Na Pista Contra a Exploração: Entregadores se Mobilizam em 18 Capitais!
Os entregadores de aplicativos de delivery se uniram em uma greve nacional conhecida como “Breque dos Apps”, manifestando sua indignação contra a precarização do trabalho e as condições injustas impostas pelas plataformas digitais. Durante os dias 31 de março e 1º de abril, em pelo menos 18 capitais, milhares de motoboys e ciclistas tem como principais reivindicações o reajuste na taxa mínima de entrega – de R$ 6,50 para R$ 10,00 (valor não atualizado desde 2023) – além de um adicional de R$ 2,50 por quilômetro rodado e a limitação das entregas por bicicleta a um raio máximo de 3 km.
Em São Paulo, cerca de 2 mil entregadores se reuniram no estacionamento do Pacaembu e seguiram em motociata pela Avenida Paulista até a sede do iFood, em Osasco, onde, após horas de espera e um breve encontro com representantes da empresa, suas reivindicações foram ignoradas. Organizado de forma independente, o movimento evidenciou a insatisfação de uma categoria que, diante da crescente exploração na economia digital, busca o reconhecimento de seus direitos e a superação da “escravidão moderna”.
Em entrevista concedida para o jornal Brasil de Fato, J.R. Freitas, fundador da Aliança Nacional dos Entregadores por Aplicativos (ANEA), destacou que a luta vai além do reajuste imediato dos valores pagos, exigindo, também, a formalização do vínculo empregatício e a transparência na gestão algorítmica. “Ou aceitam nossas demandas ou a pressão será ainda maior”, afirmou Freitas, ressaltando que os trabalhadores se organizaram sem a intermediação dos sindicatos tradicionais, utilizando grupos de WhatsApp para articular a mobilização.
Os protestos repercutiram em cidades como Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre, Rio de Janeiro (que chegou a ter 6 pessoas autuadas por associação criminosa e atentado contra a liberdade de trabalho) e Recife, onde a paralisação evidenciou tanto a instabilidade dos aplicativos quanto os riscos e a alta letalidade enfrentados diariamente pelos entregadores. Esse movimento, que une trabalhadores de diversas regiões do país, reforça a urgência de uma revisão nas políticas das plataformas digitais e a necessidade de uma intervenção estatal que assegure condições dignas de trabalho, transformando a mobilização em um marco na luta contra a precarização e na construção de um novo modelo de trabalho na era digital.
Por Jô de Aquino