300 picaretas fazem farra na corrupção
300 picaretas fazem farra na corrupção
Por: Carla Monteiro
O povo brasileiro mais uma vez está boquiaberto com o cinismo e o descaramento deslavado de certos homens públicos que detêm o poder em nosso país. Depois de tantos depoimentos, acareações, choros, encenações, disse-que-disse, chantagens e mara-cutaias, chegou-se ao finalmente, ou seja, ao nada: arquivou-se a CPI da Corrupção e a cassação de ACM pode não sair.
O
governo de Fernando Henrique Cardoso para evitar a CPI comprou
parlamentares com o dinheiro público do Orçamento,
utilizando só em maio cerca de R$70 milhões, e usou até
onde pôde o Conselho de Ética e de Decoro Parlamentar.
Várias emissoras transmitiram ao vivo reuniões do
Conselho para chantagear Antônio Carlos Magalhães (que
também estava disposto a ir até as últimas
conseqüências para investigar Eduardo Jorge, que poderia
chegar ao presidente) a parar de ficar denunciando Jader..., ou ele
iria junto com todos morrer afogado no mar de lama, pois se a lama
transbordar, o primeiro seria ACM,
com a cassação de seu mandato como senador. Assim saiu
o acordão.
Os podres parlamentares retiraram suas assinaturas do requerimento para instalar a CPI, recebendo dinheiro em troca e a promessa de que a pena de ACM será menor ou talvez nenhuma.
Conselho de Ética vacila
A princípio, quando ACM, movido pelo orgulho, pois não aceitava ser o terceiro homem na preferência do imperialismo, foi ao Ministério Público denunciar Eduardo Jorge, ex-secretário da República no governo de FHC e Jader Barbalho, e deixou escapar que tinha uma lista de votação do painel eletrônico da cassação de Luiz Estevão, ficaram algumas dúvidas para a população, pois era a palavra do senador contra a do procurador Luís Francisco e uma gravação de uma fita inaudível.
Mas o tempo passou, as divergências entre os setores da burguesia cresceram conforme a crise econômica e os fatos foram clareando a verdade. Com o depoimento da diretora do Prodasem, Regina Célia, que denunciou o senador do PSDB, José Roberto Arruda, ACM não teve como negar a violação do painel. Apenas se esquivou da culpa, deixando só para Arruda.
No
entanto, depois de tanto alvoroço, veio a calmaria. Primeiro
com a decisão do relator do Conselho de Ética, senador
Saturnino Braga, de adiar seu parecer por quase dez dias, funcionando
como um balde de água fria quando a população
esperava que na mesma semana da acareação o relator já
daria seu parecer pela cassação do Arruda, ACM e
companhia.
Em seguida, veio a corrida do governo para desarticular a
CPI, agora com o arquivamento da mesma. Os fatos já demonstram
que está havendo esvaziamento do Conselho de Ética. O
relatório que o senador Saturnino Braga estará
apresentando esta semana poderá trazer a conclusão de
quebra de decoro e pedido de abertura de processo contra os dois
senadores e junto o veredicto: cassação, perda de
mandato temporário ou apenas advertência. Mas todo esse
processo poderá ocorrer a um longo prazo, pois ele tem toda
uma norma burocrática da casa, e é claro, o lado
político.
O caso poderá chegar à CCJ (Comissão de Justiça e Cidadania). Se ela decidir pela cassação dos senadores, a decisão final irá para o plenário do Senado, que só cassará se a maioria absoluta estiver no plenário e destes a maioria simples terá que votar favorável, ou seja, depois que o tempo passou, depois da tentativa de envolver o povo com a suposta crise de energia elétrica, depois que o presidente comprou parlamentares, depois que arquivaram a CPI, quem mais dentro do Congresso vai votar pela cassação do coronel ACM?
Crise energética: Falta óleo de peroba!
Antigamente,
eles tentavam fazer as falcatruas por debaixo do pano, agora é
às claras. E é tão grande a ponto da mídia,
que está a serviço dos monopólios,
não ter como esconder. Do jeito que a coisa está, a
suposta crise energética que dizem estarmos vivendo,
poderá atingir as donas de casa, pois faltará óleo
de peroba de tanto que Fernando Henrique e sua curriola terão
que passar em suas caras de pau.
Pois, depois de tudo que foi
noticiado, ele espera que o povo aceite a explicação de
que a liberação de verbas para os deputados não
foi para o uso próprio dos mesmos.
Será que a
corregedoria da República vai apurar e punir os envolvidos em
corrupção, conforme fez na Sudam, no DNER, Sudene
e o mesmo fará o presidente, até mesmo com seu
ex-ministro Fernando Bezerra e o líder do governo, senador
José Roberto Arruda?
Ora, senhor presidente, quem não sabe da utilização que os “digníssimos” deputados fazem com as verbas que vão para seus municípios e estados, tanto como desvios, como utilização eleitoreira e menos para os interesses do povo pobre oprimido? E quem não sabe que o “nobre” presidente está dando os dedos para não dar as mãos?
A vacilação da oposição
A luta popular mais uma vez foi utilizada para conquistas nefastas, e nos causa estranheza o fato do relator da Comissão de Ética e quebra de Decoro, senador Sa-turnino Braga, ter demorado a entregar o seu parecer, e a oposição ter divulgado os nomes dos deputados que tinham assinado o requerimento da CPI da Corrupção, assim relatando os vendáveis.
Nos
entristece e revolta a vacilação da oposição,
que não toma uma atitude conseqüente. Toda
vez que sofre uma derrota vergonhosa fica chorando pelos cantos. Por
que sabendo da impopularidade de FHC e seu governo - 84% da população
é favorável à CPI-, não chama o povo para
rua, denuncia a podridão do Congresso e se retira do mesmo?
Por que não conclama o povo a construir um Congresso sem
corrupção, um Congresso Popular, e caminha junto com o
povo?
Será que eles também têm medo do povo e preferem viver dentro da legalidade burguesa, que é um verdadeiro mar de lama, e ir sobrevivendo também com as migalhas do lixo do pequeno banquete da burguesia no Brasil?
Mas a guerra ainda não acabou. FHC ganhou mais um confronto, mas a batalha final está por vir.
O Supermercado Congresso Nacional
Mercadorias vendidas: Osvaldo Reis (PMDB-TO), Osvaldo Biochi (PMDB-RS), Josué Renetson (PTB-PA), Paulo Marinho (PFL-MA), Rogério Araújo (PL-PR), Luciano Bivar (PSL-PE), José Índio (PMDB-SP), Eujácio Simões (PL-BA), Luiz Moreira (PFL-BA), Ursucino Queiroz (PFL-BA), Paulo Magalhães (PFL-BA), Ariston Andrades (PFL-BA), Augusto Nardes (PPB-RS), Cornélio Ribeiro (sem partido), Dino Fernandes (PSDB-RJ), Luisinho (PST-RJ), Oliveira Filho (PL-PR), José Egydio (PL-RJ), João Eduardo Dado (PMDB-SP).
Moeda corrente: Emendas Orçamentárias e absolvição de ACM
Comprador-atravessador: FHC
Banco: SDU (Secretaria de Desenvolvimento Urbano)