Senta a Púa! A aviação de caça brasileira contra o fascismo

No que diz respeito a Força Aérea Brasileira, a participação na guerra também foi coroada de grandes êxitos, trata-se da atuação do 1º Grupo de Aviação de Caça da Força Aérea Brasileira, que tinha como lema “senta a pua”, gíria dos anos 40 que significava bater firme, agir com resolução. O jovem diretor Eric de Castro tomou como tema a atuação deste grupo e realizou um documentário que traz importantes novidades.

Senta a Púa! A aviação de caça brasileira contra o fascismo

Por: Antonio Cícero


Qual a importância da participação brasileira na derrota do nazi-fascismo? Sabe-se que a Força Expedicionária Brasileira enfrentou condições terrivelmente adversas para dar conta de seus objetivos na Itália. No que diz respeito a Força Aérea Brasileira, a participação na guerra também foi coroada de grandes êxitos, trata-se da atuação do 1º Grupo de Aviação de Caça da Força Aérea Brasileira, que tinha como lema “senta a pua”, gíria dos anos 40 que significava bater firme, agir com resolução.

O 1º Grupo representa a participação da Força Aérea Brasileira, embora integrada ao mesmo esforço da FEB, estava subordinada ao 350 º Fighter Esquadron americano. Era formado por 466 pessoas, sendo 49 pilotos e 417 homens de apoio, que desembarcaram na Itália a 6 de outubro de 1944, comandados pelo Major Nero Moura. No filme, 23 pilotos falam de sua experiência na fase final da guerra na Itália, onde não havia mais combates aéreos, pois a aviação alemã, na Itália, estava destruída. No entanto, a atuação dos pilotos era necessária para destruir alvos materiais e humanos que ajudassem na contenção e derrota dos nazi-fascistas, impedindo-os que chegassem ao Mar Mediterrâneo. A região sul da Itália já estava sob controle dos aliados, mas os alemães ainda resistiam ao norte.

O jovem diretor Eric de Castro tomou como tema a atuação deste grupo e realizou um documentário que traz importantes novidades.

Em primeiro lugar há trechos de documentários inéditos obtidos no National Archive, nos Estados Unidos: os aviões tinham instalada uma câmera 16 mm que permitia a filmagem dos ataques e do território inimigo, informações que ajudariam no planejamento das operações. O uso da computação gráfica permite acompanhar com interesse as imagens da movimentação dos aviões no espaço italiano, algo já bastante comum nos documentários de guerra, mas uma novidade entre nós. A trilha sonora de Eugênio Matos dá um tom empolgante à narrativa, reforçando o caráter épico dos acontecimentos vividos pelos pilotos brasileiros, que por contarem com um pequeno contingente eram obrigados a realizar mais ações que os americanos, com isso adquiriam uma capacidade de visualização dos alvos que os fazia mais capacitados que os outros. Se isto os tornava ases do espaço, também os levava a atuar no limite de suas forças. Numa passagem, um depoente critica a não renovação do contingente de pilotos enviados à Itália, “numa guerra não basta o primeiro ato, é necessária a renovação humana e material para que o objetivo seja alcançado”.

Embora mereça elogios, o filme tem uma grave lacuna. Falta explicar completamente as condições políticas que levaram àqueles jovens a tão abnegada missão. O documentário mostra muito bem os navios mercantes brasileiros sendo torpedeados pelos submarinos alemães: 21 navios atingidos e centenas de vítimas entre fevereiro e agosto de 1942. Estes atentados ao território brasileiro, a morte de brasileiros e o sentimento anti-fascista do nosso povo , expresso em organizações como a Liga de Defesa Nacional e a União Nacional dos Estudantes, onde os comunistas atuavam no sentido de fortalecer a luta contra o nazi-fascismo, levaram o governo de Vargas a declarar guerra e enviar tropas à Itália. Por que as passeatas, comícios e atos contra o fascismo que ocorrem a partir desse período não aparecem no filme? O volume de informações sobre o tema escolhido é impressionante, material que os produtores prometem desdobrar em livros, CD-ROM, minisséries e novos longametragens sobre a FEB e um filme de ficção. No entanto, falta articulação desta história com o contexto mais amplo, de forma que seja possível construir sínteses mais explicativas do que simplesmente a bravura individual.

O filme utilizou além dos depoimentos, os livros escritos pelos protagonistas: Senta a pua, de Rui Moreira Lima, Missão 60, Fernando Pereyron Mocellin, Avestruzes nos céus da Itália e Missão de Guerra, de Luís Felipe Perdigão.

"Senta a Púa" está sendo exibido em Brasília e São Paulo, desde 27 de abril, Fortaleza, a partir de 3 de maio e São Luís, desde 4 de maio.


Bruna
Bruna disse:
24/04/2013 14h31

Baixar o Documentário - Senta a Pua! - http://mcaf.ee/tasp5

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