Encontro Anti-imperialista de Organizações Latino-americanas
Encontro Anti-imperialista de Organizações Latino-americanas
Declaração final
1. Manifestamos nossa mais enérgica condenação ao regime de sanções imposto ao Iraque há mais de 10 anos, que estão tendo um impacto genocida sobre a população e tem que ser considerado como uma violação dos direitos humanos e um crime contra a Humanidade.
Pudemos confirmar os dados das próprias agências especializadas das Nações Unidas. A população do Iraque, um país rico que tem a segunda reserva petrolífera do planeta, morre hoje de fome e enfermidades: a mortalidade infantil se multiplica por três, a materna se multiplicou por cinco, o analfabetismo afeta 20% de seus habitantes; mais da metade da população vive abaixo do nível de pobreza e os índices de desnutrição infantil são similares aos da África subsaariana. A causa direta do embargo matou um milhão de iraquianos, mais da metade menores de 5 anos, um a cada oito minutos.
2. Exigimos ao Conselho de Segurança das Nações Unidas o fim imediato do embargo, e aos Estados Unidos e Grã Bretanha o término das agressões militares contra o Iraque. Rendemos homenagem ao povo iraquiano por sua tenacidade, capacidade de resistência e criatividade em tão adversa situação, ao mesmo tempo que expressamos nosso compromisso solidário com este povo.
3. Estamos convencidos de que a guerra contra o Iraque, de 1991 até hoje, do regime de sanções e as agressões militares contra o povo iraquiano respondem à determinação imperialista dos Estados Unidos de controlar estrategicamente o Oriente Médio, impedindo o surgimento de um projeto nacional árabe independente, preservando a superioridade estratégica de Israel e garantindo o controle hegemônico das reservas energéticas da região.
4. Reiteramos nossa solidariedade militante com o heróico povo palestino e nosso pleno apoio a suas reivindicações nacionais de direito ao retorno e à criação de um Estado independente com capital em Jerusalém.
5. Constatamos que o sofrimento que percebemos no Iraque responde à mesma vontade de dominação militar, política e econômica que os Estados Unidos exercem sobre os povos da América Latina. Esta dominação tem uma longa história e, na atualidade, se expressa na imposição das políticas neoliberais. Consideramos que a recente aprovação do Acordo de Livre Comércio para as Américas (ALCA) constitui o instrumento que perpetua a imposição destas políticas neoliberais.
6. Expressões concretas da agressão imperialista na América Latina a aplicação do Plano Colômbia, a continuidade do bloqueio criminoso contra a Revolução Cubana e a utilização de territórios latino-americanos para instalação de bases e tropas militares dos Estados Unidos, como ocorre nos casos de Manta no Equador, Comalapa em El Salvador e Palmerola em Honduras. Neste sentido, saudamos as manifestações de luta do povo porto-riquenho contra as manobras militares que os Estados Unidos realizam na ilha de Vieques.
7. Denunciamos que o Plano Colômbia significa um projeto intervencionista de dominação contra o povo colombiano e o conjunto da área andina-amazônica, assim como o ideário bolivariano da experiência democrática e soberana em que vive a Venezuela. O Plano Colômbia pretende tornar inviável um autêntico processo de paz, que permita uma solução política ao conflito social e armado que vivem os colombianos. Tal Plano mascara seu verdadeiro objetivo —enfrentar o movimento insurgente, democrático e popular— com um discurso de luta contra o narcotráfico.
Ratificamos nosso compromisso de aprofundar os laços de amizade e apoio recíproco entre os povos de América Latina e do Oriente Médio, reconhecendo comuns nossas aspirações de paz, soberania, progresso e autodeterminação.
Pela solidariedade entre os povos latino-americanos e árabes.
Bagdá, 2 e 3 de maio de 2001