Graças a seu papai, George W. Bush não enfrentou os horrores do Vietnã
Graças a seu papai, George W. Bush não enfrentou os horrores do Vietnã
Difundir informações sobre o tema na véspera das eleições presidenciais de 2004 custou anos de vexações ao jornalista e locutor da cadeia televisiva CBS, Dan Rather, que há uns dias abriu um processo milionário contra seu ex-patrão por tê-lo castigado a fim de acalmar o atual inquilino furibundo da Casa Branca.
Naquele momento, Rather tinha sido obrigado por seus chefes a pedir desculpas no noticiário de maior audiência nos EUA por "utilizar documentos aparentemente falsos" sobre o serviço militar do presidente George W. Bush durante a guerra do Vietnã... apesar de saber perfeitamente que eram autênticos.
Num artigo publicado recentemente sobre esta controvérsia, Greg Palast, famoso jornalista investigador britânico revela como a escandalosa covardia de Bush é conhecida e comprovada desde 1999. Palast lembra que, em 8 de setembro de 2004, Rather publicou uma reportagem na qual explicava como em 1968, o então congressista George Bush, o papai do atual presidente, tinha arrumado as coisas para que seu filho não se alistasse para a guerra do Vietnã, como devia fazê-lo, e que passaria o tempo do serviço militar numa unidade de aviação da Guarda Nacional. Algo completamente inusual quando o corpo militar exigia de seus novos pilotos três anos de experiência anterior numa unidade regular da força aérea nacional.
"Georginho salvou-se então da guerra para defender Houston de um ataque vietcong", ironiza o jornalista. Papai Bush realizou a manobra quando faltava a seu ‘filhinho’ apenas doze dias para ser formalmente recrutado para a guerra.
A BBC já revelara a informação um ano antes, destaca Palast e nunca teve que retratar-se.
PARA SALVAR O ‘FILHINHO’: US$23 MILHÕES
A reportagem da BBC, indica o repórter, baseava-se num documento confidencial do Departamento de Justiça, onde se revelava como o tenente governador do Texas, Bem Barnes, que fez a tramóia para tirar Bush filho das listas da US Army recebeu, 35 anos mais tarde, sua recompensa.
Em 1997, o então governador George W. Bush outorgou de maneira irregular um contrato da loteria estatal no valor de US$1 bilhão a uma empresa vinculada a Barnes. Este último recebeu então uma comissão de US$23 milhões.
Barnes confessou que, em 1968, recebeu um telefonema do negociante Sid Adger, sócio da família Bush, solicitando que fizesse o favor de subir o herdeiro Bush na lista de espera da Guarda Nacional. O atual presidente sempre declarará depois, falsamente, que faltavam candidatos para somar-se ao corpo militar, cujos membros, normalmente, não são chamados a deslocar-se do território nacional.
Barnes ligou então para o general James Rose, comandante local da Guarda, que inscreveu ‘W’ numa unidade da base aérea de Ellington, onde se reuniu com vários "filhinhos de papai".
Rapidamente, Bushinho recebeu a patente de segundo-tenente quando seus companheiros não tão privilegiados esperavam anos antes de obter tal patente.
Bush sempre se distinguiu por suas ausências não-justificadas e suas demoras em cumprir as tarefas determinadas. Paulatinamente, aprendeu a pilotar o F-102, um avião obsoleto que já não se usava no conflito do Sudeste asiático.
De Ellington, pediu uma transferência para Montgomery, Alabama, onde nunca apareceu. Mas sim foi visto agitando-se nas artimanhas que rodeavam a campanha eleitoral ao senado de Winton "Red" Blount, um sócio de seu clã. E também farreando numas festas onde já se observava sua inclinação imoderada para o álcool. O consumo de maconha e de cocaína então estava na moda nas reuniões dos jovens endinheirados e seus ex-sócios afirmam que o futuro presidente compartia alegremente esse gosto.
Vários documentos desapareceram misteriosamente dos arquivos da Guarda Nacional que permitiriam comprovar as atividades ou as ausências das mesmas de George W. Bush nos anos da guerra.
Em 1972 (o ano do Watergate), ‘W’ então com 26 anos, decidiu subtrair-se à mascarada, casualmente quando a Guarda Nacional começou a impor provas antidrogas. Foi então destinado para tarefas civis em Denver onde nunca apareceu.
Enquanto isso, 58 mil compatriotas de sua idade deixavam suas vidas no Vietnã, noutra guerra inútil de um império decadente.
Apesar de sua covardia documentada, Bush nunca titubeou em exibir-se com o mesmo uniforme da Força Aérea usado pelos que nunca regressaram do conflito.
Como se obstina a manter mais de 150 mil jovens soldados no Iraque. Mais de 3.800 destes já morreram nesta guerra de ocupação e milhares se tornaram inválidos... Tal como mais de um milhão de iraquianos, que foram vítimas das lições de "democracia" deste "cowboy" texano que tinha tanto medo da guerra.