800 mil desempregados com racionamento de energia

O Presidente Nacional da CUT, João Felício, falou ao INVERTA sobre a crise de energia do país. Segundo João Felício, no mínimo cerca de 800 mil pessoas deverão ficar desempregadas por causa do racionamento de energia:

800 mil desempregados com racionamento de energia

Por: Bento Pereira



O Presidente Nacional da CUT, João Felício, falou ao INVERTA sobre a crise de energia do país. Segundo João Felício, no mínimo cerca de 800 mil pessoas deverão ficar desempregadas por causa do racionamento de energia:

“O governo federal estava esperando um crescimento econômico de 4,5%, mas pelos dados atuais, com o racionamento, o máximo que o país irá crescer será 3,5% em 2001. A maior preocupação da CUT é lutar pelo emprego e mostrar suas propostas para resolver o problema”, afirmou o Presidente da CUT, que traz algumas propostas da Central Sindical para resolver a crise do sistema elétrico nacional, como o fechamento do comércio aos domingos, a diminuição da jornada de trabalho, o fim das privatizações no setor energético e o imediato investimento do governo na infra-estrutura do sistema.

“Não está certo o governo afirmar que a culpa é de São Pedro. A culpa é da falta de investimentos ao longo de vários anos no sistema energético nacional. O governo preferiu tirar recursos para aplicar no pagamento da dívida externa”, afirmou o sindicalista.

João Felício disse que a CUT Nacional está preparando uma cartilha explicativa que será distribuída à população explicando os motivos da crise energética. “ As pessoas precisam saber o porquê de o Brasil estar neste estado crítico em matéria de energia e que agora necessita fazer um racionamento que irá afetar não somente os trabalhadores, mas toda a população do país que sofrerá um desconforto histórico.”

O sindicalista disse que a CUT prepara também uma série de atividades junto com outras entidades do movimento organizado: “A nossa central irá juntamente com outras entidades civis como a OAB, a ABI entrar na Justiça contra a sobretaxação sobre os consumidores, e estaremos em todos os recantos do país com a nossa força de mobilização sindical na qual cerca de 80% dos sindicatos ligados ao setor elétrico são filiados a CUT”, avisou João Felício.

Os maiores prejudicados pelas demissões serão os seguintes setores: Construção Civil e as indústrias de transformação, que necessitam do uso da energia de uma maneira intensiva. Pelos cálculos mais atuais esses números de cerca de 800 mil desempregados na força de trabalho do país, com o racionamento de energia, é que se levarmos em conta que com o crescimento de mais de 4% ao ano seriam criados cerca de 400 mil empregos e que além disso deverão ser cortados vários postos de trabalho, que segundo os economistas, deve girar em torno de 400 mil empregos, chegaremos a estes números de aumento do desemprego que dá cerca 1% da PEA (População Economicamente Ativa) do país que atualmente é de 70 milhões de trabalhadores.

O Presidente da Central Sindical reafirmou a redução da jornada de trabalho e a decretação de um feriado como alternativas ao racionamento: “Além da diminuição da jornada de trabalho sem redução do salário, uma das alternativas viáveis é a decretação pelo governo de mais um dia da semana como feriado neste período de emergência. Nós da CUT iremos chamar as falas as autoridades da República que estão dizendo bobagens sobre o racionamento de energia, como o Presidente da ANP (Agência Nacional de Petróleo) que anda dizendo besteiras na imprensa sobre a crise de energia”, concluiu.

O advogado do Procon, Hélio Trigo, afirmou que o órgão está pronto para dar assessoria jurídica aos consumidores que se sentirem lesados pelas sobretaxas ou cortes de energia pelas distribuidoras. Hélio Trigo disse que a OAB Nacional deverá entrar com uma ação no STF (Suprema Tribunal Federal) pedindo a inconstitucionalidade da Medida Provisória que cria o plano de racionamento de energia. Ele afirmou que as várias medidas que implementam os apagões ferem tanto o Código de Defesa do Consumidor como a Constituição Federal.