Eldorado dos Carajás: impunidade à vista

Foi marcado para o dia 28 de maio de 2001 o novo julgamento dos acusados pelo massacre de Eldorado dos Carajás. Serão 9 sessões, iniciando pelos soldados e finalizando com os três oficiais que comandavam as tropas de Marabá e Parauapebas no massacre: o coronel Mário Pantoja, o major José Maria Oliveira e o capitão Raimundo Lameira.

Eldorado dos Carajás: impunidade à vista

Por: Gilka Sabino


Foi marcado para o dia 28 de maio de 2001 o novo julgamento dos acusados pelo massacre de Eldorado dos Carajás. A data foi uma decisão tomada no dia 9/05 pela juíza encarregada do processo, Eva do Amaral Coelho. Serão 9 sessões, iniciando pelos soldados e finalizando com os três oficiais que comandavam as tropas de Marabá e Parauapebas no massacre: o coronel Mário Pantoja, o major José Maria Oliveira e o capitão Raimundo Lameira.

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra denuncia que a maneira como foi disposto o novo julgamento, colocando os principais responsáveis - os oficiais da chacina de 17 de abril de 1996 como os últimos a serem julgados, se constitui em mais uma manobra para perpetuar a impunidade reinante nos casos de conflitos agrários no Brasil e em destaque no Estado do Pará, a exemplo do que foi o julgamento de agosto de 1999, onde de forma imoral um jurado se posicionou claramente em favor dos algozes de 19 trabalhadores bem como o quesito imposto pelo juiz Ronaldo Valle que facilitou a “absolvição” dos oficiais. Com isso tenta-se jogar para o esquecimento esse triste episódio da luta pela reforma agrária no Brasil.

O MST acredita que a única forma de o julgamento começar de forma correta é começando pelos três oficiais que comandaram a fúnebre operação da curva do “S” como declarou ao INVERTA Alcenir Monteiro (MST/PA): “não consideramos isso correto porque a partir do momento em que se começa pelos soldados, que em tese têm menos responsabilidade do que os oficiais, isso procura criar no imaginário popular de que não foi tão violento assim o crime, mas uma ação necessária e isso pode beneficiar os oficiais. O correto seria começar primeiro pelos mais responsáveis. Até a juíza declarou que essa decisão não foi respaldada em critérios técnicos”. Segundo Alcenir, o promotor também concordou com a crítica do MST sobre o julgamento.

Diante de tais fatos e considerando novamente que essa forma é mais uma maneira de favorecer os acusados, o MST declarou em um documento da direção estadual do Pará que não irá legitimar mais essa farsa que mancha a imagem do País: “não seremos coniventes com o massacre da justiça brasileira, pois o sangue dos mártires de Eldorado clama por justiça!”, finaliza o documento.