BRASIL SAI DO MAPA DA FOME
Após anos de retrocessos e sofrimento imposto pelas políticas neoliberais nos últimos governos golpistas e protofascistas, o Brasil enfim celebra estar oficialmente fora do Mapa da Fome da ONU. Segundo dados divulgados pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), menos de 2,5% da população está em risco de subalimentação (situação em que uma pessoa consome, de forma habitual, menos calorias do que o necessário para manter uma vida ativa e saudável). Com isso, o Brasil conseguiu reverter o cenário catastrófico deixado pelo golpe de 2016 que é uma manifestação da crise orgânica do capital, elemento fundamental para compreensão da dinâmica atual do modo de produção capitalista.
Entre 2016 e 2022, mais de 33 milhões de pessoas voltaram a passar fome em nosso país. A volta ao Mapa da Fome naquele período não foi um acaso: foi projeto político. Um projeto de extermínio, sustentado pela lógica do capital, diante de um processo de crise da produção do valor onde a população trabalhadora se encontra fora do processo produtivo, e portanto é vista como mercadoria descartável.
Com a retomada de um governo com políticas sociais democratas, e um projeto minimamente alinhado aos interesses da classe trabalhadora: o Bolsa Família foi fortalecido, o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) reativado, o apoio à agricultura familiar ampliado e o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA) reinstalado. A rearticulação de programas voltados à soberania alimentar, como o PNAE (alimentação escolar com produtos da agricultura familiar), também foi decisiva.
Por conseguinte, a saída do Mapa da Fome é uma conquista coletiva, que corresponde a luta de classes. Não se trata de uma dádiva institucional, mas de um território político em disputa. Neste sentido, é preciso continuar avançando pois a fome é uma ameaça constante enquanto a sociedade estiver atrelada a lógica do capital.
Portanto, a esquerda revolucionária deve celebrar, mas sem ilusões, pois não basta sair do Mapa da Fome, porque a fome não é um fenômeno natural: é fruto de um sistema que privilegia os lucros acima da vida.
Sophia Castellano