RJ: maquinista e passageiros feridos em acidente no metrô

Na sexta-feira, 20/4, um acidente no Metrô carioca, privatizado, deixou um ferido grave, o maquinista, e vários passageiros. Um trem bateu na traseira de outro entre a estação Arco Verde e Botafogo. O maquinista ficou preso nas ferragens.

RJ: maquinista e passageiros feridos em acidente no metrô

Por: Sueli Dantas


Na sexta-feira, 20/4, um acidente no Metrô carioca, privatizado, deixou um ferido grave, o maquinista, e vários passageiros. Um trem bateu na traseira de outro entre a estação Arco Verde e Botafogo. O maquinista ficou preso nas ferragens. Ainda não está definida a causa do acidente, se falha humana ou técnica.

O Sindicato dos Metroviários contesta a avaliação da empresa de que houve imperícia do condutor. O certo é que desde a priva-tização já ocorreram cinco graves acidentes, o que é um fato alarmante, comparado aos quase 20 anos em que o Metrô era uma empresa do Estado e não houve acidente grave.

De acordo com Evandro, diretor dos metroviários, “quando ocorreu a priva-tização, houve cerca de 1.200 demissões, mas cerca de 700 a 800 trabalhadores permaneceram trabalhando no Estado, metade destes estão cedidos a outros órgãos e secretarias e outra metade está trabalhando aqui dentro, na fiscalização e na fiscalização da construção. O governo do Estado está mantendo a mesma política que tinha o Marcelo Alencar, ou seja, esta-mos há seis anos sem reajuste salarial.

O governo não reconhece o acordo coletivo, a gente apoiou o governador nas eleições, mas hoje ele se recusa a receber a categoria metroviária. Já fizemos quatro passeatas ao Palácio Guanabara e todos os secretários nos recebe, menos o governador Garotinho.

Entendemos que do governo Marcelo Alencar para o de Garotinho nada mudou. Inclusive a procuradoria do Estado vem atuando exatamente como atuava no governo Marcelo Alencar, nós es-tamos revoltados com o governador. Garotinho só pensa em aparecer na mídia e ser presidente. Ele está cumprindo à risca a cartilha neoliberal, o que pode ser comprovado pelas 600 demissões ocorridas nos últimos dois anos.

Nossa categoria hoje está formada pela parte ligada ao Estado, sem acordo há seis anos, e pela parcela ligada à empresa privada. A concessão metroviária é da empresa Opportrans, que tem 60% do capital do Banco Oppor-tunit, e 40% da Cometran argentina. Essa empresa, desde que assumiu em abril de 98, pratica a política de banco, política de demissões, a gente estima que ela tenha demitido perto de 500 a 600 empregados. Hoje estamos negociando um acordo, a empresa promete apenas abono salarial e a categoria está rejeitando isto.

E as coisas vêm se agravando. Na sexta-feira, quando aconteceu o acidente, o piloto ficou nas ferragens por duas horas. O bombeiro é que teve que soltá-lo, a empresa logo partiu para acusar o piloto de negligência. A gente quer participar das sindi-câncias, nós achamos que pode ser uma falha operacio-nal. Mas desde a privatização já ocorreram cinco graves acidentes, e nos quase 20 anos de operação do Estado, nenhum acidente grave.

Isto porque a iniciativa privada prioriza o lucro, o Metrô deixou de ser um bem social para ser apenas uma empresa lucrativa, e a prática de demissões constantes faz com que todo mundo trabalhe sobressaltado. E nossa preocupação é que aconteça novos acidentes graves, pois a lógica de rotatividade constante faz com que os trabalhadores desta categoria não acumulem experiência técnica suficiente”.

Segundo Edgar, há algum tempo os metroviários juntamente com as estatais privadas e as que estão na lista da privatização estão tentando uma auditoria para reverter as privatizações, para que se possa aprofundar a discussão sobre os contratos de concessão, feitos sem garantias à população.

Até hoje, por exemplo, as agências reguladoras só têm servido para majorar as tarifas beneficiando os empresários, e multar as estatais, como a Petrobras e Furnas. Até hoje não aplicaram multas nas empresas que foram privatizadas, mesmo as que não tenham cumprido os contratos.

Segundo fax remetido à redação do INVERTA, a quebra das normas de segurança operacional que estipula a velocidade máxima em 35 Km/h, apesar das advertências feitas pelo Sindicato dos Metroviários de que a empresa concessionária não deveria aumentar no trecho do acidente a velocidade para 70km/h e a política de tercei-rização na contratação e a rotatividade na mão-de-obra que requer experiência técnica, coloca em risco a segurança da população”.

Segundo os metroviários, todas as tentativas de negociação com a Opportrans foram impossíveis, pois esta disse não a todas as reivindicações da categoria.