Para “Pepe” In Memoriam

Em 13 de maio de 2025, morreu um dos últimos comandantes vivos do Movimento de Libertação Nacional Tupamaro (MLN-T) do Uruguai. José “El Pepe” Mújica, membro do Comando Central Tupamaro, ex-refém da ditadura uruguaia, deputado e ex-presidente da República Oriental do Uruguai. Mas além desses títulos, o que mais era o “Pepe”, como os uruguaios e milhões de pessoas ao redor do mundo o chamavam carinhosamente?

“Una cosa es vivir porque se nació o vivir por una causa”

José “El Pepe” Mújica.

Em 13 de maio de 2025, morreu um dos últimos comandantes vivos do Movimento de Libertação Nacional Tupamaro (MLN-T) do Uruguai. José “El Pepe” Mújica, membro do Comando Central Tupamaro, ex-refém da ditadura uruguaia, deputado e ex-presidente da República Oriental do Uruguai. Mas além desses títulos, o que mais era o “Pepe”, como os uruguaios e milhões de pessoas ao redor do mundo o chamavam carinhosamente?

Nascido em Montevidéu, descendente de imigrantes europeus, concluiu o ensino fundamental, mas não concluiu o ensino médio nem teve estudos universitários, mas não os necessitou para lutar pela vida e o socialismo. Ele era pequeno agricultor por ocupação, político por ideal e sonhador por profissão.

Exemplo de vida, luta e temperança, o "Pepe" passou 15 anos na prisão, foi levado ao cárcere por 5 vezes, sendo que duas vezes conseguiu fugir. Foi um dos reféns escolhidos pela ditadura militar uruguaia para forçar ao MLN-T a reduzir suas operações militares dentro da organização. Enquanto a ditadura e as forças armadas pressionavam o povo uruguaio, "Pepe" e seus demais companheiros resistiam à tortura, à humilhação e ao abandono de um regime criminoso em total isolamento.

Em 1985, com a queda da ditadura, a possibilidade de construir mudanças por meios pacíficos foi novamente articulada dentro da estrutura da Frente Ampla, assim como a fundação do Movimento pelo Participação Popular (MPP) em 1989, uma estrutura política eleitoral nascida do seio do MLN-T, com a qual Tabaré Vásquez tornou-se presidente do Uruguai em 2005, e depois “PEPE” tornou-se o presidente eleito para o período 2010-2015.

As lições que o "Pepe" nos deixa são inúmeras, desde resiliência, luta e determinação até aprendizado sobre humildade, gentileza e agricultura em pequena escala. Não preciso de títulos grandiloquentes para ser visto. Ele sobreviveu a seis ferimentos à bala enquanto confrontava o aparato repressivo do estado burguês, desafiando o próprio establishment quando passou da luta armada para à política tradicional.

Ele nos ensinou, assim como Che, que o valor de um verdadeiro revolucionário é ser movido por grandes sentimentos de amor. Esses sentimentos o levaram a suavizar as crueldades dos militares criminosos da ditadura uruguaia, a suportar um tratamento mais humano, sem esquecer que eles mesmos foram os que o torturaram. Ele permitiu que passassem a velhice em prisão domiciliar, cumprindo a palavra do comandante sandinista Carlos Fonseca, que disse: "Implacáveis ​​no combate, generosos na vitória".

Mas acima de tudo, ele nos ensinou que devemos sonhar e viver para sonhar, como práxis de vida aplico a frase de Fusic "Por alegria vivi, por alegria fui à batalha, por alegria morro, que meu nome não esteja ligado à tristeza", e esse é o "Pepe", seu nome estará ligado à alegre rebelião dos jovens, à felicidade da resistência dos explorados e à boa aventurança da luta dos que nada têm. Seu nome é e será um farol de moral revolucionária que nos guia à conquista do poder popular.

Glória eterna a José “Pepe” Mújica

Redação Internacional