SÃO PAULO: CAPITAL E SÃO BERNARDO DO CAMPO

Em São Paulo - SP, o Congresso Nacional de Lutas contra o Neoliberalismo apoia e indica para Vereador José Américo 13.100 e para prefeito Guilherme Boulos 50. Em São Bernardo do Campo - SP, o Partido Comunista Marxista-Leninista e o Congresso Nacional de Lutas contra o Neoliberalismo indicam para Vereadora Ana Nice Martins 13.123 e Prefeito Luiz Fernando 13

CAPITAL/SP

José Américo – 13100 - Vereador

INV- Como reflexo da Crise Orgânica do Capital, que é global, vivemos momentos difíceis na nossa cidade e estado. São Paulo, a capital com a projeção internacional que tem, e com sua riqueza, vê cada vez mais os serviços sendo precarizados – como recentemente denunciou o Jornal Inverta no caso das funerárias – e cada vez mais o povo sem emprego formal, ou sem emprego mesmo e uma crescente massa em situação de rua. O que podemos fazer para enfrentar esse quadro?

ZA - Sobre a crise do capitalismo, é uma coisa interessante fazer uma observação sobre isso. As pessoas às vezes tem uma ideia de que as coisas vão melhorando, há dez, quinze anos atrás, ninguém imaginava que fosse piorar. E piora! O capitalismo tem esse condão de produzir muito capital, concentrar renda e a situação do Povo piorar. Então hoje, por exemplo, nós temos no Brasil, na cidade de São Paulo em particular, uma situação onde você tem grande parte da população empregada, o nível de desemprego é baixo, só que veja bem, mesmo aqueles com carteira assinada - que já é um ganho, não estou dizendo que não seja - mas eles estão ganhando pouco, eles ganham menos, o salário é mais aviltados. O emprego hoje, no geral, é no setor terciário, no setor do comércio, de serviço, portanto, paga salários baixos. É como uma brincadeira que se tinha uns anos atrás: eles exigem o diploma e até que você fale “grego antigo”, no entanto, eles te pagam um salário mínimo! Então você tem em São Paulo muitas famílias em que está todo mundo empregado e mesmo assim precisa de cesta básica para complementar a subsistência. Eu inclusive tenho conversado muito com o Guilherme (Boulos, candidato a prefeito em São Paulo) de que a gente precisa de uma política de cesta básica bem agressiva em São Paulo por conta disso. Porque não tem mais isso de estar empregado, a família tem sempre dois ou três trabalhando, o problema é que o ganho é muito baixo, o capital aumentou o grau de exploração a partir do Consenso de Washington. Você tem uma coisa muito incrível no capitalismo, ele passa a concentrar renda e ele passa a precarizar as condições de trabalho, combinar formas ultra-avançadas de tecnologia com formas primitivas de exploração da mão de obra. Então o capitalismo precariza as condições de trabalho para aumentar a exploração, e a competição entre eles é muito grande. Na época do Consenso de Washington, o que se discutiu foi a competição no capitalismo, que tá muito acirrada e para ganhar competição você precisa explorar mais. E os Estados Unidos como chefe mestre do capitalismo internacional, retoma a política armamentista, a política beligerante contra os povos do Oriente Médio, contra a China, contra a Rússia. A OTAN tinha um acordo de que iria permanecer e respeitar um acordo com a União Soviética. Os Estados Unidos comanda o bloco europeu do ponto de vista geopolítico, mas também do ponto de vista econômico. A precarização do trabalho não seria possível se não tivesse Estado forte, exército, polícia, se não tivesse CIA. O império dos EUA tem uma organização de bandidos para poder manter o poder hegemônico no mundo e poder permitir que a mão de obra seja explorada. A CIA é uma organização delinquente, ela trafica armas, trafica drogas, dá golpes de Estado, ela recruta bandidos! É um país que recorre a isso!

INV - São Paulo tem um papel também como um importante centro ideológico do neoliberalismo. Quais as possibilidades aqui para usar o potencial da cidade para o povo? Quer dizer, na comunicação, educação e cultura, como podemos disputar com os grandes meios que disseminam as ideias que são contra o povo?

ZA - Eu acho que não dá pra gente fazer essa disputa só no campo ideológico, embora ele não deva ser abandonado! Inclusive um dos grandes erros do PT nesses últimos 30 anos é não fazer a disputa ideológica. Mas ela não basta, tem que fazer algumas medidas de contra hegemonia, por exemplo: São Paulo hoje é uma cidade que nada em dinheiro! Esse ano deve sobrar um orçamento, mesmo com todos os gastos que o prefeito fez, com o ano eleitoral, de mais ou menos uns de 10 a 15 bilhões de reais! Então a cidade tem muito dinheiro, e temos que aproveitar isso e fazer, por exemplo, uma política de saúde revolucionária! Eu fiz uma proposta pro Guilherme, e ele acatou, que é a seguinte: fazer um acordo com o governo federal e contratar médicos do Mais Médicos complementando os salários, uma vez que o programa paga um salário de médico da prefeitura e do estado. Os caras que são especializados não vem por esse salário, eles querem ganhar mais, então a gente vai pagar mais e conseguir preencher as 3.000 vagas de médicos especialistas em São Paulo.

INV - Deixe uma mensagem para os leitores do Jornal Inverta.

ZA - A disputa política eleitoral que a gente está tendo agora ela não é o único campo possível, aliás, é um dos campos apenas, e é muito limitado. Porque você enfrenta forças econômicas, uma campanha é uma luta também econômica. Como nós temos um fundo eleitoral, o poder econômico se reduziu um pouco, pelo menos dentro do PT. Você tem um fundo eleitoral que paga basicamente sua campanha, você não precisa ficar correndo atrás de se comprometer com grande o capital como os outros partidos fazem, mas de qualquer forma, é limitada. É importante ganhar uma eleição como essa. Acho que o Boulos pode representar uma ruptura em São Paulo. Uma coisa importante que ele está fazendo é propor 3% dos impostos para cultura, e acho que vai fazer uma grande revolução cultural na cidade! Acho que a gente consegue se opor a essas distorções do neoliberalismo que são essas igrejas neopentecostais, esses pregadores de prosperidade, essas lideranças tipo Pablo Marçal, igual a Bolsonaro. Eu acho que a gente pode conseguir contra-atacar isso com esse trabalho político, esse trabalho político-cultural. Pro Jornal minha proposta é a seguinte: que vocês continuem na linha de fazer a disputa político-ideológica na sociedade que é fundamental, sem isso a gente avança e recua, avança e recua, como o próprio PT. Em muitos lugares o PT fez algumas coisas importantes, e voltou tudo para trás porque não conquistou a consciência das pessoas e não estimulou o espírito crítico.

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SÃO BERNARDO DO CAMPO/SP

Ana Nice Martins - 13123 - Vereadora

A Vereadora Ana Nice Martins tem sustentado uma importante atuação na Câmara de Vereadores de São Bernardo do Campo, apoiando lutas importantes no campo da moradia, saúde, educação e esportes. A postura combativa da Vereadora, candidata a reeleição, liga-se também a sua formação desde a base do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, A companheira Ana Nice também carrega origem de classe, com uma história familiar que demonstra as duras condições de vida do nosso povo, que nos empurram para a luta dia-a-dia. Formou-se com literatura plena e bacharelado em história na Fundação Santo André em 2009 e cursou um ano na Unicamp, na especialização em Economia do trabalho e Sindicalismo. Original da cidade de Espinosa, norte de Minas Gerais, Ana foi a única mulher eleita em 2016 e única vereadora negra da história cidade de São Bernardo. Tendo sido nossa indicada para o mesmo cargo em 2020, permanece nossa indicação neste ano por seu trabalho no parlamento e por seu apoio as lutas populares, em especial, sua contribuição e presença nas atividades do Congresso Nacional de Lutas contra o Neoliberalismo.