Itamar e o discurso eleitoreiro da moratória
Itamar e o discurso eleitoreiro da moratória
Por: Sucursal MG
A
atual crise energética no país, cujo combate mereceu um
“verdadeiro plano de guerra” por parte do Governo Federal, tem
levado o governador de Minas Gerais a falar em uma nova moratória.
É que a Lei de Responsabilidade Fiscal abre espaço para interpretações nesse sentido, pois a queda na arrecadação de impostos, pela retração da atividade econômica - devido ao racionamento de energia, entre outras coisas - impedirá que Minas continue pagando sua dívida para com a União, cujo valor é de cerca de R$120 milhões por mês. O artigo 30 da referida lei prevê a re-negociação do “limite de endividamento, devido à instabilidade econômica ou alteração das políticas monetária e cambial”.
Além
de se constituir em fato político de repercussão
nacional e ser motivo para mais uma “briga” com Fer-nando
Henrique Cardoso, a
moratória pode dar a Itamar um fôlego de caixa, pois as
demandas em Minas tendem
a aumentar pela mobilização
dos servidores públicos
em busca de melhores salários e estabilidade e pelos
compromissos cada vez maiores que a campanha rumo ao Planalto
exigirá.
A
reedição do vice de Collor de Melo
Já em franca campanha, Itamar revive os tempos em que esteve atrelado ao ex-presidente. Em discursos, tem pedido a união das forças políticas de oposição e afirmado que “Minas tem a responsabilidade de ajudar este povo excluído nesta travessia”... Quando fala em “povo excluído”, estaria Itamar se referindo aos tais dos “descamisados” de Collor ou ao setor da burguesia que se vê excluído do poder?
Outro fato: no fim de semana passado, ocorreram as convenções regionais do PMDB, Itamar não compareceu a nenhuma, aqui em Minas preferiu ficar no Palácio das Mangabeiras, monitorando o andamento das convenções e os resultados. Por se constituir, hoje, em alternativa viável e confiável de parte da burguesia e da oposição domesticada, Itamar não precisa “tomar partido” no PMDB mineiro; prefere guardar suas energias para superar a contradição que a sua candidatura coloca para o partido, a nível nacional, qual seja: candidatura própria versus composição com FHC.
Que fique atento o nosso povo e veja os fartos exemplos que nossa história e de outros povos têm nos oferecido: não há “salvador da pátria” e, mais ainda, alianças políticas benéficas ao povo não se dão em cima de nomes mas, sim, baseadas em princípios e programas previamente discutidos com a maioria da população e que atenda a suas necessidades imediatas e futuras.