Renato Machado Gonçalves

Entrevista com Renato Machado Gonçalves, natural do Rio de Janeiro, criado no bairro de Vila Isabel, desenhista, cartunista e chargista.

Renato Machado Gonçalves

"O  www.botequindomachado"

Por: Jorge Ferreira

Renato Machado Gonçalves, natural do Rio de Janeiro, criado no bairro de Vila Isabel, é desenhista, cartunista e chargista. Tem apenas 22 anos, mas já desenvolve este trabalho há cerca de 6 anos, fazendo caricaturas, histórias em quadrinhos, a maioria como free lance. Atualmente trabalha para Revista Coquetel e colabora para o Jornal Inverta com suas charges que são, como o próprio Machado define, “denúncia com humor” sempre levando uma mensagem política.


Interesse pelo desenho - “Na verdade eu começo a me interessar por desenho desde pequeno, com 5 anos eu já desenhava, sem técnica, mas já despertava muita curiosidade; meus familiares achavam interessante e um irmão meu começou a investir em mim com cursos, e eu comecei a desenvolver, mas sem nenhuma formação, desenhava por desenhar, porque já gostava muito. Logo começo a fazer desenho publicitário, mas não me dou muito bem, por não gostar de régua, compasso, medida, e aí parto para desenho de humor.

Nesse meio tempo, conheço um professor que me dá aula não só de desenho, mas me dá informação sobre política e o quanto era legal descrever a situação em que o país se encontra. Eu comecei a me interessar. Tenho um papel a contribuir para a transformação dessa sociedade com a minha indignação, que vai desde a sociedade `a critica a esse governo, passando pelo futebol e pelo esporte em geral, as CPIs. Tento colocar minha indignação através da minha arte, com humor”.


Ovelha desgarrada - "Sou o único da minha família com essa veia artística. Meu irmão é funcionário público, minha irmã foi professora e meu pai trabalha com vendas. Já trabalhei com teatro, trabalhei na Rádio Guanabara, era um programa dedicado às donas de casa, estudantes; fiz jornal, com uma publicação independente, ligada ao público estudantil, que falava de tudo um pouco. Na verdade, eu queria falar sobre política, queria abrir mais a cabeça da juventude, não era a minha linha eu sair. Infelizmente soube depois que o jornal acabou”.


As influências e os anos 60 - “A maioria dos cartunistas, desenhistas, chargistas que fizeram história foi dessa geração, do período da ditadura militar. O pessoal do Pasquim, com Ziraldo, Chico Caruzo, cartunistas fantásticos, que me influenciaram muito, mas estamos numa outra época ; eu não era nem nascido nessa época. Hoje quero trilhar um caminho junto com outras pessoas, com cartunistas novos, não estamos vivendo o período da ditadura, mas a ditadura ainda não acabou; estamos vivendo muitos acontecimentos como se fosse no período da ditadura como a “ocupação da Amazônia” e temos que continuar questionando.

De repente fazer um pasquim novo, com uma cara mais atual, fazer um movimento dos novos cartunistas, fazer encontros de cartunistas. Eu percebo que a nossa classe não está muito unida, não tem muito movimento; não tem um encontro anual, mensal ou quinzenal para se pensar em fazer alguma coisa conjuntamente. Por exemplo, meu site - www.butequin-domachado.cjb.net - visa isso, até porque os antigos já estão aí contribuindo, de uma certa forma, com as críticas deles, estão com uma revista nas bancas “Bundas”, mas me parece que não está dando muito certo, talvez porque o momento é outro. Antigamente era proibido, hoje está tudo na nossa cara, e o nosso pessoal não está muito motivado a ler, interessar-se por política.

A pessoa que trabalha com isso, conta com o conhecimento do leitor. Você faz um trabalho, o leitor só vai entender se ele tiver conhecimento do que está acontecendo, e hoje há um interesse para que as pessoas se alienem cada vez mais. Dessa nova geração existem muitos cartunistas excelentes como Kinho, de Minas, Cinfrônio, do Diário do Nordeste; Ullisses, por um acaso da Coquetel; em São Paulo tem Cláudio, o Glauco, sem contar com o pessoal da antiga como Chico, Paulo Caruzo”.


Cartun+Charge+Graffitte: “A charge faz uma crítica de um caso específico, por exemplo, o recente escândalo de corrupção no governo; fala de uma coisa mais geral como violência, desemprego; é uma coisa muito legal, porque está na sua frente, em todos os muros ...., quando falo da reunião dessa nova geração de cartunistas, desenhistas e chargistas, estou incluindo os graffiteiros também; já pensou um seminário nacional envolvendo todo esse povo?!”


www.butequindo-machado.cjb.net

“É elaborado por mim e mais duas pessoas. Você encontra de tudo: desenhos, cartuns, charges, inclusive as publicadas no Inverta.

Entre no "butequin do machado" e vamos trocar informações, organizar nossa categoria e contribuir com a organização do nosso povo, com humor".