O discurso de Bolsonaro na ONU
Na abertura da 75ª Assembleia das Nações Unidas realizada virtualmente devido à pandemia da Covid-19, o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, fez um chamamento pela liberdade religiosa em todo o planeta e pela unidade dos cristãos para combater o que ele chama de “Cristofobia” em escala global, tergiversou sobre a crise sanitária no país, com a pandemia e a trágica queimada que assola o Pantanal. O anacronismo do discurso do atual presidente do país foi uma aberração a olhos vistos no Brasil e no mundo.
A Prensa Latina divulgou, em 22 de setembro, que movimentos sociais e organizações ambientalistas realizaram protestos virtuais contra os incêndios no Pantanal durante o discurso do presidente Jair Bolsonaro na 75ª Assembleia Geral das Nações Unidas. A manifestação, convocada pelo Observatório do Clima e pela Agenda GT 2030, denunciou a política ambiental de Bolsonaro e alertou sobre o pouco feito pelo governo diante dos desmatamentos e incêndios na Amazônia, Cerrado e Pantanal, principais biomas do país. O Brasil teve, nesses biomas, 16 mil queimadas, entre 1 de janeiro e 21 de setembro de 2020, mais uma tragédia a ser contabilizada durante a gestão do governo de ultradireita.
Rebatendo o pronunciamento de Jair Bolsonaro, dentro das próprias premissas religiosas cristãs, quem defende a tortura, a violência e as agressões ao meio ambiente, certamente está em oposição ao que pregou Jesus de Nazaré, em posição de defesa, antes de tudo, do dinheiro e da exploração dos recursos naturais até estes se exaurirem e não restar mais salvação para as espécies e planeta, dentre elas, o ser humano.
A tragédia da Covid-19 para todo o mundo é uma demonstração do desequilíbrio planetário, um dos problemas mais visíveis do ecossistema. O aquecimento do mundo, com o efeito estufa, está longe de uma solução e a temperatura pode subir 4º Celsius até 2050, o que levará a mudanças climáticas irreversíveis no planeta. A extinção de milhares de espécies animais e vegetais, segundo estudo publicado recentemente, é uma constatação de que o homem tem que mudar de atitude ou a Hidra de Lerna se abaterá sobre todos nós: “Ou me decifra ou te devoro!”
Julio Cesar de Freixo Lobo