Carnaval em Minas Gerais: Expressão da diversidade
O carnaval foi trazido ao Brasil pelos portugueses no século XVII, sob a forma de “Entrudo”. Os foliões, ou seja, os participantes molhavam uns aos outros com baldes de água fria, vinagre, limões, sujando-se com farinha de trigo, tinta e pó-de-arroz. As mudanças que vieram com o tempo, fizeram do “Entrudo” o carnaval de nossos dias, mais ameno do que naqueles tempos. Seguidamente foram aparecendo os adereços que conhecemos hoje, como o confete, a serpentina, entre outros.
É fácil perceber uma exaltação de personalidades: indivíduos obrigados a manter condutas represadas ou reprimidas extravasam seus sentimentos durante a festa. O carnaval é uma das maiores manifestações de cultura popular, que mistura festa e espetáculo, arte e folclore. A variedade dessa festa é enorme.
Em Minas gerais o carnaval possui diversos aspectos. Entretanto sua essência não muda. A descontração é o objetivo maior dos foliões. Por ser um estado de grande extensão geográfica, Minas Gerais tem um movimento carnavalesco que se diferencia de região para região. As cidades históricas do ciclo do Ouro e do Diamante são ocupadas por turistas vindos de diversas partes do país para apreciar o seu patrimônio arquitetônico e brincar o carnaval de rua.
Estas brincadeiras misturam a tradição dos blocos carnavalescos com o axé baiano dos trios elétricos. Este é, por exemplo, o caso de Ouro Preto, a antiga Vila Rica, onde se originou o carnaval mineiro. Nessa velha cidade de ladeiras e sobrados, o Bloco mais tradicional é o Zé Pereira, criado em 1867 e que nestes 145 anos anima os carnavais ouropretanos. O Zé Pereira foi fundado pelos lacaios, empregados do Palácio do Governador (grupos de foliões de rua munidos de tambores e bumbos). Suas principais alegorias são os bonecos com mais de dois metros de altura. Outra atração são as janelas eletrônicas – musica mecânica ou musica executada ao vivo - nas diversas repúblicas de estudantes espalhadas pela cidade.
Em outras regiões, como por exemplo, Juiz de Fora e São João Del Rei, o carnaval é festejado mantendo os desfiles de escolas de samba, blocos caricatos e concursos de fantasias. Na capital Mineira, a animação principal fica por conta dos diversos blocos espalhados pelos bairros e centro da cidade, que saem às ruas em períodos que antecedem o carnaval. O principal deste é a Banda Mole, criada durante a ditadura Civil Militar por um grupo de intelectuais e operários, como forma de resistência e protesto naquele período sombrio. A criação desta, segundo alguns, foi inspirada em um antigo bloco existente no bairro lagoinha (bairro criado para a residência dos operários que construíram BH).
A Banda Mole resiste e tomou características de evento de grande massa embalada pelos trios elétricos arrastando multidões pela Avenida Afonso Pena. Do ano em que foi criada (1975) até 2003, a Banda Mole se concentrava em uma pequena rua do centro da capital (Rua Goiás) onde a banda do seu Veloso (sopros e percussão) embalavam os foliões. Enquanto as fantasias iam surgindo aos poucos, homens fantasiados de mulher e mulheres fantasiadas de homens eram os personagens de criticas político-social do momento. No final da tarde, a banda seguia executando um repertório variado e o cortejo subia a Rua da Bahia até a Savassi, acompanhada por uma multidão. Inspirados na Banda Mole surgiram diversos outros blocos pela cidade que matem características semelhantes.
Vale destacar que hoje em BH existe um carnaval para diversos gostos, como por exemplo, a Seresta de carnaval que antecede também os festejos momescos. A Seresta de carnaval foi inspirada no projeto Seresta ao Pé da Serra pelo Jornalista e Pesquisador de folclore mineiro Carlos Felipe. Ela acontece na Praça Duque de Caxias, em Santa Tereza, um tradicional bairro boêmio de Belo Horizonte, tendo em seu repertório antigas marchinhas carnavalescas. Outro projeto carnavalesco de relevância é o projeto Carnaviola, criado pelo poeta e produtor Cultural Tadeu Martins. O Carnaviola é realizado há cinco anos, sempre às terças feiras de carnaval na Praça da Liberdade, onde o público presente é embalado pelas musicas regionais, principalmente as produzidas pelos cantadores do Vale do Jequitinhonha.
A velha Guarda do samba, por sua vez, faz a sua festa relembrando antigos sucessos do repertório carnavalesco mesclando composições inéditas de autoria de seus participantes, a cada ano apresentando em espaços diferentes, como casas de shows e centros culturais. Algum dos membros da velha guarda se ocupam também com a produção do carnaval tradicional de desfile de Escola de Samba.
Cabe salientar que os desfiles de Escolas de Samba modificam sua característica dependendo dos incentivos recebidos das administrações municipais. Nas décadas de 70 e 80 do século passado, as principais escolas de Samba da Capital mantinha seu desfile na principal avenida da cidade, a Av. Afonso Pena, arrastando um grande contingente de componentes. Nestas primeiras décadas deste século, os desfiles foram sendo empurrados para outras regiões periféricas da cidade, em 2011 os desfiles retornaram ao centro concentrando-se na região do Boulevard Arruda/Praça da Estação.
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