Brasil do Apagão, quem vai pagar por isto?

O diretor do Sinergia, Roberto Moreno, declarou ao INVERTA que a greve dos trabalhadores da Light está ocorrendo em função das 400 demissões na última sexta -feira

Brasil do Apagão, quem vai pagar por isto?

Por: Sueli Dantas



O diretor do Sinergia, Roberto Moreno, declarou ao INVERTA que a greve dos trabalhadores da Light está ocorrendo em função das 400 demissões na última sexta -feira:

“Fizemos uma greve de ocupação na empresa para impedir a entrega das cartas de demissões. Nossa maior preocupação é que sem este pessoal de ponta, a qualidade dos serviços vai cair e vai ser complicado segurar o sistema. A tendência é que se agravem ainda mais o racionamento e os apagões. Quando a empresa reduziu seu faturamento em função do racionamento, vamos ter mais diminuição de receita e novos cortes de pessoal. Então nossa preocupação é reintegrar os demitidos e evitar mais desemprego”, explicou.

Segundo o sindicato, a paralisação em alguns setores foi de 100%, mas no geral é de 70%. A paralisação atinge desde o Rio de Janeiro, onde se concentra a maior parte da categoria, e se estende pelos diversos municípios do interior. Só no Rio são 80 postos onde fica o grosso do setor de comercialização de energia.

Segundo os demitidos que não quiseram se identificar, o setor que detecta as fraudes acabou, pois são 300 demissões neste setor. Segundo eles, é a terceirização, como eles não pretendem aproveitar os técnicos, isto vai provocar um caos no Rio de Janeiro. Tem gente que recebeu a carta de demissão já com o cartão da empreiteira. Estes mesmos funcionários denunciam que a Light não corre atrás das grandes empresas que devem, somente procura correr atrás da população pobre para evitar as perdas.

“Nossa Greve também é de solidariedade à população, porque no meio de um apagão, o governo manda embora mão-de-obra especializada. E com isto quer obrigar a população a pagar 50% a mais pela energia. Assim como eles terceirizam este setor, eles vão terceirizar toda a Light”, afirmou.

De acordo com Renato Sofia, um dos diretores do Sindicato, dos 11. 500 funcionários que havia na empresa, 6 mil foram demitidos após a privatização. E destes 5 mil, 1.500 foram contratados há cerca de 3 anos. Das 400 demissões ocorridas nesta última sexta-feira, metade tem 3 anos e a outra tem gente de até 29 anos de empresa, pegando os trabalhadores estatais. Sendo assim a memória da empresa também se perde. Perde-se a experiência e know-how.

Ele explicou que para evitar as ditas perdas com os gatos na Light, que era de 13%, a empresa contratou 400 trabalhadores, e em abril deste ano ao invés de diminuir o índice de perdas aumentou para 21%. Então eles agora estão apostando na redução de pessoal e na terceirização para conter as perdas, pois fizeram um “contrato de sucesso” com as empreiteiras, se elas conseguirem reduzir as perdas, ela recebe, se não conseguir ela não recebe. Na verdade, a crise da Light ocorre porque ela fez contratos em dólares, quando o dólar aumenta ela tem perdas, e aí o jeito que eles encontram é a demissão e a terceirização.

A gente sabe também que grandes empresas são devedoras da Light , e ela troca a dívida por serviços como por exemplo os grandes jornais como JB, o Globo a própria Manchete, que tem suas dívidas trocadas por publicidade da empresa. As demissões não apagariam estes fatos que já são públicos, todos sabem.

De acordo com a categoria, o setor operacional também está parado e o fornecimento da energia elétrica, apesar de não estar interrompido, está oferecendo riscos à população. Existe um impasse, a empresa não abre mão das demissões e os trabalhadores não abrem mão de lutar pelo emprego usando seu instrumento de luta: a greve.

O diretor do Sindicato Roberto Moreno declarou que a divisão do Sindicato dos Urbanitários enfraquece a luta dos trabalhadores e traz prejuízos para a população, à medida que facilita o processo de privatização destes setores água e energia, que são setores essenciais para a população, mas se continuar a repressão e a truculência da PM, vão paralisar a turma da emergência.