O Livro A Crise do Capital em Marx e suas implicações nos Paradigmas da Educação
O Livro A Crise do Capital em Marx e suas implicações nos Paradigmas da Educação: Contribuição ao Repensar Pedagógico no Século XXI, parte da hipótese teórica de que é possível estabelecer mais precisamente as conexões categóricas entre o conceito de crise do capital e o conceito de educação, mediatizada pelo conceito de paradigma, dado o caráter de subsunção destas categorias ao conceito de capital, em Marx. A obra sugere um quadro tendencial das relações entre economia, ciência e educação, possibilitando ao pensamento pedagógico adiantar-se e atuar sobre estas tendências dirigindo-as para metas e objetivos fixados no interesse social. Ao vazio da proposição de “nova economia” e seu discurso de “pós-modernidade” derrotados pela crise, consumando-se a crise de paradigmas, o livro aponta a teoria e o método de Marx – o materialismo histórico e dialético, como alternativa crível. Afirma que a teoria conceitual do capital em Marx, ao condensar as múltiplas determinações da totalidade social concreta, permite aos sujeitos cognoscente elaborarem cenários prospectivos para sociedade, a economia, a ciência e a educação, contribuindo para a superação da crise.
Entretanto, a investigação temática vai além deste objetivo. A proposição implícita de desenvolver a teoria da crise, a partir do método de Marx e das reconfigurações conceituais contemporâneas - Mèszáros, Lebowitz e até mesmo Arrighi - parece preencher a lacuna crítico-teórica destes trabalhos no processo educacional brasileiro. Grosso modo, o que existe de mais substancial é Frigotto e Saviani, sem esquecer trabalhos como Salm, Gentili e Gadotti. Contudo, são reflexões problemáticas devido a abrangência temporal e ecletismo. Portanto, o livro apresenta uma investigação realista e revolucionária, ao ter em conta a etapa do desenvolvimento das forças produtivas materiais e das relações sociais de produção da sociedade brasileira e apontar um caminho para uma sociedade mais humana, justa e igualitária, evitando o “realismo ingênuo”.
A crise do capital atual, teoricamente, reconduziu a sociedade humana a momentos decisivos de sua história. Na etapa atual, as crises econômicas de 1998-2001 e de 2008-2012, são o novo bater de asas das borboletas1, elas fizeram emergir a crise de paradigmas que conduz educandos e educadores à nova época de rebelião das forças produtivas (força de trabalho, ciência e educação), contra as relações de produção e propriedade, exigindo dos sujeitos históricos irem “às últimas consequências na solução dos problemas postos para sociedade”. Teórica e praticamente é momento da educação brasileira fazer seu duplo giro: a revolução científica e educacional.
A amálgama de métodos educacionais diversos não muda a lógica teocêntrica ou antropocêntrica nesses da noção metafísica de natureza ou essência humana que fundamenta a relação docente/discente. Daí, a substituição radical do método Brasilis pelo método Ratio Studiorum, inaugura a pedagogia do suplício em lugar da pedagogia do artifício, revelando o segredo da naturalização de mitos como os do “homem cordial” e da “democracia racial”. A pedagogia do suplício ou castigo – a chibata, o açoite, o tronco, o pelourinho – foi o cimento paradoxal da metafísica eclesiástica educacional que consumou a transfiguração étnica na antropogênese do povo brasileiro que resistiu às reformas pombalinas, ao experimentalismo pedagógico (das correntes teóricas do iluminismo) e ao pragma escolanovista; subsumindo até mesmo a essência pedagógica da educação popular, perpetrando-se como paradigma unidimensional do currículo oculto da sociedade atacanhando a consciência nacional, a ciência e a educação.
Portanto, a investigação busca contribuir com a sintonia do pensamento pedagógico nacional com uma das principais temáticas do momento histórico da sociedade, da ciência e especialmente da educação brasileira. Nesta última, urge solucionar os problemas históricos que estão se aprofundando com a crise do capital, comprometendo o esforço nacional de um futuro mais promissor, não tão distante, para todos os brasileiros. É assim que a proposição temática sugere aos educadores do país mais que formar sujeitos históricos que aportem commoditties ao mercado internacional, superem as amálgamas internas e grilhões que aprisionam a sociedade brasileira à condição geral de capitalismo dependente subimperialista. E assim contribuir para a construção de um novo paradigma de sociedade igualitária entre seus produtores, projetando, sobretudo, a sua inteligência de gerar abundância material, em equilíbrio dinâmico com as riquezas naturais e em solidariedade e cooperação com as demais nações e povos do continente.
Aluisio Pampolha Bevilaqua
1 parafraseando o efeito borboleta na Teoria do Caos, de Edward Lorenz