Atos por justiça para pesquisadora da USP, Bruna Oliveira da Silva, assassinada em São Paulo

No dia 25 de abril, foram organizados dois atos em repúdio ao assassinato da mestranda da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP).

No dia 25 de abril, foram organizados dois atos em repúdio ao assassinato da mestranda da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP).

Bruna, de 28 anos, foi morta no bairro de Itaquera, no dia 13/04/25 na Zona Leste da cidade, enquanto fazia a pé o caminho do metrô até sua casa. De acordo com sua mãe Simone, em fala no ato, as perícias indicaram que o assassino a asfixiou para roubar seu celular.

As mobilizações aconteceram para pressionar a Universidade de São Paulo à adotar uma posição firme frente à prefeitura e governo pelo melhor andamento das investigações e por medidas concretas no local do acontecido - localizado no distrito mais populoso da cidade e central no deslocamento de moradores e moradoras de um grande número de bairros do extremo da Zona Leste. Os atos organizados na Unidade Leste da USP e na Estação de Metrô Corinthians-Itaquera, depois do estarrecimento frente a quatro dias de desaparecimento de Bruna e depois de encontrado seu corpo com marcas de violência, buscaram responder com a luta o luto coletivo que tomou diversos setores da sociedade.

O Professor Doutor Reinaldo Pacheco, do Coletivo Territorialidades e Corporeidades e do Conselho Científico do CEPPES, foi docente de Bruna durante toda a sua graduação em Lazer e Turismo e seria seu futuro orientador no mestrado e representa a dor que toca os docentes de Bruna. Ele diz que estão todos consternados e lamenta termos perdido uma pessoa que se posicionava na pesquisa contra as injustiças sociais, uma companheira de ideias. Bruna pesquisava dois times de várzea de homens em situação de rua. O Professor também reitera que a execução sumária do assassino não significou justiça e que outras medidas devem ser tomadas.

Mortes violentas desse tipo refletem um drama constante da cidade mais rica da América Latina, que vive um contexto de autofagia dentro da própria classe trabalhadora, devido às condições de vida cada vez mais deterioradas, sendo cada vez mais comuns casos como esses de roubo seguido de morte dentro da própria periferia. Tudo isso é agravado com o descaso do poder público com os espaços periféricos. Por ser o contexto que possibilitou o ocorrido, um contexto comum para as mulheres trabalhadoras que estão vulneráveis à essa situação ao retornarem dos seus locais de trabalho, com as más condições de transporte, sem dinheiro para pegar um carro de aplicativo e expostas à todo tipo de violência de gênero, os atos foram marcados por reivindicações mais estruturais exortando que devemos nos organizar por uma nova forma de existir.

Camila Queiroz Milani