Nossas tarefas neste 1º de Maio

Nossas tarefas neste 1º de Maio Jornal Inverta, Ed. 286 (17 a 24 de abril de 2001)

Nossas tarefas neste 1º de Maio 

Editorial

 

Camaradas, aproxima-se a data do 1º de Maio, que deverá ser comemorada por todos os trabalhadores em todo o mundo, e nós do Partido Comunista Marxista-Leninista do Brasil, diante deste fato, não podemos deixar de atuar, estimulando ao máximo para que os trabalhadores em nosso país participem deste evento da forma mais ampla, unitária e consciente, fazendo valer a nossa mais alta palavra-de-ordem marxista: “ Proletários de todos os países, uni-vos”. Neste sentido, torna-se uma tarefa imediata de nosso partido trabalhar pelo êxito do 1º de Maio.


Naturalmente, para o setor que atua no movimento sindical, tal chamamento não causa nenhum tipo de contratempo, pois já é um dado natural do processo de organização das comemorações do 1º de Maio pelas diversas centrais sindicais, em especial a Central Única dos Trabalhadores (CUT), mas, por outro lado, torna-se importante ressaltar que tal nível de mobilização não responde de forma revolucionária às inquietudes e ao dramático quadro em que vivem os trabalhadores em nosso país e no mundo. E neste aspecto, a presente orientação visa contribuir para que também os militantes, ligados ao movimento sindical, possam elevar ainda mais seu nível de atuação à condição revolucionária.


Deste modo, a presente orientação deve ser tomada como guia por todos os membros e simpatizantes de nosso partido. Partindo deste fato, a primeira questão que todo militante do partido deve levar em conta é que este 1º de Maio se realizará em uma conjuntura muito complexa para a luta dos trabalhadores em todo o mundo. Isto porque, se por um lado, as evidências de um período de crise revolucionária se apresentam em todos os fatos (crise econômica e política do capitalismo); por outro, a classe operária, ou mais precisamente, sua vanguarda organizada, os comunistas, ainda continuam vivendo uma baixa acentuada, dada a crise ideológica que passou a viver, mais diretamente, na década anterior, com a queda do campo socialista e a crise da União Soviética. Portanto, é necessária muita clareza para explicar aos trabalhadores, de forma simples e direta, a importância deste 1º de Maio dentro da conjuntura.


É importante considerar que, embora teoricamente o êxito de uma revolução dependa em larga medida do fator organizativo, do partido, isto não significa dizer que somente possamos participar ou desencadear uma revolução tendo por pressuposto a existência “ideal” de todas as condições subjetivas, logo a certeza da vitória. Na revolução, como na vida, onde dominam as relações sociais e humanas através das formas de que se reitera a luta de classes, nada mais pueril e anti-revolucionário se guiar por tal prisma. Marx foi um dos primeiros a combater tal concepção quando da análise em torno dos resultados da Comuna de Paris. Portanto, é importante considerar o verdadeiro papel que pode desempenhar as comemorações do 1º de Maio, do ponto de vista revolucionário, neste quadro político adverso para a classe trabalhadora em todo o mundo.


Obviamente não queremos dizer com isso que neste 1º de Maio, a exemplo do que fez a ALN (Aliança Libertadora Nacional), em 1968, iniciemos uma insurreição partindo-se da oposição somente aos governantes corruptos presentes no ato. Claro está que devido a este momento de baixa revolucionária, políticos demagogos usarão seus cabos eleitorais no movimento para posarem de “democráticos e progressistas”. Contudo, é possível desencadear uma oposição revolucionária aos pelegos, cabos eleitorais e políticos demagogos através da manifestação e protesto de hostilidade a estes em todos os atos e atividades de comemoração do 1º de Maio. É preciso, mais do que nunca, neste 1º de Maio, separar o Brasil dos operários, do Brasil dos burgueses. O 1º de Maio deve ser um ato onde a classe operária brasileira demonstre sua força e independência em relação à burguesia.


Mas elevar as comemorações do 1º de Maio a uma condição revolucionária não se resume, naturalmente, apenas ao protesto no interior destes atos; mas sobretudo lutar para que estas manifestações apontem em suas palavras-de-ordem para bandeiras e reivindicações unitárias, que possam unir toda a classe operária brasileira contra o centro de toda opressão e exploração de classe no país: o governo das oligarquias burguesas e sua política econômica neoliberal. Assim, deve-se lutar para que o conteúdo de unidade do 1º de Maio se expresse na adoção de palavras-de-ordem e bandeiras de luta, tais como a luta contra o desemprego, condensando-a na luta contra a terceirização, flexibilização e desregulamentação do trabalho, e na defesa intransigente da redução da jornada de trabalho para 36 horas semanais, das conquistas trabalhistas (principalmente a estabilidade do emprego, o FGTS e a Seguridade Social) e na luta pelo aumento real do salário mínimo; a estas bandeiras devem se unir as que derivam da luta contra a fome e que para além da luta contra o desemprego, chegam à luta pela terra e à formalização das relações de trabalho no campo, como o fim do trabalho infantil e do trabalho escravo ou semi-servil. Também devem se unir a este programa de lutas as necessidades do exército de reserva da classe operária dos grandes centros urbanos, tais como a luta pela moradia, previdência, saúde e educação públicas.


Tomando por base a plataforma de luta econômica e social acima, resta compreender que ela, se levada até as últimas conseqüências, chegará naturalmente à luta política pelo fim do governo das oligarquias burguesas, da política neoliberal e do sistema capitalista; neste processo torna-se evidente que a desgraça nacional - para além do Sr. Fernando Henrique Cardoso, FHC, e Cia - está no sistema econômico, social e político vigente, tendo por base a propriedade privada dos meios de produção e a exploração e opressão de classe. Portanto, a luta econômica à luta política e, nesta última, a luta ideológica, nos conduzem à luta prática por um governo revolucionário da classe operária e seus aliados (camponeses, sem-terra, profissionais liberais, desempregados e todos os setores massacrados pelo sistema) de transição para o socialismo. Diante disto, lutar para que o 1º de Maio se torne um instrumento a serviço da luta revolucionária, através da incorporação do mesmo das bandeiras de lutas acima, constitui elevar a luta econômica à condição de luta de classes; e a manifestação do 1º de Maio de dia de festa, em dia de luta.


Camaradas, nosso Partido Comunista Marxista-Leninista deve marcar sua presença neste processo de forma indelével. Para isso já está preparando uma edição exclusiva de nosso órgão central, dirigida à classe operária e ao proletariado em geral neste 1º de Maio. Portanto, para além de nosso trabalho pessoal na organização e mobilização do 1º de Maio, devemos empregar todos os esforços na divulgação das idéias revolucionárias – do marxismo revolucionário – marxismo-leninismo – no seio da classe operária e do proletariado em geral, onde quer que se faça presente (fábricas, bairros, favelas, escolas, igrejas, forças armadas, comércios, bancos, etc). Somente este trabalho árduo poderá contribuir para que as manifestações e lutas econômicas e políticas da classe operária se elevem à condição de luta de classes, luta revolucionária. A tarefa primordial de nosso partido é mais que tudo esta, pois assim como não se pode exigir garantias absolutas de vitória para se participar ou desencadear uma revolução, não se pode esperar por uma revolução vitoriosa sem que o Partido Comunista Marxista-Leninista se coloque na vanguarda teórica e prática deste processo. Afinal, as lições da revolução de 1848, na Alemanha, da Comuna de Paris, de 1871, da revolução de 1917 e tantos outros processos, em especial a experiência revolucionária latino-americana, nos fazem acreditar piamente nisto: sem partido revolucionário não há revolução vitoriosa.

 


Todos na luta pelo 1º de Maio revolucionário!

Viva a classe operária brasileira e seu Partido Comunista Marxista-Leninista!

Proletários de todos os países, uni-vos!


 

P. I. Bvila
pelo Órgão Central do PCML