Entrevista: Oduvaldo Batista

O INVERTA entrevista o camarada Oduvaldo Batista, que completou neste mês de maio 80 anos de vida e 55 de jornalismo. É com orgulho que entrevistamos este homem que sempre lutou, com dignidade e convicção, pela causa comunista e que desde 1999 encontra-se nas fileiras do PCML, por acreditar ser esta organização conseqüente com a luta de libertação do povo brasileiro deste sistema anti-humano, o capitalismo, e com o estabelecimento de uma sociedade socialista, futuro da humanidade.
Quem faz o movimento?


Entrevista:Oduvaldo Batista

Por: Sucursal PB


O INVERTA entrevista o camarada Oduvaldo Batista, que completou neste mês de maio 80 anos de vida e 55 de jornalismo. A comemoração dos seus “80 carnavais”, como ele chama, foi uma verdadeira festa comunista, com a participação do Partido Comunista Marxista-Leninista (PCML). Por mais de duas horas, o irreverente jornalista Oduvaldo Batista foi sabatinado pelos participantes, ocasião em que defendeu, mais uma vez, suas idéias revolucionárias. É com orgulho que entrevistamos este homem que sempre lutou, com dignidade e convicção, pela causa comunista e que desde 1999 encontra-se nas fileiras do PCML, por acreditar ser esta organização conseqüente com a luta de libertação do povo brasileiro deste sistema anti-humano, o capitalismo, e com o estabelecimento de uma sociedade socialista, futuro da humanidade.


I – Qual sua origem?

O Nasci em 11 de maio de 1921, Alagoa Grande, Paraíba. Aos 4 anos vim morar em João Pessoa. Aos 16 anos, ingressei na Escola de Aprendizes Marinheiros, do Recife. Ano depois, em janeiro de 39, fui com a turma da escola para o Rio de Janeiro, base da Marinha de Guerra, embarcando no Encouraçado São Paulo, onde cursei artilharia. Mas, por não ter vocação militar, depois de fazer o curso para cabo, já 2ª classe, dei baixa e voltei a morar em João Pessoa, em junho de 1942, pouco meses antes do Brasil entrar em Guerra. Foi um “milagre”. Por isto, minha mãe que era muito católica mandou celebrar um missa em ação de graças na Igreja de Lourdes. Minha origem é humilde. Meu pai era guarda-livros, mas por ser muito honesto ficou pobre. Minha mãe era filha de um pedreiro.



I – Como ocorreu seu ingresso no movimento comunista?

O Em 1944, em João Pessoa, fui convidado a entrar no Partido Comunista, pelo camarada Geraldo Lucena, ainda na ilegalidade. Este chamado decorreu da minha atividade anti-nazista. Havia fundado a Sociedade de Cultura Musical, ainda na Ditadura do Estado Novo. Mas, apesar de musical, a entidade fazia movimento anti-nazista. Uma vez no Partido, participei das lutas em defesa de sua legalização, em defesa do monopólio estatal do Petróleo. O líder do Partido na Paraíba era o Advogado João Santa Cruz, que fundou, com a ajuda de outros camaradas o Jornal do Povo, semanário. Antes do jornal começar a circular, os comunistas, por iniciativa de José Lucena, primo de Geraldo Lucena, criaram a revista Monitor Comercial, semanário, com o objetivo de fazer finanças para o Partido.

José Lucena era um figura singular. No que, logo a burguesia ia descobrir a finalidade da revista. Por isto, ela teve curta dureção. Eu fui escolhido para seu gerente porque ainda não era “manjado” como militante comunista. Mas, isto durou pouco. A revista foi fundada em março de 1946. Em junho do mesmo ano, começou a circular o Jornal do Povo. Eu fazia serviços modestos, o principal era datilografar os artigos de João Santa Cruz. Vez por outra escrevia um artigo. Em setembro, do mesmo ano, 46, por dificuldade financeira, casado em maio do mesmo ano, fui para Santos, onde acompanhei toda a luta do Partido, embora como membro simples. Foi quando o Dutra, pau-mandado do imperialismo norte-americano, com cumplicidade de outros salafrários, botou o nosso Partido na ilegalidade.



I – Você um jornalista atuante no Estado da Paraíba, conte sua experiência de luta à frente do Sindicato dos Jornalistas.

O – Comecei a militar no Sindicato, em João Pessoa, 1976, depois que voltei de São Paulo. Lá, no estado paulista, militei ativamente no Sindicato, com todas as dificuldades criadas pela ditadura militar. Como não era muito “manjado”, por identificação do camarada Agileu Gonçalves, dirigente municipal do Partido (o partidão), fui integrado na chapa encabeçada por um burguês liberal (esqueci o nome do cara). Desculpe, é o peso dos 80 anos. A chapa foi eleita e eu era suplente da diretoria.

Aqui em João Pessoa, jornalista comunista mesmo, digo com muito orgulho, só tem este repórter. Todo o Estado sabe disso. Claro que a luta é difícil, mas, apesar de tudo, sou diretor do Sindicato, num cargo secundário, na Comissão de Ética. O presidente, Land Seixas, é eleitor do PT, adora o Lula, o presidente de Honra do PT. Land é um oportunista. Em todas as reuniões de Diretoria, eu apresentava propostas para o Sindicato lutar contra as privatizações, contra o pagamento da dívida externa. Todas eram “jogadas na cesta de papel”. É fácil compreender a dificuldade. Uma categoria alienada, que não lê, não tem consciência. Os pouquíssimos cultos, são fracos, não têm coragem de militar no Partido. Alguns, poucos, chegaram a se filiar ao PC do B, um partido divisionista. Mesmo assim, por fraqueza, por mentalidade burguesa, até do PC do B, eles deixaram, um exemplo é o Peninha, cujo nome de batismo, felizmente eu esqueci. Esse cara é secretário de Comunicação do governador Antoni Garotinho. Acho que nesta altura Peninha também já se converteu à Igreja Evangélica.



I – Diante de sua experiência como militante comunista, o que você pensa da refundação do Partido Comunista sob os princípios do Marxismo-Leninismo?

O – Penso ser o melhor passo para o fortalecimento da luta comunista no Brasil, portanto, para a libertação do nosso povo deste sistema podre, o capitalismo, que está nos estertores, mas no tempo de vida do homem, ainda vai fazer muitos estragos. No tempo histórico está no fim. E para apressar ainda mais a vitória da humanidade, a refundação do Partido Comunista e a conseqüente organização do PCML, é da maior significação. A luta é árdua, difícil, claro, mas venceremos. Apesar dos meus 80 carnavais, de haver presenciado tantas derretas do movimento comunista no mundo, tenho certeza que o comunismo é o futuro da humanidade.


I- O Partido Comunista Marxista-Leninista defende a unidade dos revolucionários brasileiros em torno da luta pela revolução socialista. Qual sua opinião?

O – Claro que defende a unidade dos revolucionários. Basta ler o jornal INVERTA e as publicações do PCML, principalmente “Reacender a Chama” para se ter certeza desta afirmação. E é por isto que estou filiado ao PCML. Evidentemente, nosso partido pode cometer erros, pô! Não somos “Deuses”, e com diz o povo “errar é humano”, mas é errando, também se aprende. Eu tenho convicção de que o PCML está na linha justa para unificar os revolucionários e o povo brasileiro, no caminho da nossa libertação, tarefa difícil é claro, dificílima, mas não impossível.

Até agora, nossa causa comunista tem perdido algumas batalhas, mas a guerra continua e a humanidade sairá vitoriosa. O majestoso exemplo de Cuba Socialista, com a figura ímpar de Fidel Castro, assim como a grande China Comunista, o Vietnã e a Coréia do Norte, mostram que a humanidade marcha para o comunismo. Basta observar as desgraças que estão acontecendo no mundo capitalista, justamente porque o sistema não é socialista, o caminho para o comunismo.



I – Neste momento histórico de predomínio das práticas e idéias neoliberais, fale-nos do papel da imprensa e mídia burguesa na (de) formação ideológica dos telespectadores e leitores brasileiros.

O – Todos os meios de comunicação burgueses, principalmente a TV, a serviço do imperialismo liderado pelos EUA, deformam a mente do povo, esta deformação se torna mais fácil para esses bandidos, justamente porque a grande maioria não tem cultura, é ignorante. A mentira, a omissão, são armas da mídia burguesa, dentro do figurino traçado pelo imperialismo sediado em Washington. Mas, tudo tem seu tempo. O povo está anestesiado por estas porcarias, mas tem um tempo. Na medida em que a crise do capital se agrava, a fome, a miséria, paradoxalmente, povo vai acabar acordando, mas esta conscientização tardia só é concretizada porque existe uma minoria de abnegados que lutam para esclarecer o povão. E neste grupo pequeno, mas muito importante, destaca-se o PCML.

É bem verdade que a fome e a ignorância impedem o homem de pensar, mas, repito, tem um limite, porque o homem não é animal. Quem viver verá, com certeza, a vitória do socialismo em todos os países e, conseqüentemente, depois o comunismo. Eu tenho certeza.



I – O que você considera do Jornal INVERTA?

O – O INVERTA é um jornal muito bem escrito, esclarecedor e, por conseqüente, formador de opinião marxista-leninista. Se bem que o povo brasileiro lê muito pouco, é fato incontestável. Mas o pouco número que lê é quem faz a revolução. A grande revolução cubana começou com doze homens, para não falar em outros exemplos da História.