Presidente do BC é indiciado pelo STF
O presidente do Banco Central, Henrique Meireles, foi indiciado pelo STF no inquérito aberto pelo procurador-geral da República Cláudio Fonteles, sobre vários crimes, como evasão de divisas, lavagem de dinheiro, crime eleitoral, entre outros. O ministro do STF, Marco Aurélio de Mello, acatou a abertura de inquérito contra Henrique Meireles e determinou que o processo seja feito através de sigilo de Justiça para que não haja vazamento de informações para a imprensa. O presidente do BC se mostrou tranqüilo em relação ao processo por declarar que tem um passado limpo como executivo do mercado financeiro, mas é grande a pressão de políticos para que Meireles peça demissão ou ao menos se licencie do cargo para que as investigações transcorram de uma forma mais limpa.
A grande preocupação da área econômica é que essa crise se torne de confiança e que aconteça uma contaminação do mercado financeiro no Brasil. O mercado pode se mostrar nervoso com o caso de abertura de processo contra a autoridade máxima da política monetária do país, embora as críticas de vários setores em relação aos constantes aumentos dos juros estejam sendo um ingrediente a mais no combustível desta crise. Essa pode ser uma forma sutil de tirar Meireles do Banco Central para que a política monetária afrouxe o aumento da Selic que está em 19,5%, sendo que esta taxa de juros é a maior do mundo descontada a inflação no período. Com as constantes elevações das taxas de juros está acontecendo um aumento acentuado da dívida pública em mais de R$ 20 bilhões e os grandes beneficiados com essas medidas são os banqueiros que tiveram uma lucratividade recorde de mais de 50% no primeiro trimestre do ano. Como na época da ditadura militar, em que Delfim Netto era o bode expiatório da política econômica ligada ao FMI, agora as cabeças mudam, mas o protesto é pelo mesmo motivo, ou seja, o projeto neoliberal de atrelamento à globalização da economia. Não é somente a classe política que está reclamando das altas taxas de juros, mas outros setores também estão descontentes com essas medidas, como os empresários que ficam com dificuldades de investir na produção pelo arrocho no crédito. Um dos porta-vozes mais contundentes deste descontentamento dos empresários é o vice- presidente, José de Alencar, que vive reclamando dos juros e por isso está sendo preterido para continuar no cargo nas próximas eleições de 2006.
Lucio Fernando