Manifesto da Refundação Comunista sobre o governo do Presidente De La Rua

O governo de De La Rua, em um ano e meio, demonstrou claramente que é o fiel continuador da política que foi imposta há 25 anos a sangue e fogo, através da Ditadura Militar de Videla, Massera e Martinez de Hoz. Precisamente nestes dias, como uma violenta bofetada no povo, se produz um verdadeiro Golpe de Estado dos monopólios e do imperialismo.

Manifesto da Refundação Comunista sobre o governo do Presidente De La Rua

Por: Refundação Comunista (Argentina)


O governo de De La Rua, em um ano e meio, demonstrou claramente que é o fiel continuador da política que foi imposta há 25 anos a sangue e fogo, através da Ditadura Militar de Videla, Massera e Martinez de Hoz. Precisamente nestes dias, como uma violenta bofetada no povo, se produz um verdadeiro Golpe de Estado dos monopólios e do imperialismo.

Golpe de Estado que significa uma clara violação das expectativas populares que votaram na Aliança em favor de mudanças na situação argentina. O Golpe de Estado se consumou com Cavallo no Ministério da Economia e a solicitação de plenos poderes ao Congresso, que no Senado tem maioria peronista, se presta a outorgar, para fazer e desfazer a sua vontade sobre os destinos do país, o que constitui um verdadeiro Fujimoraço.

Domingo Cavallo foi o responsável pela estatização da dívida externa durante sua passagem como funcionário da Ditadura Militar. No governo do Partido Justicialista, junto com Menem, entregou o patrimônio nacional com as privatizações, levou a dívida externa a limites insustentáveis, entregou os empregos nas mãos privadas e colocou os desempregados na miséria extrema, cresceu a desocupação, o fechamento de empresas, o rebaixamento salarial, a diminuição das conquistas sociais, a superexploração, a destruição da educação e da saúde pública, o drama da habitação e da terra, a fome, a quebra de milhares de pequenos e médios produtores e comerciantes da cidade e do campo, fazendo com que o nosso país entrasse em uma das mais profundas crises que se tem idéia, ficando na dependência do imperialismo ianque, mediante uma política que leva à morte milhares de anciãos, jovens e filhos do povo.

Diante da profunda crise econômica, social e política que está atravessando nosso país, as distintas frações da burguesia, o imperialismo ianque e os diferentes setores imperialistas estão imersos em uma forte disputa que entre outras questões se expressa na conversibilidade, desvalorização ou dolarização, o caminho para solucionar a crise, ou seja, buscam a forma mais fácil para manter e, se possível, aumentar sua quota de lucros.

Assim como naquele momento apelaram aos militares para aplicar estes planos, não duvidam em apelar à repressão necessária para fazer calar a resistência popular, que custou várias vidas como a de Teresa Rodríguez e Victor Choque com Menem, e com somente 17 meses de governo da Aliança, as de Escobar e Ojeda em Ponte do Chaco e Corrientes e Veron em Salta.

A manutenção dos presos políticos, e de vários processos contra 2800 lutadores do povo, operários e população e as prisões de Emerenciano Senna, Emílio Ali e Raul Castells demonstram como a burguesia reprime e persegue sem obedecer os marcos de sua “democracia”.

Para continuar aplicando os planos dos monopólios e do imperialismo e descarregando a crise nas costas dos trabalhadores e do povo, De La Rúa chamou um suposto governo de Unidade Nacional, contando com a aprovação de Menem abertamente e pelos governadores peronistas com Ruckauf à frente. Está se produzindo uma quantidade impressionante de acordos, por cima, e não podemos descartar nenhuma variante de governo de coalizão, pois o PJ, A UCR e a Frepaso são o sustentáculo deste sistema de exploração.

Esta chamada democracia, não é outra coisa que a democracia dos ricos, a ditadura da burguesia contra os trabalhadores e está sustentada fundamentalmente sobre o sangue de nossos 30 mil desaparecidos, sobre as condições materiais geradas por crimes de guerra contra os trabalhadores e o povo desenvolvida pela ditadura militar em 1976. Estas políticas continuaram através dos governos da UCR de Alfonsin primeiro, o PJ de Menem e o apoio da imensa maioria dos dirigentes sindicais, mais tarde com a Aliança de De La Rúa e Alvares primeiro e agora com o Golpe de Estado mediante a Aliança de De La Rúa e Cavallo, contando sempre com a conivência dos governo provinciais.

A experiência concreta nos demonstra, aos trabalhadores e às massas populares, que não podemos confiar nestes políticos burgueses, sejam mais corruptos ou mais éticos, e muito menos neste regime eleitoral que só serve para de vez em quando elegermos nosso novo déspota. A burguesia não tem indigestão em burlar a vontade popular. Como um personagem nefasto como Cavallo, que obteve menos de 10% dos votos pode ter atribuições ilimitadas?

As medidas da burguesia sempre apontam para descarregar as crises sobre as costas dos trabalhadores, sempre são ilegítimas e fazem parte da ditadura de classe, mas agora é produto do desgaste de sua própria capacidade de conter as expectativas populares, que violentam a vontade majoritária do nosso povo em um nível superior, por isso é mais do que necessário denunciar com mais força que nunca a profunda ilegitimidade deste governo de unidade pró imperialismo.

Todas as medidas e planos que vêm deles têm como único objetivo satisfazer os lucros dos poderosos e descarregar os efeitos da crise nas costas dos trabalhadores.

Aos trabalhadores e ao povo a experiência nos mostra que qualquer das variantes da burguesia só significa mais sacrifícios e miséria. É impossível sair desta crise pagando a dívida externa e permitindo a sangria das riquezas que constroem os trabalhadores, em benefício das empresas privatizadas, dos monopólios e especuladores locais e estrangeiros.

Os revolucionários, não podemos crer no suicídio espontâneo do capitalismo e muito menos oferecer às massas receitas mágicas que nem sequer fazem cosquinhas aos inimigos de classe. Nós devemos nos preparar para longas e duras batalhas que os trabalhadores e o povo deveremos travar para sair desta situação.

Somente conquistando um novo poder, um poder operário e popular, sustentado e protagonizado por milhões organizados nos lugares de trabalho, estudo, habitação, marcará a destruição completa das atuais instituições deste estado repressor se poderá acabar com os atuais sofrimentos e frear esta política de fome, entreguista e reacionária e dar início ao caminho da construção de uma nova sociedade que satisfaça as demandas populares.

Há que derrotar este golpe de estado, esta política de fome, entrega e repressão, fora a ditadura dos monopólios e os ianques, fora De La Rúa, Cavallo e o FMI, da condução dos destinos de nossa pátria.

É necessário multiplicar a luta e a organização dos trabalhadores independentemente de todas as frações da burguesia; temos que unir de um lado as reivindicações das lutas dispersas por todo o território nacional, temos que construir um programa mínimo para o combate, que contenha as legítimas aspirações operárias e populares, sob o qual, ir unificando todos que realmente estejam dispostos a enfrentar esta política.

Devemos construir neste processo uma nova direção do movimento operário e popular, de caráter antiimperialista e revolucionário, que aponte para a resolução da situação que sofremos, que não é outra que o sistema de exploração capitalista vigente. Temos que levar adiante, em escala nacional, o caminho que mostraram o Santiaguenaço, o Cutralcazo, o Jujenaço, o Correntinaço e as manifestações de Tartagal e Mosconi em Salta.

Assembléias de Base, Intersindicais, Interempresas, Plenários, Coordenadorias, Autoconvocatórias, reuniões e todo os mecanismos de agrupamento operário e popular genuíno para dirigir a luta e passar por cima dos burocratas e traidores, dispostos a enfrentar o patronato e o estado dos capitalistas em todos os campos necessários.

Conclamamos a todos os trabalhadores, empregados ou desempregados, os camponeses pobres e sem terra, a todos os estudantes e a juventude sem futuro neste sistema, a intelectualidade comprometida com o povo, os índios, os homens e mulheres de nossa terra, as massas populares que se organizem em seus locais de trabalho, habitação ou estudo, levantando as melhores tradições de nosso povo para enfrentar e derrotar esta ditadura do imperialismo e dos monopólios.

Devemos lutar como lutam na Colômbia, Paraguai, Bolívia e assim como outros povos irmãos que derrubaram governos reacionários e corruptos como Carlos Andrés Peres, na Venezuela, Collor de Mello no Brasil, Bucaram e Mahuad no Equador, Suharto na Indo-nésia, Estrada nas Filipinas e construir instrumentos e planos de luta necessários para derrotar De La Rúa e o Golpe de Estado dos monopólios e do imperialismo, confiando apenas nas nossas próprias forças, com organização e luta decidida, apontando para um novo poder do proletariado e do povo para varrer o sistema e suas cicatrizes.




Basta de Ajuste Contra o Povo!
Fora a Ditadura das Multinacionais e dos Yankees!
Abaixo o Governo de Unidade dos Capitalista e o FMI!

Com Organização e Luta Construiremos um Novo Poder Operário e Popular!