Pela nona vez Banco Central aumenta taxa de juros
O Banco Central aumentou pela nona vez consecutiva a taxa básica de juros para 19,75% em maio, embora o mercado financeiro projetasse uma manutenção da Selic no mesmo patamar de 19,5%. As pesquisas do Banco Central demonstram que a inflação tem aumentado por causa não somente dos preços administrados, mas também pelos preços livres, devido principalmente à quebra da safra agrícola no Rio Grande do Sul que eleva os custos dos produtos agrícolas. Em setembro de 2004 a inflação dos preços livres em 12 meses estava acumulada em 6,48% e em abril último a taxa ficou em 6,44%. E a meta de inflação fixada pelo BC através do IPCA integral estava em 5,1% em 2005. Em 2003, com os aumentos da Selic, houve uma queda significativa dos preços livres de 15,36% em junho para 7,79% em dezembro. Nos últimos doze meses os preços administrados acumularam uma alta de 12,13%, mas o mercado estima que este ano ficarão em 7,74%.
Segundo as expectativas do mercado, aumentou pela 11a semana seguida a projeção do IPCA (índice de Preços ao Consumidor Amplo), que passou de 6,30% para 6,39%. O teto de 7% para a meta de inflação de 2005 está bem próximo de ser alcançado, e com isso o projetado de 5,1% pelo Banco Central não será cumprido pelo governo. É aguardado para o segundo semestre uma queda gradual das taxas de juros para cerca de 18% no final de 2005. Mesmo tendo uma taxa de juros que é a maior do mundo descontada a inflação no período, o que continuará ocorrendo é que os bancos serão os grandes beneficiados com os estratosféricos lucros que estão tendo, que batem recordes acima de recordes a cada balanço e estão acima de 50% dos rendimentos de outros setores da economia.
No primeiro trimestre de 2005, os bancos que mais lucraram foram Bradesco (R$1,20 bilhão), Itaú (R$ 1,14 bilhão) e Banco do Brasil (R$ 965 milhões), sendo que o retorno de patrimônio líquido anualizado foi de 29,3% do Banco do Brasil, do Bradesco chegou a 17,9% e o do Itaú ficou em 28,1%. Isso mostra que a grande jogada do sistema financeiro é criar um clima artificial na economia brasileira através de investimentos de curto prazo para que exista uma aparência fictícia de que os números sejam positivos, mas basta uma crise financeira internacional que tudo pode ir por água a baixo, pois, como aconteceu com a falsa paridade no Plano Cavallo na Argentina e com o Plano Real no Brasil, pode desmoronar de uma hora para outra esta fantasia com suas nefastas conseqüências para o processo de desenvolvimento da economia brasileira. O mercado financeiro já projeta uma expansão do PIB de 3,5% em 2005 contra um aumento de 5,2% no ano passado, o que pode ser explicado com a política monetária de arrocho do crédito, mas a grande verdade é que, mesmo com os juros altos, o grande achado do aumento do PIB está sendo a balança comercial que tem batido recordes a cada mês e também a cada ano.
Julio Cesar de Freixo Lobo