Fala, Fundição Progresso!

Fala, Fundição Progresso!

Entrevista com Perfeito Fortuna
Presidente da Fundição Progresso


Em 89 eu me desentendi com o pessoal da Fundação Progresso, pois discordava da direção que estava sendo encaminhada, ou seja, queriam fazer um shopping cultural. O modelo do shopping era ser construído e depois ser vendido para os artistas por metros quadrados. Eu não achava isso legal, porque os artistas que conhecia não tinham dinheiro para comprar o metro quadrado, era muito mais fácil eles entrarem aqui e construir juntos. Depois eu voltei, entrei numa eleição e me elegi por 16 a 2, e fiquei sendo o presidente. E fui atrás para ver como isso daqui estava. Estava com dívidas do BNDES, com cento e poucos processos na Justiça, sendo tudo penhorado para pagar dívidas trabalhistas; o movimento estava fraco e com pouca gente trabalhando aqui. Agora as dívidas estão todas adequadas, os advogados estão acompanhando, negociamos com outros credores e hoje trabalham aqui na Fundição vinte e dois grupos, há mais ou menos 450 artistas, a Fundição é auto-sustentável, com o evento daqui pagamos toda luz, telefone e algumas obras; e hoje nós temos um alvará de funcionamento.



Fundição Progresso é um Movimento Cultural

Na verdade a Rio Previdência não é dona disso aqui. O Estado tem os terrenos, que na época a Fundição estava sendo derrubada para ser estacionamento da catedral. Quando eles vieram com essa conversa eu mandei perguntar quanto custava o terreno, eu não queria pagar aluguel, não. Eu disse que queríamos comprar o terreno, estavam com uma mesquinharia muito grande, para um movimento cultural. Temos um movimento, mas não de artistas consagrados a nível de Fernanda Montenegro, são artistas que trabalham com pesquisa, com o modelo popular, com os anônimos, gente que trabalha na periferia. Aqui a gente não é de governo, não é candidato, a gente tem uma história que a cidade sabe.

O governo do Estado diz que tem doze lotes disso aqui e o município tem dois; o município diz que tem oito e que disputa seis. Isto está em Brasília no Supremo Tribunal, porque são terrenos da antigo estado da Guanabara, ainda não está colocado quem é o titular. Então a gente tem concessão do Estado e do Município, do município temos até 2014, do estado temos até 2004. Estamos em conversa com a coordenadora de Cultura do Estado, Heleno Severo. Na verdade, a Secretaria do Estado só tem nos feito mal, se ela ficasse quieta e não nos ‘ajudasse’ seria maravilhoso. O Movimento cultural da Lapa quem está fazendo são os grupos. Em vez dele organizar o que está acontecendo, ele quer fazer outra coisa.”



Unidos, podemos mudar a situação

Devemos fazer uma reunião de quem já está fazendo, porque é agora é que tem gente de olho na Lapa, porque já tem um movimento muito grande aqui. O governo pode entrar, mas numa organização que a gente precise, que seja em função da nossa necessidade e não o que ele imagina e quer impor para nós. A gente tem que ter a consciência grande da importância, do valor e do poder de quem faz. E quem faz tem que se juntar”.