União Européia tropeça no nacionalismo

O Primeiro de Maio se constitui em um marco do movimento operário. Na Suécia, as manifestações mais expressivas foram organizadas pelos comunistas. Os sociais-democratas não querem saber de manifestações de Primeiro de Maio que lembrem a luta operária. Preferem os salões fechados da União Européia, tropeçantes no nacionalismo.

União Européia tropeça no nacionalismo

Por: Antônio Duarte




O Primeiro de Maio se constitui em um marco do movimento operário. Na Suécia, as manifestações mais expressivas foram organizadas pelos comunistas. Os sociais-democratas não querem saber de manifestações de Primeiro de Maio que lembrem a luta operária. Preferem os salões fechados da União Européia.

Realiza-se neste fim de semana, depois do Primeiro de Maio, uma reunião dos ministros de Relações Exteriores da União Européia, em Nyköping, cidade situada a 200 quilômetros, ao sul de Estocolmo. As questões atuais são centradas em torno dos problemas da expansão da UE e as questões do apoio econômico às diferentes regiões agrícolas. As discussões foram intensivas. A Alemanha e Áustria reagiram contra os planos de encurtar os prazos de entrada de novos países na UE. A questão principal, ou melhor, o pomo de discórdia, centra-se nas regras de imigração e mobilidade da força de trabalho.

Nos principais centros imperialistas, principalmente o país de economia mais forte, a Alemanha quer que os prazos para entrada de novos membros sejam seguidos de uma cláusula que amarra o país em questão a aceitar um período de sete anos para a exportação de mão-de-obra. Não participaram da reunião três ministros dos países mais propensos e positivos com relação à União Européia. Itália, Irlanda e Alemanha. Os alemães somente chegaram à Suécia no sábado pela manhã.

A ministra das Relações Exteriores da Suécia, Anna Lindh, tenta se apresentar como força muito positiva em relação à expansão da União Européia. Promove claramente os países bálticos, principalmente a Estônia, onde os interesses dos capitalistas suecos têm se fortalecido.

Existe uma outra contradição, dos interesses daqueles que defendem uma Europa Federativa e aqueles que desejam uma União menos centralizada. A Europa Federativa, dos monopólios, principalmente aqueles dos países que no passado se constituíram no elo mais forte da cadeia imperialista. Nesta federação, já existe uma grande mobilidade de capital, a ”exportação de capitais” entre os principais parceiros da UE, é um fato incontestável. Mas, existe a dificuldade de mobilidade da mão-de-obra, que ainda sofre barreiras enormes, e resistência dos setores mais atingidos pela concorrência.

Enquanto a imigração de pessoas de fora da União tende a aumentar, a mobilidade interna da força de trabalho ainda se constitui em fenômeno marginal. O que existe é um verdadeiro tráfico de escravos, ”mão-de-obra quase escrava”, que não se assemelha à escravidão colonial, mas que em termos de direitos trabalhistas, voz e voto, direitos de cidadania, está muito longe dos padrões conquistados pela classe trabalhadora européia. Que agora sofre na própria carne os efeitos da política de exploração do capital, da forma como ela é exercida nas ”colônias” ou na periferia do sistema. Por isso a reação ”confusa” dos políticos burgueses.

Para ficar em um exemplo, a Itália, o país mais dócil, mais favorável e amigável aos desígnios da União Européia, que como das exigências das regras da União monetária, conseguiu utilizar-se desta como uma alavanca, de promoção de Romano Prodi, este ”senhor simpático”, a presidência das Comissões, de repente poderá se colocar em dificuldades se quem ganhar as eleições próximas da Itália for um outro não menos amigo, o famigerado mafioso Berlusconi e suas simpatias como a Lega Nord, partido racista de direitas.

Enquanto os franceses estão muito calados ultimamente. A burguesia francesa, fora do governo, pois a França é governada por um ”socialista”, foi quem mais determinou o modelo atual da União Européia, centrada no eixo Paris-Alemanha. A luta das diversas frações da classe burguesa ainda não pode ser utilizada com sucesso pela organização operária. Em parte porque os sindicatos ainda estão nas mãos dos traidores sociais-democratas, ou se burocratizaram a tal ponto que a ”aristocracia operária” não consegue ver a diferença entre a política dos monopólios, capitaneada pela reação burguesa, e a política neoliberal do movimento social democrata. Pois, em realidade, o neoliberalismo triunfou dentro do movimento social democrático. Só para ficar em um exemplo, um ministro de Finanças, da social democracia na década passada, o senhor Kjell-Olof Feldt, defendia a política neoliberal quase a la Milton Friedman.

A social Democracia sueca tornou-se um partido reacionário, conservando um palavreado de defesa dos interesses dos trabalhadores. Por essa razão não é estranho que o movimento social democrático se coloque por trás da política dos monopólios suecos. E nada fazem contra as enormes demissões e onda de desemprego causada pelo fechamento de fábricas na Suécia, em benefício de investimentos em outras partes da Europa. Por essa razão, a Social democracia Alemã, na direção do estado monopolista germânico, defende as posições políticas de questionamento do modelo francês, quebrando com a ”colaboração franco-alemã”, ou melhor, o pacto entre as duas burguesias monopolistas. A mudança da capital para Berlim parece que reavivou o velho sonho do Reich. A história dirá.