Carta de Hugo Chaves a Ilich Ramirez

Carta-resposta do presidente da Rep. Bolivariana da Venezuela, Hugo Chavez Frías, ao cidadão venezuelano Ilich Ramirez Sanchez, o comandante "Carlos", comunista histórico internacionalista que lutou na FPLP palestina e encontra-se hoje como preso político na França.

Cidadão
Ilich Ramírez Sánchez
Presente
Distinto Compatriota:

Nadando nas profundidades de sua carta solidária pude auscultar um pouco os pensamentos e os sentimentos; é que tudo tem seu tempo: de amontoar as pedras, ou de lançá-las… de dar calor à revolução ou de ignorá-la; de avançar dialéticamente unindo o que se deva unir entre as classes em combate ou propiciando o confronto entre as mesmas, segundo a tese de Iván Ilich Ulianov.
Tempo de poder lutar por ideais e tempo de não poder senão valorizar a própria luta… Tempo de oportunidade, do fino olfato e do instinto à espreita para atingir o momento psicológico propício em que Ariadne, investida de leis, teça o fio que permita sair do labirinto… O Libertador Simón Bolívar, cuja teoria e praxis conformam a doutrina que fundamenta nossa revolução, em esfíngica invocação a Deus deixou cair esta frase, prelúdio de seu desaparecimento físico: "Como poderei sair eu deste laberinto…!" A frase, de conteúdo tácito e recolhida por seu médico de cabeceira, o francês Alejandro Próspero Reverend em suas Memórias, é lume profundo do caminho que seguimos. Outro francês, Alejandro Dumas, finaliza sua obra O Conde de Montecristo com esta frase de Jesus: "A vida dos homens está cifrada em duas palavras: Confiar e Esperar, induzindo a pensar que ao final da batalha aparecerá algum Ser Supremo que, investido de sabedoria como o Abade Faría, inspire o caminho de saída, envolvido em novas sínteses revolucionárias em aproximação a Deus que a cada um leva em seu coração. Digamos com Bolívar que o tempo fará prodígios só enquanto mantenhamos retidão de espírito e enquanto observemos essas relações necessárias que se derivam da natureza das coisas. A humanidade é uma só e não há magnitude espaço-tempo que detenha o pensamento do herói caraquenho. Digamos com ele: "Eu sinto que a energia de minha alma se eleva, se alarga e se iguala sempre à magnitude dos perigos. Meu médico disse-me que minha alma precisa se alimentar de perigos para conservar meu julgamento, de maneira que, ao me criar, Deus permitiu esta tempestuosa revolução, para que eu pudesse viver ocupado em meu destino especial."

Com profunda fé na causa e na missão, agora e para sempre!

HUGO CHÁVEZ FRIAS


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