Curta Metragem Paraibano mostra solidão no terminal da cidade Paraibana Campina Grande

"O filme foi rodado em Campina Grande, no Terminal Rodoviário Argemiro de Figueiredo, no final de semana passado, indo do sábado e atravessando as primeiras horas da madrugada da segunda-feira (28). Tem como pano de fundo a história de um homem que assiste a sua própria solidão vivida em meio a uma multidão que atravessa aquele terminal em todos os sentidos, num vai e vem frenético no qual ficam escondidos emoções, razões, objetivos e frustrações,"

Curta Metragem Paraibano mostra solidão no terminal da cidade Paraibana Campina Grande

Terminais rodoviários têm, mundo afora, pelo menos uma coisa em comum.

Uma cena: o entra e sai de pessoas que reservam identidade umas com as outras e ao mesmo tempo são totalmente estranhas. Para Helton Paulino, cineasta, essa cena que se repete dia após dia para muitos pode passar despercebida, mas para ele foi o combustível necessário para pôr as idéias em movimento e dar asas à imaginação.

Da observância de uma dessas cenas, de pessoas que se vêem e pessoas que se despedem e de alguém que se perde em todo esse cenário, só, isolado por todos, disperso entre todos, é que Paulino filmou sua mais nova produção: o curta-metragem "Terra Erma". A produção deve ser lançada na segunda quinzena de março pelo Moinho de Cinema da Paraíba, em terras campinenses, e depois deve correr o circuito dos festivais nacionais.

O filme foi rodado em Campina Grande, no Terminal Rodoviário Argemiro de Figueiredo, no final de semana passado, indo do sábado e atravessando as primeiras horas da madrugada da segunda-feira (28). Tem como pano de fundo a história de um homem que assiste a sua própria solidão vivida em meio a uma multidão que atravessa aquele terminal em todos os sentidos, num vai e vem frenético no qual ficam escondidos emoções, razões, objetivos e frustrações.

Helton Paulino explica que "esse homem vive em meio a solidão e a tristeza de uma vida; é um homem que se satisfaz em ir diariamente ao terminal rodoviário da cidade, ficando a perambular pelos portões de embarque e desembarque, assistindo ao cotidiano dos reencontros e das despedidas das inúmeras pessoas que por ali passam", comenta o diretor.

Esse homem será vivido pelo professor de letras da Universidade Federal de Campina Grande, Gagah Dias. Esse é o primeiro papel que Gagah representa e já encara o protagonista da trama. Segundo ele, o fato de o curta não ter diálogos, de ser apenas contado por meio de gestos, exigiu mais esforço dele. E ressalta: "O personagem desse filme é totalmente diferente de mim; logo eu que sou professor e gosto de falar muito, aqui vou ter que usar apenas expressões!", observou Gagah.

 Semelhanças com história verídica

A preparação cênica do ator principal do filme foi feita por André Costa, que assina pela direção de elenco da produção. André também reserva experiência com o cinema. Ele dirigiu o filme ‘Bicho medonho’ com o qual conquistou um prêmio no Comunicurtas – Festival de Cinema de Campina Grande. E agora se prepara para lançar um próximo trabalho: ‘Amanda e Monick’.

De acordo com Helton Paulino, o filme ‘Terra Erma’ guarda semelhanças com uma história real. Ele conta que um dia estava no Terminal Rodoviário de João Pessoa e lá observou uma pessoa que parecia esperar por algo, ou mesmo por nada, em meio ao vazio de significância dos sentimentos aparentes, a imprecisão do que se expressava ora através de choro, ora através de risos.

"Uma vez eu estava na rodoviária da Capital, e enquanto esperava o meu ônibus para Campina Grande, me deparei com um uma pessoa que estava sentada numa daquelas cadeiras de espera do terminal. Ele agia de um modo estranho. Ele ria muito para as pessoas e ao mesmo tempo em que ele ria, ele também chorava. Era uma confusão de sentimentos muito grande. Então eu comecei a prestar atenção nele. A partir daí comecei a viajar numa história, pensando em um personagem que tivesse uma história de vida parecida. Assim nasceu Terra Erma".

Helton Paulino assina outras produções com as quais vem conquistando reconhecimento da crítica especializada e do público. É diretor do vídeo "Uma Curta Chama" premiado no Festival Aruanda Audiovisual Universitário de 2006, como melhor vídeo de um minuto e "Sob a luz da projeção", documentário de 30 minutos, premiado no Festival Comunicurtas, de 2007, como melhor filme pelo júri popular.

Saiba mais!

A mais nova produção de Helton exigiu dele um novo olhar sob o seu modo de fazer cinema. Isso porque o filme, como citado pelo ator e professor Gagah, apresenta uma estética totalmente diferente da que já usou: a ausência de diálogos. "Tudo é contado através de gestos. Terra Erma é um filme sem diálogos. Logo as cores, as sombras e os objetos falarão por si só", explica.

Estão trabalhando na produção desse filme aproximadamente 30 pessoas, dentre elas o fotógrafo paraibano já conhecido do cenário audiovisual Bruno de Sales, o produtor Ronaldo Nerys, o diretor de artes, Carlos Mosca e Jhesus Tribusi que além de assistente de direção é o continuísta do curta-metragem. O curta conta com algumas parcerias, mas a maior parte dos envolvidos trabalham de forma "independente e amiga" como gosta de frisar o diretor. "São todos amigos que trabalham em prol de uma única causa: o cinema", completa Helton.

Hoje na Paraíba existe um movimento crescente da produção de vídeos em curta-metragem com contextos dos mais diversos, muitos festivais estão sendo realizados na capital João Pessoa e muitos são os prêmios que os realizadores de vídeo estão recebendo pelo Brasil a fora.

É preciso ainda avançar para que existam políticas que acabem com esses editais de financiamentos que por sinal só servem para burocratizar e dificulta o crescimento ainda mais de nosso cinema brasileiro.

Sucursa/PB