A emoção de assistir ao show sobre o inesquecível Cartola
A cultura popular brasileira é uma fênix que renasce das cinzas e dá esperança de um futuro melhor para o nosso amado Brasil dentro deste turbilhão caótico em que se encontram as elites políticas e dirigentes. Assistir ao espetáculo sobre a vida do imortal Cartola foi uma grande emoção, uma vez que o musical mostrou toda a genialidade deste compositor popular que faz poesia de alta qualidade em meio a sua vida ligada à pobreza. Cartola em sua existência tira leite de pedra nas suas maravilhosas músicas e cria clássicos e obras que levam admiração a todos os que o apreciam.
Em vários momentos do espetáculo me emocionei de ir às lágrimas pelas cenas, mas no final me senti revigorado por sentir que a cultura brasileira é um Brasil que dá certo em relação a este redemoinho sem sentido das classes dominantes.
Todos os que trabalham na peça são muito bons atores, mas vale ressaltar que o ator que faz o papel do protagonista da peça, no caso Cartola, é simplesmente maravilhoso na sua interpretação do personagem que retrata a vida do compositor.
Faço uma reflexão sobre uma frase da ex-presidenta da ABL (Academia Brasileira de Letras), Nélida Piñon, que afirmava que um país que teve o privilégio de ser assunto da obra de Machado de Assis é um país que está fadado ao sucesso e este é o caso do Brasil. Eu concordo com a escritora imortal da ABL, mas acrescentaria que o Brasil tem tudo para dar certo com compositores populares, como é o caso de Cartola, que através da linguagem coloquial consegue passar melodia e poesia da mais alta qualidade, levando amor e emoção à nossa sociedade tão carente. O espetáculo teve a última apresentação no Rio de Janeiro no dia 28/05, mas segue para cinco capitais do Brasil para levar a vida do Mestre Cartola ao conhecimento de outros brasileiros em cidades fora dos grandes centros.
Fazendo uma analogia sobre o que tem que acontecer no Brasil para mudar esta situação caótica de corrupção política e instabilidade institucional é sacudir a Mangueira (que Cartola tanto amava) até que as mangas podres caiam no chão.
Na verdade, a Mangueira é a sociedade brasileira que tem que ser passada a limpo e as frutas podres são os políticos e a elite dirigente que tem que ser apeada do poder o mais rápido possível. Como dizia Cazuza, “Enquanto houver burguesia, não vai haver poesia, a burguesia fede, a burguesia quer ficar rica”.
JCFL