Roberto Nogueira: Reflexões sobre o passado

Roberto Nogueira:

Reflexões sobre o passado

Comecei no Teatro Amador, quando o termo era diferenciado por profissionais de teatro. Uma elite de medalhões que nos tratavam pejorativamente, na maior parte produtores, que importavam grandes produções estrangeiras relegando nosso teatro a um segundo plano, salvo raras exceções.

Acontece que nas décadas de 60/70 a mídia destacou o teatro que se fazia amador como o de melhor qualidade, superando o profissional, em idéias, estética e produção. O então chamado “Teatrão” que se fazia na época, foi encostado na parede por grupos de “Amadores”, que ganham novo nome, mais charmoso e menos depreciativo. “Experimental”, foi a época dos “grupos”, uma infinidade, vinham de todos os cantos do país e se apresentavam em festivais, onde eram reconhecidos e valorizados. Uma febre cultural, que destacou-se e deu origem ao Teatro do Estudante, Arena, Oficina e tantos outros. Era uma época de contestação, um público exigente clamava por uma arte nova, revolucionária, colocando abaixo o teatro do sofá, acomodado e doente. Havia uma necessidade de conscientizar o povo com reivindicações de cunho político, usinas de arte, devolvendo ao homem a sua natureza, surge a TV, acomodando a família novamente na sala, “onde ninguém mais fala”, criando o destruindo ídolos. Atores, diretores e escritores, do teatro se acomodam nessa arte alienante, novelesca e agonizante, com ressalvas, adaptações da nossa vasta produção bebidas na fonte.

O teatro hoje é tratado como um produto embrulhado pelos grandes nomes da TV, que a mídia cobre pelos patrocinadores, transformando-nos em produtos de consumo, contra essa pasmaceira “cultural”, esta o desrespeitado e marginalizado teatro Amador/Experimental, que conta com a colaboração de alguns profissionais, descontentes ou marginalizados por esse sistema, e que devolve o teatro a população com força vital, ousado, com garra! Um teatro de trabalhadores.