosa
e notória ação de Viena, os meios de comunicação
pró-capitalistas deram rédea solta ao mito de Ilich – mal chamado
de “O Chacal” para desqualificar sua ação (Nota da
tradução: referência ao personagem descrito no livro de Federic
Forsyth, que teria tentado assassinar o Gal. Charles de Gaulle em
Paris) – atribuindo-lhe a autoria de numerosas ações armadas a
favor da causa palestina, entre elas o seqüestro, em julho de 1976,
de um avião da Air France e seu desvio a Entebbe, Uganda, que foi
frustrado por um assalto armado de comandos israelenses para libertar
os reféns. Ilich efetivamente NÃO participou nesta operação.
A partir de 1977, Ilich
e seus colaboradores internacionalistas participaram ativa e
intensamente na guerra entre oriente e ocidente, árabes e sionistas,
oprimidos e opressores, tendo como palcos de luta a Europa e o
Oriente Médio, e como principais inimigos os serviços de
inteligência de Israel, dos Estados Unidos e de seus aliados. A
partir de 1990, após a queda da União Soviética e do Campo
Socialista, Ilich restringe sua ação ao Oriente Médio, onde a
contínua pressão dos EUA, de seus aliados na Europa e de Israel
sobre os governos que antes eram aliados de Ilich vai fechando os
espaços para sua ação.
No fim de 1993, Ilich chega ao Sudão,
onde lhe oferecem refúgio e apoio em tempos difíceis. No entanto, a
pressão do ocidente sobre o governo sudanês surtiu efeito, de modo
que o mesmo voltou atrás e chegou a um acordo com as forças
imperialistas para entregar Ilich em troca de “maior
consideração” com o Sudão, bem como informação e recursos
materiais para acabar com a insurgencia cristã que travava uma
sangrenta luta contra o regime islâmico ao sul do Sudão. Tal
insurgência HAVIA SIDO ARMADA E TREINADA PELAS PRÓPRIAS POTÊNCIAS
OCIDENTAIS QUE AGORA SACRIFICAVAM-NAS PARA OBTER SEU OBJETIVO MAIOR:
“CARLOS”.
Desta maneira, em 15 de agosto de 1994, enquanto recuperava-se de uma operação devido a varicela, Ilich foi subjugado pelos próprios oficiais sudaneses que estavam encarregados de protegê-lo, foi drogado por um médico sudanês e levado com algemas e capuz a um aeroporto da capital sudanesa, Jartum, onde foi entregue a agentes de segurança franceses a bordo de um jato executivo. Em poucas horas, lhe foi entregue em território francês, na base aérea de Villacoublay, uma ordem de captura nacional (que seria válida apenas para pessoas detidas em território francês), para que logo fosse encerrado nos cárceres franceses. Estes fatos foram reconhecidos publicamente pelas autoridades francesas do momento, responsáveis pela ação.
Dado que Ilich foi transladado à força desde o Sudão até a França, sem que se cumprisse o processo de extradição requerido em casos similares, se fala do SEQÜESTRO de Ilich pelo Estado francês, o qual INVALIDA o processo judicial que lhe foi imposto desde então na França e obriga, portanto sua imediata libertação e conseguinte repatriação à Venezuela, seu país de origem, garantindo seus mais elementares direitos humanos.
É necessário denunciar que nos mais de doze anos de prisão nos cárceres franceses, Ilich sofreu torturas físicas, agressões e tentativas de assassinato por outros presos, a mando das autoridades penitenciárias francesas, torturas psicológicas – isolamento total durante quase 10 anos e privação prolongada de sono – bem como outras situações vexatórias e violatórias de sua condição de prisioneiro, cujos direitos são estabelecidos e reconhecidos por Convenções Internacionais das quais são signatárias tanto a França como a Venezuela.
Devido à contínua
violação de seus direitos humanos, Ilich manteve-se em greve de
fome e de sede durante mais de 20 dias, em novembro de 1998, para
protestar por sua situação. Sem obter mediação ativa da Embaixada
da Venezuela em Paris, nem da Chancelaria do governo do então
Presidente Rafael Caldera, apenas o chamado do líder da FPLP -
George Habash - pôde dissuadir Ilich da ação que o manteve à
beira da morte.
Em dezembro de 1997, Ilich foi condenado à prisão
perpétua pelas mortes de 2 agentes policiais franceses e de um
delator libanês, ocorridas em julho de 1975 na rua Toullier, em
Paris, em julgamento levado a cabo ante a Corte de Assis em Paris, de
origem napoleônico, que condenou-o sem que existissem provas
conclusivas ou testemunhas presenciais dos fatos. Além disso, há
12 anos sofre 5 outras acusações: Atentado com granada na farmácia
“Le Drugstore” de Paris em 15 de setembro de 1974; Explosão de
bomba no comboio de alta velocidade “Le Capitole”, que viajava de
Paris a Toulose em 29 de março de 1982; Explosão de carro-bomba na
rua Marbeuf de Paris, em 22 de abril de 1982; Explosão de bomba no
comboio de alta velocidade que viajava de Marselha a Paris, à altura
do povoado de Tain L’Hermitage, em 31 de Dezembro de 1983; Explosão
de bomba no comboio de alta velocidade que viajava de Paris a
Marselha, ocorrida na estação ferroviária de Gare Saint-Charles em
Marselha, no mesmo 31 de Dezembro de 1983.
É necessário
esclarecer que até a data (março de 2007), o sistema judicial
francês foi incapaz de demonstrar a responsabilidade de Ilich
em qualquer desses 5 atentados “terroristas”. O caso de Le
Drugstore foi engavetado pelo juiz da causa, Jean Louis Bruguière,
para fazê-lo reaparecer quando seja conveniente, argumentando que
Ilich ainda é processado por cometer um ato de “terrorismo” –
no caso de que o Estado venezuelano reclame sua repatriação
sob os benefícios do tratado de intercâmbio de presos assinado pela
Venezuela e a França. As outras quatro acusações foram agrupadas
em uma só, sem possibilidade real de que resultem na condenação de
Ilich.
Finalmente, deve-se ressaltar que desde 5 de janeiro de
2006 Ilich foi transladado da prisão de Santé, em Paris, a
Clairvaux, localizada a 260km e a um dia de viagem de Paris. Com
esta manobra, as autoridades judiciais francesas conseguiram o
isolamento de fato de Ilich, uma vez que sua defesa
(ad-honorem) carece de recursos econômicos para cobrir 2 dias de
viagem em cada visita ao defendido. Quanto aos servidores públicos
da Embaixada da Venezuela em Paris, sua última visita a Ilich foi em
novembro de 2006, e mal durou 40 minutos.
É urgente e necessário que Ilich seja trasladado de volta à prisão de Santé em Paris, para poder atuar em conjunto com seus advogados em sua defesa nos julgamentos que seguirão, uma vez que em seu isolamento atual no cárcere de Clairvaux lhe é impedido o acesso às fotocopias dos processos, deixando-o totalmente indefeso diante do injusto e parcial sistema judicial francês."