Greve na Construção civil é vitoriosa no Ceará
Greve na Construção civil é vitoriosa no Ceará
Por: José Adalberto (Tukano Vermelho)
Correspondente em Fortaleza
Iniciada no último dia 4 de abril, a greve dos trabalhadores da construção civil do Ceará teve um desfecho vitorioso por parte dos operários, após quinze longos dias nas ruas, sofrendo as mais duras perseguições por parte de policiais da PM de Tasso Jereissati. Os trabalhadores resistiram a “pão e rapadura”.
A reportagem de INVERTA acompanhou toda a greve de perto e pode constatar verdadeiros absurdos, que mais pareciam uma cena nazista, enquanto todo o contingente de policiais foi acionado para reprimir os trabalhadores, a capital Fortaleza era ocupada por assaltantes que agiram em bancos e estabelecimentos comerciais e shoppings. Até o Secretário de Segurança e Cidadania, Cândido Vargas, teve seu carro oficial levado, a poucos metros da secretaria.
A concentração dos trabalhadores se deu na Praça Portugal, coração da área nobre de Fortaleza. Os trabalhadores, sob o comando do Stic Civilrm, Fortaleza, e apoiados por várias instituições governamentais e não governamentais, Central Única dos Trabalhadores, parlamentares de esquerda, a igreja católica e evangélicos, tiveram o apoio total da comunidade que passou o dia na Praça à espera de uma negociação com o patronato. Não vendo saída, os patrões cederam e a negociação aconteceu na presença de representantes da Justiça, que intermediou o acordo.
As reivindicações dos trabalhadores eram: 20% de aumento referente à inflação, mais o ganho real conforme o crescimento do índice da atividade na região; o não trabalho aos sábados, cesta básica e pagamento uma sexta-feira sim, outra não.
Na Assembléia dos Trabalhadores, o INVERTA conversou com líderes do Sindicato da Construção Civil de Fortaleza que falavam uma só voz: ”tivemos vitórias apesar da repressão, que não era bem o que reivindicamos, mas graças à luta dos trabalhadores conseguimos 6,8% de aumento”; afirmou Sérgio Gomes, Diretor do sindicato e operário da Mota Machado.
Repressão policial para intimidar não teve êxito
Conversamos com o companheiro Mota, diretor do sindicato, que frisou que além de ter presenciado agressões no canteiro de obras, que disse também que em um só canteiro havia 40 policiais pagos pela Patronal e a serviço dela. Outros companheiros, segundo Mota, foram agredidos, entre eles os diretores Bosco e Lau-rindo, que é operário da Construtora Marquise.
O sindicato ainda conseguiu, além de apoio moral, apoio financeiro para distribuir mais de 800 cestas básicas para os trabalhadores. “Agradecemos à Igreja, aos parlamentares de esquerda e a todos os sindicatos que somaram conosco forças para arrecadar esses alimentos”; declarou Gilberto Pinto, diretor financeiro do Sindicato.
Por fim a vitória dos trabalhadores que foram às ruas debaixo de sol e chuva, sofrendo na pele a lei do chicote, pilar de força desse sistema podre, que só gera mais miseráveis. Mais uma prova de que no capitalismo só nos resta a tragédia.