RIO DE JANEIRO
Edson Santos - 13.222 - Vereador
Edson Santos, candidato à reeleição para vereador, pelo Partido dos Trabalhadores (PT) com o número 13.222, é o que apoiamos no Município do Rio de Janeiro, por suas lutas sociais como meia entrada para estudantes em eventos culturais e esportivos; criador do Feriado de Zumbi; ex-ministro da Igualdade Racial; defesa das Cotas Raciais; contra o Racismo e a Intolerância Religiosa e a defesa da Cultura Negra e Popular e do Afroturismo.
INV - Vereador Edson Santos, durante a luta contra a Ditadura civil-militar, nas décadas de 60 e 70, da qual participou havia diversos grupos políticos na luta pelo Socialismo. A partir do fim da ditadura observou-se uma mudança em que o prioritário passou a ser a luta pela mudança nas instituições governamentais, buscando garantir conquistas de direitos dos trabalhadores, o que seria a saída para construção de um governo popular. Como você avalia isso?
ES - ditadura interrompeu um processo democrático no Brasil, o país seria outro se não tivesse ocorrido o golpe de 64. A esquerda teve que optar, num primeiro momento, pela resistência. Alguns defenderam a resistência armada e junto a isso a presença cada vez maior nos movimentos sociais. Durante a ditadura, tivemos uma resistência e fortalecimento do movimento sindical, movimentos comunitários, como o Congresso da FAMERJ onde as chapas disputavam posições políticas, único lugar onde podíamos fazer a luta por melhorias para o nosso povo. Com o fim da ditadura, a liberdade de expressão foi alcançada e alguns partidos como PT, PSB , PCdoB fazem a disputa para ocupar espaços no Parlamento.
Nossa presença nesses espaços é importante e quanto maior for a nossa bancada no Parlamento,mais podemos lutar pela conquista dos direitos dos trabalhadores. Não vejo muita contradição no caso de estarmos na luta institucional na medida em que consigamos vitórias, principalmente no campo do Executivo, a gente consegue pautar o debate na sociedade. Não é a toa que hoje a questão da fome é motivo de preocupação na sociedade e é o Presidente da República que passa isso para todos nós, para o Brasil e para o mundo.
Vamos ter aqui no Rio de Janeiro o G20 cuja temática central vai ser a fome no mundo. É óbvio que vivemos numa sociedade hegemonizada pelo pensamento neoliberal ou ultra liberal onde o capital financeiro tem uma força enorme para impor sua política para o País.
Veja agora a questão dos juros e isso dificulta o avanço da luta. Se o Congresso Nacional fosse mais à esquerda, o que não é, porque é muito conservador, muito ligado ao capital financeiro, muito ligado no conservadorismo, na pauta de costumes, o país seria outro. Em relação aos costumes e gênero, nós estamos décadas atrás de países bem próximos do Brasil, como Argentina, cuja legislação é mais avançada em relação, por exemplo, às mulheres.
Do ponto de vista econômico estão aí os juros nas alturas e o presidente da Câmara Federal que só vive para sabotar o governo, então, essa é a dificuldade.
INV - Você já está concluindo mais um mandato como vereador. Como você avalia este mandato do ponto de vista dos trabalhadores da cidade do Rio de Janeiro? Houve aprovação de leis favoráveis ao povo? Se sim, as leis foram cumpridas?
ES - Estou cumprindo meu quinto mandato, eu era suplente e assumi em 2022. Não houve tempo de fazer grandes conquistas que marcassem nossa presença no Parlamento atual. Mas, em termos de questões maiores, do interesse do governo federal em criar condições favoráveis para que haja a manutenção do ambiente democrático, estamos trabalhando, porque aqui é a base do bolsonarismo, é o berço. Perder a eleição aqui será um desastre para a luta política nacional e o que a gente fez aqui. Embora a bancada bolsonarista tenha um peso, a gente conseguiu aprovar leis que garantam a parceria bem concreta entre o governo federal e o governo municipal. a saber: a renovação da frota de VLTs com o recurso federal que possibilitou o prefeito Eduardo Paes a aquisição de novos ônibus. A finalização da VLT Transbrasil também seria a partir do apoio do governo federal à prefeitura do rio de janeiro, além de conseguirmos aprovar e finalizar os corredores BRTs. Aqui na Câmara, cada vereador tem sua principalidade, a minha é a Tarifa Zero. Uma lei que está tramitando na casa. No início teve muita resistência mas agora já tem simpatias e é um compromisso verbal do prefeito. Isso envolve custos do erário, mas esses recursos retornam para o próprio município. Hoje o transporte público onera de 20% a 30 % do orçamento da população, principalmente de quem sai da Baixada Fluminense. Vamos trabalhar nesse final de mandato e no próximo para que seja garantido o transporte público Tarifa Zero à população. Saúde, habitação e transporte é dever do estado e direito do cidadão como diz o Artigo quinto da Constituição.
Existe uma profusão de leis que não são respeitadas, mas outras a população toma para si, como foram as leis da meia entrada, quando os estudantes foram às ruas e foi aprovada; e o feriado de Zumbi dos Palmares, com ampla e decisiva participação do Movimento Negro, começando como lei municipal, passou a ser estadual e este ano será feriado nacional.
INV - Como você vê a atual situação de violência existente no município do Rio de Janeiro?
ES - Há o crescimento do crime organizado, as milícias, o narcotráfico, a divisão do Rio em territórios… não tem um lugar que não pertença a um fulano onde o direito de ir e vir do cidadão é muito limitado. Esse é um problema e esses grupos formam uma máfia que acaba tendo representação no poder, no Parlamento. Estou falando aqui como vereador, pessoa pública que tem visibilidade, imagine como passa um cidadão comum. Isso se deve a uma visão de segurança pública racista. A segurança pública se faz para combater o pobre e o preto. Gasta-se muito dinheiro com isso.
É entrar nas comunidades, prender, matar quem está envolvido com o crime ou não. Mas todo mundo sabe que esses grupos são alimentados de fora. Ninguém da comunidade tem acesso a essa quantidade de armas e drogas, elas são vendidas no varejo. Quem aparece lá com o carregamento de armas e drogas são intocados, de vez em quando aparece um na Barra da Tijuca, num condomínio de luxo. Há uma visão escravocrata da segurança. O criminoso está na comunidade, cai um, vem outro, é uma guerra de guerrilha. Se não houver uma política social forte nas comunidades para absorver esses meninos a gente vai perder essa guerra. Na discussão dos CIEPs, que a elite do Rio de Janeiro era contra, Darcy Ribeiro nos embates políticos dizia, se não fizermos escolas hoje, faremos cadeias amanhã. Brizola perde a eleição e entra Moreira Franco. Não se investiu em escolas, mas na segurança pública e construção de presídios. E os presídios em Bangu é a prova. De Bangu 1 já chegou a Bangu 9. Tem também a violência política com grupos neofascistas, ligados a Bolsonaro, que ao invés de fazerem o debate político, vão para o confronto, para a agressão. Como aconteceu com um rapaz do PT que foi agredido por um candidato a prefeito, bolsonarista. Isso também temos que derrotar.
INV - Qual seu plano de atuação para o próximo mandato, caso seja eleito?
ES - A questão da Tarifa Zero.
INV - Como avalia o atual mandato do Presidente Lula?
ES - Do ponto de vista internacional, estamos vivendo um momento muito difícil; a multipolaridade o império não aceita. Tem problema com a guerra na Ucrânia, na Palestina e na América Latina, que os Estados Unidos que é sua propriedade, como a situação da Venezuela, prenderam o avião presidencial, ainda bem que Maduro não estava dentro. Isso prenuncia um quadro de luta muito intensa e o Brasil vai ser afetado por isso. Não tem como a gente não ser envolvido na disputa entre os dois pólos: Rússia e China; Estados Unidos e União Europeia, sem fazer política de boa vizinhança, de parcerias, de construção, querem submeter os povos tanto da América Latina como da África. Por outro lado, eu vejo a China numa ofensiva grande, propondo políticas, realizando investimentos como a ferrovia que vai cruzar o Brasil até o Pacífico, importante para o escoamento de grãos e minérios, para a própria China, encurtando o caminho das exportações, é o soft power da China contra o hard power dos Estados Unidos que conhecemos bem, de fomentar golpes,“revoluções coloridas” pelo mundo. Então, o presidente Lula vive essa realidade, talvez daí advém a cautela sobre a questão da Venezuela, evitando uma postura da América Latina como um todo de confrontação com as forças do império. É uma situação preocupante. Vai acontecer aqui o encontro do G20, que pode ser um fortalecimento para o governo, mas a disputa está aberta.
Estamos vivendo uma guerra não declarada no mundo, veja a questão da Ucrânia que tem mercenários e armas americanas, para mim é um ensaio de uma Terceira Guerra Mundial.
Do ponto de vista interno, a direita tem força ainda, veja o Congresso Nacional, tudo isso dificulta a governabilidade de Lula, acrescido da sociedade também conservadora, como o caso do Marçal em São Paulo. Como um cara desse é ouvido e com relevância na pesquisa, podendo vir a ganhar, falando o quê? Nada! Todo mundo sabe que ele tem ligação com o crime organizado. Esse quadro não é bom para gente. Só o Lula para conseguir segurar uma onda dessa, porque precisa muito jogo de cintura, evitando as cascas de banana. O caso do Banco Central, com juros lá em cima, dificulta as políticas de crescimento do país. As pessoas preferem botar dinheiro para render a juros de 15%. Acredito que essas eleições serão cruciais para o Brasil, que poderá sair mais à direita ou mais democrático. Se sairmos com bancadas de vereadores e prefeitos do campo democrático, as eleições de 2026 poderão ter deputados e senadores que consigam mudar o perfil do Parlamento Brasileiro.
INV - Por favor, deixe uma mensagem para os nossos leitores:
ES - A gente já passou por muita dificuldade no Brasil, viemos da luta contra a ditadura; hoje respiramos um ar mais democrático, pensamos e conseguimos propor à sociedade aquilo que consideramos correto, seja contra ou a favor do governo.
A mensagem aos companheiros do Inverta é que vocês têm dado uma contribuição importante nessa luta e levando em conta o perfil da organização política de vocês que tem meta em relação ao Socialismo, sempre na ordem do dia: a conquista do Socialismo para o povo brasileiro. Isso é importante.
Mesmo a gente elegendo Lula ou outro companheiro do campo democrático, não podemos perder de vista que a nossa meta é ter uma sociedade que trate o nosso povo como iguais. E essa sociedade é a sociedade socialista, onde o capital não terá o peso e hegemonia que tem no Brasil de hoje. Quando o presidente diz alguma coisa contra esses interesses, dizem que o mercado não gostou. Quem é o mercado? É o capital financeiro, o cão de guarda do capitalismo liberal aqui no Brasil. Temos que mudar essa realidade e construir uma nova hegemonia para que a gente possa avançar na luta pelo Socialismo.
Longa vida ao Inverta!